A flânerie de uma andarilha urbana
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n157230Resumen
Neste artigo analisa-se a relação entre a personagem Alice, de Quarenta dias – romance de Maria Valéria Rezende (2014b) –, e a cidade de Porto Alegre, pela qual ela deambula como uma flâneuse contemporânea. A personagem, na realidade, se autodenomina andarilha urbana, já que ela passa a ser uma habitante das ruas. A possibilidade da existência de uma flâneuse mulher é debatida com base nos escritos de Janet Wolff (1985), Griselda Pollock (1988) e Lauren Elkin (2016). Segundo Elkin (2016), a invisibilidade é uma característica fundamental para que alguém desempenhe a flânerie, o que seria inviável para uma mulher, que é sempre objeto do olhar masculino nas ruas. A personagem Alice, no entanto, percebe-se invisibilizada em função de sua idade, de sua origem nordestina e por se tornar uma pessoa em situação de rua ao longo desses quarenta dias. A narrativa também possibilita uma série de reflexões sobre as cidades contemporâneas e as formas de apropriação dos espaços urbanos pelas minorias.
Descargas
Citas
ACHUGAR, Hugo. “Culpas y memorias en las modernidades locales: balbuceos fragmentarios so pretexto de ‘el flâneur’ de Walter Benjamin”. Tonos Digital, n. 16, p. 1-17, 2008. Disponível em http://www.tonosdigital.es/ojs/index.php/tonos/article/view/239/181. Acesso em 26/07/2017. ISSN 1577-6921.
BAUMAN, Zygmunt. Vidas desperdiçadas. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
BAUMAN, Zygmunt. Confiança e medo na cidade. Tradução de Eliana Aguiar. Rio de Janeiro: Zahar, 2009. (E-book)
BENJAMIN, Walter. “O Flâneur”. In: BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas III. Tradução de João Carlos Martins Barbosa e Hemerson Alves Baptista. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 33-65.
BLISS, Robert. 10 Hours of Walking in NYC as a Woman. Nova Iorque, 2014. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=b1XGPvbWn0A. Acesso em 16/11/2017.
BRAIDOTTI, Rosi. “Diferença, diversidade e subjetividade nômade”. Tradução de Roberta Barbosa. Labrys – Estudos Feministas Labrys, Paris, Montreal, Brasília, n. 1-2, p. 1-16, 2002. Disponível em http://www.historiacultural.mpbnet.com.br/feminismo/Diferenca_Diversidade_e_Subjetividade_Nomade.pdf. Acesso em 15/08/2016. ISSN 1676-9651.
CANCLINI, Néstor. “Cidades e cidadãos imaginados pelos meios de comunicação”. Opinião Pública, Campinas, v. 8, n. 1, p. 40-53, mai. 2002. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/op/v8n1/14873.pdf. Acesso em 01/06/2019. ISSN 0104-6276. Doi: 10.1590/S0104-62762002000100003.
COMISIÓN INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS. Una mirada a la violencia contra personas LGBTI: comunicado à imprensa. Washington, n. 153, 2014. Disponível em http://www.oas.org/es/cidh/lgtbi/docs/Anexo-Registro-Violencia-LGBTI.pdf. Acesso em 16/05/2017.
DALCASTAGNÈ, Regina. “Sombras da cidade: o espaço na narrativa brasileira contemporânea”. Revista Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, Brasília, v. 21, p. 33-53, jan./jul. 2003. Disponível em http://repositorio.unb.br/handle/10482/9619. Acesso em 01/06/2019 Epub 01/01/2003. ISSN 2316-4018.
ELKIN, Lauren. Flâneuse: women walk the city in Paris, New York, Tokyo, Venice and London. New York: Farrar, Straus and Giroux, 2016. (E-book)
FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Visível e invisível: a vitimação de mulheres no Brasil. São Paulo, 2017. Disponível em http://www.forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2017/03/relatorio-pesquisa-vs4.pdf. Acesso em 16/05/2017.
GEORGE, Rosemary. The politics of home: postcolonial relocations and twentieth century fiction. Berkeley: University of California Press, 1996.
HARVEY, David. “A Liberdade da Cidade”. In: HARVEY, David; MARICATO, Ermínia et al. Cidades rebeldes: passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. São Paulo: Boitempo, 2013. p. 27- 34.
ITO, Carolina. “A cidade ideal das mulheres”. Revista Trip, São Paulo, 2017. Disponível em http://revistatrip.uol.com.br/tpm/arquitetura-e-planejamento-urbano-a-cidade-ideal-das-mulheres. Acesso em 10/05/2017. ISSN 1414-350x.
KOETZ, Vanessa. “Nas ruas e nas praças!”. In: KOETZ, Vanessa; MARQUES, Helena; CERQUEIRA, Jéssica (Orgs.). Direito à cidade: uma visão por gênero. São Paulo: Instituto Brasileiro de Direito Urbanístico, 2017. p. 72-77.
MADARIAGA, Inés. “Urbanismo con perspectiva de género”. Unidad de Igualdad y Género, Andalucía, módulo 4, p. 1-102, 2004. Disponível em https://www.juntadeandalucia.es/institutodelamujer/institutodelamujer/ugen/sites/default/files/documentos/98.pdf. Acesso em 01/06/2019.
MASSEY, Doreen. Space, place and gender. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2009.
MULVEY, Laura. “Visual pleasure and narrative cinema”. In: ERENS, Patricia (Ed.). Issues in feminist film criticism. Bloomington: Indiana University Press, 1990. p. 28-40.
PICCINI, Mabel. “Sobre a comunicação nas grandes cidades”. Opinião Pública, Campinas, v. 9, n. 2, p. 1-19, out. 2003. Disponível em https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/op/article/view/8641130/8641. Acesso em 26/07/2017. ISSN 0104-6276.
PINHEIRO, Leandro. “As periferias de Porto Alegre: suas pertenças, redes e astúcias. Bases para compreender seus saberes e dinâmicas éticas”. Instituto Humanitas Unisinos, São Leopoldo, 2016. (Entrevista concedida à Patricia Fachin). Disponível em http://www.ihu.unisinos.br/159-noticias/entrevistas/558958-periferias-de-porto-alegre-contingente-populacional-supera-o-de-muitascidades-gauchas-entrevista-especial-com-leandro-pinheiro. Acesso em 16/11/2017.
POLLOCK, Griselda. Vision and difference: femininity and the histories of art. London: Routledge, 1988.
PREFEITURA DE SÃO PAULO. Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano. “A mobilidade das mulheres na cidade de São Paulo”. In: SPECIE, Priscila; VANETI, Vitor; MOUALLEM, Pedro. Informes urbanos, São Paulo, n. 25, p. 1-7, 2016. Disponível em https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/Informes_Urbanos/INFORME%20MobSPMulher_rev.pdf. Acesso em 20/05/2017.
REZENDE, Maria Valéria. “Maria Valéria Rezende viveu na rua para escrever romance”. Estadão, São Paulo, 2014a. (Entrevista concedida à Maria Fernanda Rodrigues) Disponível em http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral, maria-valeria-rezende-viveu-na-rua-para-escreverromance,1161541. Acesso em 23/07/2017.
REZENDE, Maria Valéria. Quarenta dias. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014b.
SENNETT, Richard. O declínio do homem público: as tiranias da intimidade. Tradução de Lygia Araújo Watanabe. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
WOLFF, Janet. “The invisible flâneuse: women and the literature of modernity”. Theory, Culture & Society, v. 2, n. 3, p. 34-50, 1985.
WOOD, James. Como funciona a ficção. Tradução de Denise Bottmann. São Paulo: Cosac Naify, 2012.
WOOLF, Virginia. Um teto todo seu. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
La Revista Estudos Feministas está bajo licencia de la Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0) que permite compartir el trabajo con los debidos créditos de autoría y publicación inicial en este periódico.
La licencia permite:
Compartir (copiar y redistribuir el material en cualquier medio o formato) y/o adaptar (remezclar, transformar y crear a partir del material) para cualquier propósito, incluso comercial.
El licenciante no puede revocar estos derechos siempre que se cumplan los términos de la licencia. Los términos son los siguientes:
Atribución - se debe otorgar el crédito correspondiente, proporcionar un enlace a la licencia e indicar si se han realizado cambios. Esto se puede hacer de varias formas sin embargo sin implicar que el licenciador (o el licenciante) haya aprobado dicho uso.
Sin restricciones adicionales - no se puede aplicar términos legales o medidas de naturaleza tecnológica que restrinjan legalmente a otros de hacer algo que la licencia permita.