Quem habita o corpo trans?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n157698

Resumo

Neste artigo são comparados os discursos produzidos pelo movimento transfeminista, pela medicina e pela psicanálise, buscando pontos de encontro e de divergência em relação à questão do corpo em pessoas trans. Realizamos uma revisão bibliográfica através da Análise de Conteúdo de Laurence Bardin. As categorias que se destacaram foram: saúde/doença (medicina), autonomia (movimento transfeminista) e subjetividade (psicanálise). Os três discursos, articulados através dessas categorias, tornaram evidente a existência de diferentes sentidos atribuídos ao corpo, a partir da produção de verdades de cada um. O diálogo, necessário quando se trata de intervenções corporais, reivindicação de direitos ou compreensão do eventual sofrimento, pode ou não ocorrer, a depender do regime discursivo em que o sentido ao corpo é atribuído.

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Biografia do Autor

Patricia Porchat, Universidade Estadual Paulista (UNESP)-Câmpus de Bauru

Departamento de Psicologia - Faculdade de Ciências - Unesp/Bauru

Programa de Pós-Graduação em
Educação Sexual (Mestrado Profissionalizante) da UNESP/Araraquara

Área: psicanálise; gênero; teoria queer

Maria Caroline Ofsiany, Unesp/Bauru

Psicóloga. Membro do grupo de pesquisa NEEPSICA (Unesp/Bauru) e do GPS
(Laboratório Gênero, Psicanálise e Sexualidade). Participou dos projetos de extensão
Atenção à Diversidade (2015) e Clínica Psicanalítica II: estudos avançados (2017).
Realizou Iniciação Científica com bolsa Fapesp (2016/2017).

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Publicado

2020-06-05

Como Citar

Porchat, P., & Ofsiany, M. C. (2020). Quem habita o corpo trans?. Revista Estudos Feministas, 28(1). https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n157698

Edição

Seção

Artigos