Ficções porno-políticas do corpo (a partir) de Preciado
DOI:
https://doi.org/10.1590/1806-9584-2020v28n61544Resumen
Partindo dos escritos de Preciado, este artigo propõe uma problematização contradisciplinar das representações do corpo enquanto produto epistemológico e enquanto laboratório político. A primeira parte, dedicada ao tópico central do Manifesto contrassexual (plasticidade dos sexos e sexos de plástico), discute o sentido de Natureza e a ruptura epistemológica com o discurso sobre uma ordem natural que precede e constitui o humano. A segunda parte centra-se nas noções do corpo como laboratório, introduzidas em Testo yonki. Combinando ficção autopolítica, autoteoria e ensaio corporal, Testo yonki relata um protocolo de intoxicação voluntária à base de testosterona sintética. Essa experimentação corporal, que permite a Preciado ficcionar-se como hacker-sexual ou pirata-dosexo, apresenta-se como um meio de renovação do sentido de si. No seu conjunto, este artigo pretende contribuir para uma análise preciadista de Preciado, isto é, uma análise do sujeito (biografia) que é feita a partir das próprias categorias criadas pelo autor (bibliografia), fazendo de Preciado simultaneamente fonte e objeto de teorização. Trata-se, desse modo, de um ensaio biópico, no qual procuro explorar e combinar as dimensões de produção biográfica e bibliográfica de Preciado.
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