Convergênciais e dissonâncias entre Luhmann e Bourdieu: os limites operacionais dos conceitos anomia e autopoiesis
DOI:
https://doi.org/10.5007/2178-4582.2017v51n1p34Resumo
Este artigo identifica as principais convergências e dissonâncias metodológicas entre a Teoria dos Sistemas (Luhmann) e a Teoria da Prática (Bourdieu), valendo-se para isso de um contrastivo insight em seus conceitos-chave autopoiesis e anomia. Partindo das reflexões sociológicas-filosóficas de Christian Hartard (2010), o artigo examina criticamente o princípio da recursividade circular perpassando a concepção de sociogênese dos dois autores e o dilema da dupla hermenêutica deflagrado no discernimento emancipador do sujeito. Conclui-se que a recursividade inerente aos dois conceitos construtivista-generativista pressupõe a incorporação de elementos exógenos com capacidade transformatória das estruturas historicamente sedimentadas (Luhmann), respectivamente, dos corpos socializados (Bourdieu), através de processos de diferenciação e distinção, que ocorrem, contudo, dentro de estabelecidas restrições. Ambos autores pleiteiam pelo questionamento crítico do status quo interiorizado pelo sujeito, suscetível de restituir a capacidade de desmascarar as necessidades dóxicas da dupla contingência (Luhmann), respectivamente da legitimação hierárquica disfarçada (Bourdieu), ao observador da terceira ordem.Referências
BÜHL, W. L. Luhmanns Flucht in die Paradoxie. In: MERZ-BENZ, P.-U.; WAGNER, G. (Orgs.) Zur Kritik der systemtheoretischen Systemtheorie von Niklas Luhmann. Konstanz: Universitätsverlag, 2000, p. 225-256.
BOURDIEU, P. Entwurf einer Theorie der Praxis: auf der ethnologischen Grundlage der kabylischen Gesellschaft. Frankfurt a.M.: Suhrkamp, 1979, 493 p.
HARTARD, C. Differenz der Differenz. Luhmann und Bourdieu: Zwei Soziologen des Unterschieds. In: HARTARD, C. (Orgs.) Kunstautonomien. Luhmann und Bourdieu. München: Verlag Silke Schreiber, 2010, p. 1-69.
LUHMANN, N. Soziale Systeme. Grundriß einer allgemeinen Theorie. Frankfurt a.M.: Suhrkamp, 1987, 675 p.
LUHMANN, N. Die Gesellschaft der Gesellschaft. Frankfurt a.M.: Suhrkamp, 1998, 1164 p.
NEVES, C. E. B.; NEVES, F. M. O que há de complexo no mundo complexo? Niklas Luhmann e a Teoria dos Sistemas Sociais. Sociologia, Porto Alegre, v. 8, n. 15, jan/jun 2006, p. 182-207.
PETERS, G. O social entre o céu e o inferno. A antropologia filosófica de Pierre Bourdieu. Tempo Social Revista de Sociologia da USP, São Paulo, v. 24, n. 1, 2012, p. 229-261.
PETERS, G. Habitus, reflexividade e neo-objetivisimo na teoria da prática de Pierre Bourdieu. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 28, n. 83, outubro 2013, p. 47-71.
RECKWITZ, A. Kulturtheorie, Systemtheorie und das sozialtheoretische Muster der Innen-Außen-Differenz. Zeitschrift für Soziologie, Bielefeld, v. 26, n. 5, 1997, p. 317-336.
VANDENBERGHE, F. “O real é relacional”: uma análise epistemológica do estruturalismo gerativo de Pierre Bourdieu. Tradução de Gabriel Peters. Sociological Theory, v. 17, n. 1, 1999, p. 32-67.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
A aprovação dos textos implica a cessão imediata e sem ônus dos direitos de publicação na Revista de Ciências Humanas - UFSC, que terá a exclusividade de publicá-los em primeira mão. O autor continuará, não obstante, a deter os direitos autorais para publicações posteriores. No caso de republicação dos artigos em outros veículos, recomenda-se a menção à primeira publicação em Revista de Ciências Humanas.
Política de Acesso Livre – A RCH é publicada sob o modelo de acesso aberto sendo, portanto, livre para qualquer pessoa ler, baixar, copiar e divulgar.
Esta revista proporciona acesso público a todo seu conteúdo, seguindo o princípio de que tornar gratuito o acesso a pesquisas gera um maior intercâmbio global de conhecimento. Tal acesso está associado a um crescimento da leitura e citação do trabalho de um autor. Para maiores informações sobre esta abordagem, visite Public Knowledge Project, projeto que desenvolveu este sistema para melhorar a qualidade acadêmica e pública da pesquisa, distribuindo o OJS assim como outros software de apoio ao sistema de publicação de acesso público a fontes acadêmicas.
Todo o conteúdo deste periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons
.