A aerodinâmica das consoantes nasais [m] e [n] do português brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8420.2018v19n1p18

Resumo

Este estudo tem como objetivo uma caracterização aerodinâmica das consoantes nasais [m] e [n] do português brasileiro, com o uso de tecnologias computadorizadas e coleta simultânea de dados acústicos e aerodinâmicos, em uma perspectiva dinâmica de produção da fala. As gravações envolveram cinco adultos, com idades entre 25 e 52 anos, três do sexo feminino e dois do sexo masculino. O corpus incluiu 20 logatomas em frases-veículo, variando o contexto de tonicidade e o da vogal precedente. Os dados de fala foram coletados por meio da Estação EVA (Evaluation Vocale Assistée) e do piezoelétrico. Dos dados advindos da Estação EVA, foram investigadas configurações de curvas de fluxo aéreo oral (FAO) e de fluxo aéreo nasal (FAN); e dos dados advindos do piezoelétrico, foram analisados valores das curvas de FAN. Os resultados indicaram, para ambos os sexos, semelhanças entre as consoantes [m] e [n]: muito baixa amplitude nas curvas de FAO, indicando oclusão na passagem de ar pela cavidade oral; e curvas de FAN com configuração plana em sua extensão e com maior amplitude em relação às vogais adjacentes. Assim, o comportamento aerodinâmico do FAN na produção das consoantes [m] e [n] permitiu a inferência articulatória de que o gesto vélico dessas consoantes seja formado por três tempos: abertura, platô e fechamento. Ainda, foram confirmadas diferenças significativas entre parâmetros aerodinâmicos relativos às consoantes [m] e [n], quanto ao contexto de tonicidade e ao da vogal precedente. As características aerodinâmicas apontaram, portanto, para a natureza dinâmica das consoantes nasais do português brasileiro.

Biografia do Autor

Michele Gindri Vieira, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutorado em Linguística (2017) pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Professora Temporária no Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no período de abril-julho de 2013. Professora da Associação Educacional Luterana Bom Jesus - IELUSC no período de novembro de 2014 a julho de 2016. Formação em Reiki (Prática integrativa e complementar). Trabalha no Centro Catarinense de Reabilitação (CCR) - Centro Especializado em Reabilitação (CERII) da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina.

Izabel Christine Seara, Universidade Federal de Santa Catarina

Professora Associada da Universidade Federal de Santa Catarina. Supervisora do Laboratório de Fonética Aplicada (FONAPLI) do Departamento de Língua e Literatura Vernáculas da UFSC (2006-2018). Participa de dois projetos internacionais: Atlas Multimídia Prosódico do Espaço Românico-Língua Portuguesa (AMPER-POR), desde 2008, e do Projeto Interphonologie du Français Contemporain (IPFC), desde 2012. Além desses projetos, desenvolve os projetos: A variedade dialetal florianopolitana: análises segmentais e suprassegmentais e Análise acústica, aerodinâmica e articulatória da fala. Temas de pesquisa: entoação - prosódia e suas interfaces, detalhamento acústico-aerodinâmico-articulatório de segmentos de fala, síntese e reconhecimento de fala e interfonologia francês/português brasileiro, línguas indígenas. 

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Publicado

2018-09-13