Reflexões feministas sobre escuta e democracia: experiências das mulheres na construção de paz na Colômbia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2178-4582.2019.e67215

Resumo

A assinatura do termo de compromisso para o término do conflito armado na Colômbia no ano de 2012, significou um importante avanço na tentativa de criar uma paz mais inclusiva e duradoura que reconhecesse o lugar das experiências individuais no processo de paz no país. O presente artigo busca compreender a participação dos movimentos de mulheres e feministas ao longo do processo de paz na Colômbia (2012-2016), a partir de discussões presentes na teoria democrática contemporânea. Por meio de uma abordagem feminista, realizamos uma etnografia de documentos produzidos sobre as conferências e fóruns de vítimas, que contaram com uma intensa participação de mulheres, tentando compreender as contribuições dos movimentos para a construção democrática na Colômbia. Como resultado, percebemos que a participação das mulheres em espaços de deliberação, contribuiu para a ampliação da compreensão do conflito e possibilitou a incorporação de demandas diferenciadas no documento final.

 

Biografia do Autor

Pedro Barbabela, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte/MG, Brasil

Mestrando em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (PPGCP/UFMG). Pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre a Mulher (NEPEM/UFMG) e do Centro do Interesse Feminista e de Gênero (CIFG/UFMG). Analista de Pesquisa na TODXS Núcleo (http://nucleo.todxs.org). Bacharel em Relações Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), com período sanduíche na Universidade do Porto, em Portugal, onde estudou Línguas e Relações Internacionais.

Yulieth Martínez Villalba, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte/MG, Brasil

Mestranda em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (PPGCP/UFMG), Especialista em Epistemologias do Sul pelo Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO) e o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Profissional de Negócios Internacionais pela Universidad del Magdalena da Colômbia (Unimag), com período sanduíche na Universidade Estatal Paulista “Júlio de Mesquita Filho” no Brasil. Pesquisadora da Rede Interinstitucional de Política Externa e Regime Político (RIPPERP) e do Grupo de Pesquisa em Conflicto y Relaciones Internacionales

Referências

ABCOLOMBIA. Colombia: Mujeres, Violencia Sexual en el Conflicto y El Proceso de Paz. Londres, Inglaterra. 2013.

ACEVEDO ARANGO, O. F. El corazón de las víctimas. aportes a la verdad y la reconciliación para Colombia. Comisión de Conciliación Nacional. Bogotá, 2017.

ALVAREZ, Sonia E. Para além da sociedade civil: reflexões sobre o campo feminista. Cad. Pagu, Campinas, n. 43, p. 13-56, 2014.

BICKFORD, S. The Dissonance of Democracy: Listening, Conflict, and Citizenship. New York: Cornell University, 1996.

BIROLI, Flávia. Redefinições do público e do privado no debate feminista: identidades, desigualdades e democracia. In: MIGUEL, Luis Felipe (org.). Desigualdades e Democracia: o debate da teoria política. São Paulo: Editora Unesp, 2016.

BLACK, Laura W.. Deliberation, Storytelling, and Dialogic Moments. Communication Theory 18, 2008.

BRETT, Roddy. LA VOZ DE LAS VICTIMAS EN LA NEGOCIACIÓN: sistematizacion de una experiencia. Programa de las Naciones Unidas para el Desarrollo, 2017.

BOSWELL, John. Why and how narrative matters in deliberative system? Political Studies, vol. 61, 3: pp. 620-636. 2012.

BUTLER, Judith. Corpos em aliança e a política das ruas. RJ: Civilização Brasileira, 2018.

CALBET, Néstor. La violencia sexual en Colombia, mujeres víctimas e constructoras de paz. Institut de Drets Humans de Catalunya, Barcelona, 2018.

COHEN, J. Procedure and substance in deliberative democracy. In: BOHMAN, J. (ed). Deliberative democracy: Essays on reason and politics, 1997, vol. 407.

CORREAL, Diana Marcela Gómez. Mujeres, género y el Acuerdo de la Habana. Lasa Fórum. Vol. XLVIII, issue 1:2017.

DEPARTAMENTO ADMINISTRATIVO NACIONAL DE ESTATÍSTICA -DANE-. Censo 2018: ¿Cuanto somos?. Disponível em: < https://www.dane.gov.co/index.php/estadisticas-por-tema/demografia-y-poblacion/censo-nacional-de-poblacion-y-vivenda-2018/cuantos-somos>. Acesso em: 16 de dezembro de 2018.

DOBSON, A. Listening for Democracy- Recognition, Representation, Reconciliation. New York: Oxford University Press, 2014.

DRYZEK, J. S. Democratization as deliberative capacity building. Comparative political studies, 2009, vol. 42, no 11, p. 1379-1402.

DELEGADOS DO GOVERNO NACIONAL DA COLÔMBIA E DAS FARC-EP. Acordo Geral para a Terminação do Conflito e a Construção de uma Paz Estável e Douradora, 2012.

DELEGADOS DO GOVERNO NACIONAL DA COLÔMBIA E DAS FARC-EP. Comunicado Conjunto No. 37: “Declaração de princípios para a Discussão do ponto 5 da Agenda: Vítimas”, 2014.

DELEGADOS DO GOVERNO NACIONAL DA COLÔMBIA E DAS FARC-EP. Acuerdo final para la terminación del conflicto y la construcción de una paz estable y duradera. Gobierno Nacional de Colombia, 2016.

HUMANAS COLOMBIA. Vivencias, aportes y reconocimiento: Las mujeres en el proceso de paz en la habana. Corporación Humanas. Bogotá, 2017.

HUMANAS COLOMBIA. Cinco claves para un tratamiento diferenciado de la violencia sexual: corto animado. 2016. 3:38. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?reload=9&v=ECT2QrQ3lFI >. Acesso em: 20 jul. 2018.

HUMANAS COLOMBIA, CORPORACIÓN SISMA MUJER, RED NACIONAL DE

MUJERES. Cinco claves para un tratamiento diferencial de la violencia sexual en los acuerdos sobre la justicia transicional en el proceso de paz. 2016. Disponível em:<http://www.humanas.org.co/archivos/Cinco_claves__de_la_violencia_sexual_en_los_acuerdos_sobre_justicia_transicional-resumenejecutivol.pdf >. Acesso em: 10 jul. 2018.

KNUDSEN, Julie Marie. Sexual violence in the Colombian armed conflict Access to justice for women victims of sexual violence. (Dissertação de Mestrado). Dinamarca: Aalborg Universitet, 2016.

KRAUSE, Sharon R.. Civil Passions: Moral Sentiment and Democratic Deliberation. Princeton, NJ: Princeton University Press, 2008.

MANSBRIDGE, Jane. Feminism and democracy. In: Philips, Anne. Feminism and Politics. NY: Oxford University Press, 1998.

MATOS, Marlise. A Quarta onda feminista e o Campo crítico-emancipatório das diferenças no Brasil: entre a destradicionalização social e o neoconservadorismo político.In: Anais 38º Encontro Anual da ANPOCS. 2014.

MATOS, Marlise. Movimento e Teoria Feminista: É possível reconstruir a teoria feminista a partir do Sul Global? Revista de Sociologia e Política, v. 18, nº 36: 67-92, jun. 2010.

MATOS, Marlise; PARADIS, Clarissa Goulart. Desafios à despatriarcalização do Estado brasileiro. Cadernos Pagu (43), 57-118, 2014.

MENDONÇA, Ricardo Fabrino; SANTOS, D. B. A cooperação na deliberação pública: um estudo de caso sobre o referendo acerca da proibição da comercialização de armas de fogo no Brasil. Dados (Rio de Janeiro), v. 52, n.2, p. 507-542, 2009.

MENDONÇA, R. F. Antes de Habermas, para além de Habermas: uma abordagem pragmatista da democracia deliberativa. Sociedade e Estado, 2016, vol. 31, no 3, p. 741-768.

PINTO, Celi. Uma história do feminismo no Brasil. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2003.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Resolução 2005/ 35: princípios básicos e diretrizes sobre o direito das vítimas de graves violações dos padrões internacionais de direitos humanos e graves violações do Direito Internacional Humanitário, 2005.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS; UNIVERSIDAD NACIONAL DE COLOMBIA. Informe y Balance General - Foros Nacional y Regionales sobre víctimas. Impresol Ediciones: Colômbia, 2014.

ONU MUJERES. 100 medidas que incorporan la perspectiva de género en el acuerdo de paz en colombia. Organização das Nações Unidas: Colômbia, 2017.

PEARCE, Jenny. Power and the Activist. Development, v. 55, n. 2, p. 198-200, 2012.

PEREZ, V. B. Procesos de Paz en Colombia. Fundación Paz y Reconciliación. 2018. Disponível em: < https://pares.com.co/2019/01/04/procesos-de-paz-en-colombia/https://pares.com.co/2018/04/17/procesos-de-paz-en-colombia/>. Acesso em: 14 de dezembro de 2018.

POLLETTA, F.; LEE, J. Is telling stories good for democracy? Rhetoric in public deliberation after 9/11. American Sociological Review, 2006, vol. 71, no 5, p. 699-721.

RYFE, David M.. Narrative and Deliberation in Small Group Forums. Journal of Applied Communication Research 34, 2006.

STEINER, J.; JARAMILLO, M. C.; MAIA, R.; MAMELI, S. Deliberation across deeply divided societies. Cambridge University Press, 2017.

UNIDAD DE VÍCTIMAS. Registro Nacional de Víctimas. Disponível em:< https://cifras.unidadvictimas.gov.co/Home/General?vvg=1>. Acesso em: 16 de dezembro de 2018.

UNIVERSIDAD NACIONAL DE COLOMBIA; CONFERENCIA EPISCOPAL DE COLOMBIA; NACIONES UNIDAS EM COLOMBIA. Balance de los organizadores al término de las visitas de las víctimas a La Habana, 2014.

URIBE CELIS, C. ¿Regeneración o catástrofe? (1886-1930). In: RODRÍGUEZ, L. E. et al. História de Colombia: todo lo que hay que saber, Grupo Santillana SA, Bogotá, 2011.

VIANNA, Adriana. Etnografando documentos: uma antropóloga em meio a processos judiciais. In: CASTILHO, Sérgio R. R.; LIMA, Antonio C. S.; TEIXEIRA, Carla C. (orgs.). Antropologia das Práticas de poder: reflexões etnográficas entre burocratas, elites e corporações. Rio de Janeiro: Contra capa, 2014.

YOUNG, I. M. Communication and the other: Beyond deliberative democracy. Democracy and difference: Contesting the boundaries of the political, 1996, vol. 31, p. 120-135.

WORLD INEQUALITY DATABASE. Top 1% national income share. Disponível em: < https://wid.world/world#sptinc_p99p100_z/US;FR;DE;CN;ZA;GB;WO;CO/last/eu/k/p/yearly/s/false/4.8255/30/curve/false/country >. Acesso em: 12 de dezembro de 2018.

Downloads

Publicado

2020-07-08

Edição

Seção

Artigos