Saber total ou retorno ao obscurantismo? O papel do segredo nas comunicações digitais
DOI:
https://doi.org/10.5007/1807-9288.2020v16n2p61Resumen
Esse trabalho propõe-se refletir sobre as consequências que a vontade de informação plena acarreta aos imaginários através da digitalização das comunicações sociais. A potencialidade interativa das redes sociais traria uma virtual fragmentação do poder, subvertendo-se ordens secularmente estabelecidas. O ideal democrático da transparência teria um aliado na facilidade técnica do acesso a bancos de modo a se concretizar o direito à informação pública. Num mundo em que as sombras parecem ter sido eliminadas, nossa atenção crítica é solicitada a examinar as questões do imaginário, do mistério e do segredo face à circulação das informações nas comunicações digitais durante as eleições presidências brasileiras em 2018. Para tanto, parte-se da heurística afiliada à Teoria Geral do Imaginário (DURAND) e utiliza-se a metodologia filosófica (FOLSCHEID & WUNENBURGER), buscando os paradoxos da problemática, trabalhando com a oposição entre as doutrinas e explorando os sentidos diferentes no interior de uma mesma noção. Conclui-se que as práticas comunicacionais no contexto das eleições brasileiras em 2018 apresentam traços de sobrevivência do mito às custas de um processo degenerativo em que se transpõem para o tempo histórico características como a ruptura com a duração, o totemismo e o milenarismo. A comunicação interpessoal contradiz a alegada iluminação da disponibilidade universal de informações na internet, constituindo zonas de sombra protetivas nas quais ideias que normalmente sofreriam imediata oposição crescem e se fortalecem antes de se institucionalizarem.
Citas
BACHELARD, G. Estudos. Rio de Janeiro: Contraponto, 2008.
BARTHES, R. Mitologias. Rio de Janeiro: Bertrand Editores, 1999.
COELHO, T. Introdução à teoria da informação estética. Petrópolis: Vozes, 1973.
DURAND, G. Les structures anthropologiques de l'imaginaire. Paris: Dunod, 2016.
DURAND, G. Introduction à la mythodologie: mythes et sociétés. Paris, Albin Michel, 1996.
ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano: a essência das religiões. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
FOLSCHEID, D.; WUNENBURGER, J.-J. Metodologia filosófica. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
LÉVY-STRAUSS, C. Tristes trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
SIMMEL, G. A sociologia do segredo e das sociedades secretas. Revista de Ciências Humanas, Florianópolis, EDUFSC, v. 43, n. 1, p. 219-242, abril de 2009. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/revistacfh/article/download/13961/12792. Acesso em: 25 mai. 2018.
SUNSTEIN, C. Echo Chambers. Princeton: Princeton University Press, 2001.
WUNENBURGER, J.-J. A razão contraditória - ciências e filosofias modernas: o pensamento complexo. Lisboa: Instituto Piaget, 1990.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2020 Ana Taís Martins
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- A licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional permite a cópia e a redistribuição do material em qualquer suporte ou formato, assim como adaptações, para quaisquer fins, inclusive comerciais.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.