Fragmentação e entrelaçamento em sala de aula: a crítica de uma experiência no estágio de ensino de língua portuguesa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8420.2020v21n2p107

Resumo

Destinamo-nos, neste artigo, a expor, ainda que minimamente, o tensionamento entre duas práticas de ensino de Língua Portuguesa que permearam a nossa experiência de Estágio de Ensino de Língua Portuguesa e Literatura II, obrigatório para o Curso de Letras-Português, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Nele, defrontamo-nos com um ensino fragmentado e normativo, e, para nossa prática, voltamo-nos ao ensino integral e reflexivo, ancorado à concepção dialógica e sociointeracionista da linguagem e à concepção pedagógica histórico-crítica, presente nas políticas públicas atuais voltadas para educação. Para isso, antes de expormos (crítica e reflexivamente) essa confrontação, revisitamos, brevemente, a história das teorias educacionais e os documentos pedagógicos parametrizadores e as propostas pedagógicas que estão em vigência. Em seguida, sintetizamos concepções com as quais nossa atuação se ancorou: de língua sociointeracionista – gêneros do discurso – (BAKHTIN [VOLOSHINOV], 1995 [1929]; BAKHTIN, 2011 [1979]) e instrumento de mediação simbólica (VIGOTSKY, 1991); de prática pedagógica do ensino de Língua Portuguesa sob quatro eixos – escrita, leitura, gramática e oralidade – (ANTUNES, 2003); e de sujeito ativo no processo de aprendizagem (VIGOTSKY, 1991). Com o tensionamento exposto, concluímos que a reflexão feita, mesmo em sua limitação no que tange ao curto tempo de realização, colabora para as discussões no campo da Linguística Aplicada (LA) que dizem respeito às diferentes práticas de ensino de Língua Portuguesa que concorrem e coocorrem em sala de aula e, por vezes, algumas delas distanciam-se das tendências atuais de ensino, associando-se a aspectos da concepção tradicional e tecnicista.

Biografia do Autor

Bianca Franchini da Silva, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Mestranda (bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq) do Programa de Pós-Graduação em Linguística, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); formada (bacharelado e licenciatura) no Curso de Letras Língua Portuguesa, pela mesma universidade; e integrante do Grupo de Estudos no Campo Discursivo, da UFSC – financiado pelo CNPq. Atua como redatora e revisora de textos no Laboratório de Transportes e Logística (LabTrans | UFSC), inserido no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Já desenvolveu uma pesquisa na área de Linguística Aplicada, como bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), vinculada a um projeto do Núcleo de Estudos em Linguística Aplicada (NELA | UFSC). Em sua pesquisa atual, na área de Linguística, com ênfase em Análise do Discurso, a partir da arqueogenealogia foucaultiana, estuda os discursos sobre: o uso de Dispositivo Intrauterino (DIU), os direitos sexuais e reprodutivos, as políticas públicas, os gêneros e os feminismos.

 

Samara Laís Zimermann, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Mestranda (Bolsista CAPES) do Programa de Pós-Graduação em Linguística (PGLL), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), é graduada (bacharelado e licenciatura) no Curso de Letras Língua Portuguesa e Literatura, pela mesma universidade. Desenvolve uma pesquisa na área de Análise do Discurso, relacionada aos temas: maternidade, feminismo e substâncias psicoativas. Atuou como bolsista no Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID) e tem experiência na área de revisão textual, designer educacional e gestão de projetos.

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Publicado

2020-12-10