O real-naturalismo na literatura pelo viés da Leitura Distante: um estudo do corpus OBras
DOI:
https://doi.org/10.5007/1807-9288.2023.e95297Palavras-chave:
Leitura distante, Literatura brasileira., Real-naturalismoResumo
Este artigo apresenta uma metodologia com recursos computacionais para a investigação de textos literários. Somado a esse fator, analisamos aspectos da construção de sentido de palavras ditas sintomáticas, conforme pontua Domício Proença Filho (1995), em obras realistas e naturalistas da literatura brasileira. Tais produções literárias estão disponíveis no corpus OBras, que é composto por um vasto conjunto de narrativas em domínio público (LINGUATECA, 2008). Nesse sentido, observamos o que o crítico literário supracitado afirma ao analisar o romance O mulato, na concepção do estudioso, os substantivos, os verbos e os adjetivos, nessa obra, são palavras sintomáticas, uma vez que criam, no leitor, uma ambiência sugestiva. Tal constatação serve para que o crítico faça um levantamento acerca do Real-Naturalismo brasileiro, em que, segundo ele, os autores transmitiam os aspectos negativos da sociedade em suas obras (PROENÇA FILHO, 1995). Para tanto, nesse estudo, buscou-se uma base teórica pautada nas Humanidades Digitais, com enfoque no que se tem chamado de Leitura distante (MORETTI, 2008). As Humanidades Digitais dizem respeito à transversalidade das áreas do conhecimento e das representações sociais comunitárias dentro do espaço eletrônico digital (PEREIRA, 2015) e a leitura distante diz respeito a um conceito que propõe a junção entre a computação e dados literários. Além da crítica de Moretti (2008), o nosso trabalho fundamenta-se nas acepções de Underwood (2017), Wolfreys (2009), Bastos (2019), Almeida (2019), Alves (2019), Rocha (2019), Ogiboski (2012), Higuchi (2021), Silva (2021), Santos (2019) e Hockey (2018).
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