Intermidialidade em O Ídolo (2021), de Pedro Varela, inspirado num argumento para cinema de Fernando Pessoa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1807-9288.2024.e101959

Palavras-chave:

Fernando Pessoa, Intermidialidade, Cinema, Publicidade

Resumo

O artigo analisa o curta-metragem O Ídolo (2021), dirigido por Pedro Varela e baseado em um argumento cinematográfico de Fernando Pessoa da década de 1920, sob a perspectiva dos estudos de intermidialidade propostos por Rajewsky (2012) e Clüver (1997; 2011). Embora o filme possa ser inicialmente considerado um exemplo tradicional de transposição midiática, a análise é complexificada pelo caráter inter e intratextual inerentes à obra pessoana. Além disso, o fato de O Ídolo ser um projeto publicitário, produzido para promover um modelo de celular da marca Samsung e divulgado predominantemente no ambiente digital, exponencia o caráter intermidial da produção. São apresentadas três possíveis camadas de análise que levam em conta a relação contraditória de Pessoa com o cinema, a tradição editorial que deu a conhecer os argumentos fílmicos do autor, todos eles não publicados em vida, e a exploração da imagem de Pessoa para fins comerciais. Conclui-se que a multifacetada obra pessoana, combinada com seu uso póstumo em campanhas publicitárias, oferece um vasto campo para releituras e transposições, amplificadas pela intermidialidade dos meios digitais.

Biografia do Autor

Taynnã de Camargo Santos, Universidade do Minho

Doutorando no programa de Modernidades Comparadas na Universidade do Minho, onde desenvolve a tese Um catálogo de monstros — os animais em Fernando Pessoa. É mestre em Literaturas de Língua Portuguesa pela mesma universidade com a dissertação Além da Curva da Estrada: metáforas de vida e morte na poesia de Alberto Caeiro e Fernando Pessoa-ortónimo. Licenciado em Comunicação Social pela Faculdade Cásper Líbero
(2007) e pós-graduado em Globalização e Cultura pela FESPSP (2012). É cofundador do coletivo literário Sinestéticas e coeditor da revista digital Agagê 80 e da antologia Posfácios (Urutau, 2021).

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Publicado

2024-12-17