Dois modos de construção da posição sujeito-leitor: uma análise discursiva da linguagem jornalística dos jornais Diário Catarinense e Hora de Santa Catarina

Resumo

Analisamos, com base na Análise do Discurso de corrente francesa, como os jornais Diário Catarinense e Hora de Santa Catarina produzem distintas posições de sujeito-leitor. A justificativa deste artigo baseia-se no fato de os dois jornais serem produtos de uma mesma empresa de comunicação. Partiu-se da hipótese de que haveria, no mercado, dois perfis de leitores, assim, os dois produtos não competiriam entre si, mas complementar-se-iam na cobertura de uma região de leitura. A leitura, aqui, é tratada como um processo de produção de efeitos de sentido. Para isso, pautamo-nos no pensamento de Orlandi, acerca da concepção de leitura, bem como a distinção entre leitor real e leitor virtual. Apresentamos, também, as pistas contidas nos enunciados, cujas inferências são indispensáveis para a apreensão do dito e do não dito que, por meio de uma análise comparativa, serviu para a compreensão da produção de diferentes posições de sujeito-leitor. A análise aponta que os jornais DC e Hora apresentam características semelhantes quanto ao processo de veiculação de suas informações. No entanto cada veículo se relaciona com seu público alvo de maneiras distintas através do uso da linguagem e no modo de produção de textos noticiosos. Isso acarreta na construção de diferentes posições desses leitores em relação às informações transmitidas, pois se valendo de estratégias enunciativas esses jornais marcam, ideologicamente, os leitores do DC como sendo mais letrados em relação aos do Hora.