Imaginação e conhecimento na escola para além da verdade científica

Autores

  • Marina Teixeira Mendes de Souza Costa Universidade de Brasília (UnB), Brasília/DF
  • Daniele Nunes Henrique Silva Universidade de Brasília (UnB), Brasília/DF
  • Eva Aparecida Pereira Seabra da Cruz Universidade de Brasília (UnB), Brasília/DF
  • Patrícia Lima Martins Pederiva Universidade de Brasília (UnB), Brasília/DF

DOI:

https://doi.org/10.5007/2178-4582.2017v51n1p56

Resumo

Tendo como base a perspectiva histórico-cultural, com destaque para a obra do psicólogo russo Lev Semionovich Vigotski, o presente artigo busca ampliar a reflexão teórica sobre as questões que envolvem a imaginação e o conhecimento na escola, problematizando alguns aspectos que se apresentam enraizados em nosso sistema educacional e que têm prejudicado a emergência dos processos criadores infantis. Na análise, propomos a problematização de três fatores interconectados, a saber: 1) a tradição positivista da escola; 2) a unidade compartimentalizada dos conteúdos escolares; e 3) o disciplinamento dos corpos. Notamos que, apesar dos muitos avanços e mudanças nas discussões acerca do tema e nas práticas pedagógicas contemporâneas, ainda temos um modelo de ensino que atrofia os processos de imaginar e criar na infância, trazendo prejuízos ao longo do desenvolvimento subjetivo.

Biografia do Autor

Marina Teixeira Mendes de Souza Costa, Universidade de Brasília (UnB), Brasília/DF

Doutoranda em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde, Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília. Professora da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (Educação Infantil e Séries Iniciais).

Daniele Nunes Henrique Silva, Universidade de Brasília (UnB), Brasília/DF

Professora Doutora do Programa de Pós-graduação em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde, Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento, Universidade de Brasília. Pesquisadora vinculada ao Grupo de Pesquisa Pensamento e Linguagem (GPPL/UNICAMP) e vice-líder do Grupo de Pesquisa Pensamento e Cultura (GPPCULT/UnB).

Eva Aparecida Pereira Seabra da Cruz, Universidade de Brasília (UnB), Brasília/DF

Pós-doutoranda em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde, Universidade de Brasília. Doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo. Bolsista Capes/PNPD no Programa de Pós-graduação PGPDS, Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília.

Patrícia Lima Martins Pederiva, Universidade de Brasília (UnB), Brasília/DF

Professora do Departamento de Métodos e Técnicas da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília e do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade de Brasília.  Líder do GEPPE – Grupo de Estudos e Pesquisas em Práticas Educativas.

Referências

ABRAMOVAY, M. Escolas inovadoras: experiências bem-sucedidas em escolas públicas. Brasília: UNESCO, Ministério da Educação, 2004.

ANDRÉ, C. Espaço inventado: o teatro pós-dramático na escola. Educação em Revista, Belo Horizonte, n. 48, p. 125-141, dez. 2008.

BERCITO, S. Corpos-máquinas: trabalhadores na produção industrial em São Paulo (décadas de 1930 e 1940). In: PRIORE, M. D.; AMANTINO, M. (Orgs.). História do corpo no Brasil. São Paulo: Unesp, 2011, p. 371-404.

BESSA, P.; MENDES, V. Conteúdo básico comum: ensino de arte em escolas públicas estaduais de Belo Horizonte/MG. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 28, n. 1, p. 313-342, mar. 2012.

CALVO, C. Propensión a aprender y desescolarización de la escuela. Logos: Revista de Lingüística, Filosofía y Literatura, v. 24, n. 1, p. 66-74, 2014.

CANDA, C.; BATISTA, C. Qual o lugar da arte no currículo escolar? R.cient./FAP, Curitiba, v. 4, n. 2, p. 107-119, jul. 2009.

COSTA, M. T. M. S.; SILVA, D. N. O corpo que escreve: considerações conceituais sobre a aquisição da escrita. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 17, n. 1, p. 55-62, jan./mar. 2012.

COSTA, M. T. M. S.; SILVA, D. N.; SOUZA, F. F. Corpo, atividades criadoras e letramento. São Paulo: Summus, 2013.

CRUZ, M. N. Imaginação, conhecimento e linguagem: uma análise de suas relações numa perspectiva histórico-cultural do desenvolvimento humano. 2002. Tese (Doutorado) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002.

CRUZ, M. N. O brincar na educação infantil e o desenvolvimento cultural da criança. In: SILVA, D.; ABREU, F. (Orgs.). Vamos brincar de quê? São Paulo: Summus, 2015, p. 67-89.

EÇA, T. Educação através da arte para um futuro sustentável. Cadernos CEDES, Campinas, v. 30, n. 80, p. 13-25, jan./abr. 2010.

FÁVERO, M. H. Psicologia e conhecimento: subsídios da psicologia do desenvolvimento para a análise de ensinar e aprender. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2005.

FOUCAULT, Michael. Vigiar e punir – nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 1999.

GALLO, S. Disciplinaridade e transversalidade. In: Linguagens, espaços e tempos no ensinar e aprender/Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino (ENDIPE). Rio de Janeiro: DP & A, 2001, p. 165-179.

GEEVERGHESE, M. A escola entra na roda. In: TUBES, E.; PRESTES, Z.; BARTHOLO, R. (Orgs.). De rodas, varejeiras e outros jeitos de aprender e ensinar. Rio de Janeiro: e-papers, 2016, p. 35-45.

GOMES, K.; NOGUEIRA, S. Ensino da arte na escola pública e aspectos da política educacional: contextos e perspectivas. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, Rio de Janeiro, v. 16, n. 61, p. 583-596, out./dez. 2008.

GONÇALVES, M. A. Sentir, pensar, agir: corporeidade e educação. Campinas, SP: Papirus, 2010.

GRAVATÁ, A. et al. Volta ao mundo em 13 escolas. São Paulo: Coletivo Educação, 2013. Disponível em: <http://educacaosec21.org.br/wp-content/uploads/2013/10/131015_Volta_ao_mundo_em_13_escolas.pdf>. Acesso em: nov. 2014.

ILLICH, I. Sociedade sem escolas. Petrópolis: Vozes, 1985. Disponível em: <https://we.riseup.net/assets/71202/illich-sociedade-sem-escolas.pdf>. Acesso em: out. 2014.

LEITE, M. I. A criança desenha ou o desenho criança? A ressignificação da expressão plástica de crianças e a discussão crítica do papel da escrita em seus desenhos. In: OSTETTO, L.; LEITE, M. I. (Orgs.). Arte, infância e formação de professores. 5. ed. Campinas, SP: Papirus, 2004, p. 61-77.

LÖWY, M. As aventuras de Karl Marx contra o Barão de Munchhausen: Marxismo e Positivismo na sociologia do conhecimento. São Paulo: Busca Vida, 1987.

LÖWY, M. Ideologias e ciências sociais: elementos para uma análise marxista. São Paulo: Cortez, 2003.

MACHADO, R. Introdução. In: FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2011, p. VII-XXIII.

MAGALHÃES, C.; PONTES, F. Criação e manutenção de brinquedotecas: reflexões acerca do desenvolvimento de parcerias. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 15, n. 1, p. 235-242, 2002.

MAGIOLINO, L. A significação das emoções no processo de organização dramática do psiquismo e de constituição social do sujeito. Psicologia e Sociedade, v. 26, n. spe. 2, p. 48-59, 2014.

MORGADO, J. C. Democratizar a escola através do currículo: em busca de uma nova utopia... Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 21, n. 80, p. 433-448, jul./set. 2013.

PRADO FILHO, K.; TRISOTTO, S. O corpo problematizado de uma perspectiva histórico-política. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 13, n. 1, p. 115-121, jan./mar. 2008.

PUPO, M. L. Mediação artística, uma tessitura em processo. Urdimento – Revista de Estudos em Artes Cênicas, v. 2, n. 17, p. 113-121, 2011.

SANTOS, P.; RAMOS, A. P. Currículo, conhecimento e democratização: fluxos de sentido na Educação Básica. Espaço do currículo, v. 6, n. 1, p. 157-170, jan./abr. 2013.

SCHWEDE, G.; ZANELLA, A. V. Olhares de crianças a relevar a polifonia da cidade. Psico-USF, v. 18, p. 395-406, 2013.

SILVA, D. Imaginação, criança e escola. São Paulo: Summus, 2012.

SILVA, D.; COSTA, M.; ABREU, F. Imaginação no faz de conta: o corpo que brinca. In: SILVA, D.; ABREU, F. Vamos brincar de quê? São Paulo: Summus, 2015, p. 111-131.

SILVA, D. N. H.; TEJERINA, J. C.; BARBATO, S. La imaginación creadora: aspectos histórico-genealógicos para la reconsideración de una psicología de la actividad y la mediación estética. Estudios de Psicología, v. 31, p. 253-277, 2010.

SILVA, J. C. Utopia positivista e a instrução pública no Brasil. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n. 16, p. 10-16, dez. 2004. Disponível em: <http://www.histedbr.fe.unicamp.br/revista/revis/revis16/art2_16.pdf>. Acesso em: jan. 2015.

SILVA, L.; GUIMARÃES, A.; VIEIRA, C. E.; FRANCK, L.; HIPPERT, M. I. O brincar como portador de significados e práticas sociais. Revista do Departamento de Psicologia UFF, v. 17, n. 2, p. 77-87, 2005.

SOARES, C. L. Imagens da educação no corpo: estudo a partir da ginástica francesa no século XIX. Campinas, SP: Autores Associados, 2002.

SOARES, C. L. Corpo, conhecimento e educação: notas esparsas. In: SOARES, C. L. (Org.). Corpo e história. Campinas, SP: Autores Associados, 2006, p. 109-129.

SOUZA, F. O corpo dança: con(tra)dições e possibilidades de sujeitos afásicos. 2001. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, 2001.

TIRIBA, L. Proposta pedagógica. In: O corpo na escola. Salto para o futuro. Ano XVIII, boletim 04. TV Escola, 2008.

TONET, I. Método científico: uma abordagem ontológica. São Paulo: Instituto Lukács, 2013.

TONET, I. Atividades educativas emancipadoras. In: Rev. Práxis Educativa. Vol. 9, n. 1, 2014.

TUNES, E. O silêncio ou a profanação do outro. In: TUNES, E. (Org.). Sem escola, sem documento. Rio de Janeiro: e-papers, v. 1, 2011, p. 15-29.

UGARTE, M. C. D. O corpo utilitário: da revolução industrial à revolução da informação. In: IX Simpósio Internacional Processo Civilizador: Tecnologia e Civilização, 2005, Ponta Grossa. Anais... Ponta Grossa, 2005.

VIGOTSKI, L. S. Psicologia da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

VIGOTSKI, L. S. Psicologia pedagógica. São Paulo: Artmed, 2003.

VIGOTSKI, L. S. Imaginação e criação na infância. São Paulo: Ática, 2009.

Downloads

Publicado

2017-11-16

Edição

Seção

Artigos