Problematizações das práticas de promoção da saúde a partir do biopoder

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2178-4582.2019.e39080

Resumo

Este artigo aborda a emergência da promoção de saúde como dispositivo de biopoder, que opera pela medicalização da população, pela educação em saúde, pela economia política e pela segurança. O texto é fruto de um recorte de parte de uma pesquisa histórica e documental, realizada como Tese de Doutorado em Psicologia. Os estudos de Michel Foucault a respeito do biopoder nos auxiliaram a analisar as práticas de promoção de saúde, em seus efeitos de saber e de poder, em um entrecruzamento de forças múltiplas. A prevenção e a promoção de saúde colocam os corpos em uma condição de controle minucioso e totalizante das condutas, compondo um dispositivo. Concluímos, afirmando que a salvação da saúde passa a ser uma verdadeira religião, na atualidade, em um crescente mercado de consumo de tecnologias sociais, com o empresariamento da vida, no neoliberalismo.

Biografia do Autor

Flávia Cristina Silveira Lemos, Universidade Federal do Pará, Belém/PA, Brasil

Psicóloga/UNESP. Mestre em Psicologia Social/UNESP. Doutora em História/UNESP. Bolsista de produtividade em pesquisa CNPQ2. Profa. adjunta IV de psicologia social/UFPA.

Ana Lopes, Universidade Federal do Sul de Santa Catarina, Florianópolis/SC, Brasil

Psicóloga/UFSC. Mestre em Psicologia/UFSC. Doutora em Psicologia/UFSC. Professora de Psicologia na Universidade do Sul de Santa Catarina, Florianópolis/SC, Brasil.

Dolores Galindo, Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá/MT, Brasil

Psicóloga/UFPE. Mestre e Doutora em Psicologia Social/PUC-SP. Professora adjunta IV em Psicologia Social/UFMT.

Kleber Prado Filho, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis/SC, Brasil

Psicólogo/UFMG. Doutor em sociologia/USP. Professor de Psicologia/UFSC.

Rachel Siqueira Dias, Universidade Federal do Pará, Belém/PA, Brasil

Psicóloga. Mestranda em Psicologia/UFPA.

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Publicado

2019-12-16

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Artigos