Acessibilidade Linguística a estudantes indígenas da rede pública de ensino do Distrito Federal (Brasil): igualdade, equidade e competências interculturais

Autores

  • Dioney Moreira Gomes Universidade de Brasília

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8420.2022.e83156

Palavras-chave:

Acessibilidade linguística, Estudantes indígenas, Igualdade, Equidade, Competências interculturais

Resumo

O presente artigo trata da necessidade de promover acessibilidade linguística para estudantes indígenas nas escolas públicas do Distrito Federal (Brasília, Brasil). O DF registra cerca de 500 estudantes indígenas. O português não é a língua materna de boa parte desses estudantes, o que impacta em seu aprendizado específico e global, uma vez que essa é a língua usada pelos professores, direção, coordenação e pela quase totalidade dos alunos. O material didático também é quase todo em português. Além disso, há ainda aulas e materiais em inglês e em espanhol, duas outras línguas obrigatórias nas escolas do DF. A acessibilidade linguística pretendida dar-se-á no âmbito de produção de materiais didático-pedagógicos e metodologias de ensino-aprendizagem de línguas a serem usados por estudantes indígenas em escolas públicas do DF. O ponto de partida é o Centro Educacional Gisno, que acolherá os pesquisadores envolvidos durante o desenvolvimento da pesquisa e será o locus de projetos-piloto, passíveis de expansão para as demais escolas públicas da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF), com vistas ao fomento de políticas públicas para os estudantes indígenas. O objetivo deste artigo é apresentar o contexto da pesquisa e sua justificativa, seus objetivos, o quadro teórico, o percurso metodológico inicial, os resultados iniciais, e a relevância e o impacto da pesquisa para o desenvolvimento científico, tecnológico ou de inovação.

Referências

BONI, V.; QUARESMA, S. J. Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em Ciências Sociais. Em Tese, Belo Horizonte, v. 2, n. 1, p. 68-80, 2005.

BRASIL. Portaria 75N (Funai) de 1972.

BRASIL. Lei n. 6001, de 19 de dezembro de 1973.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988.

BRASIL. Lei n. 9.394 de 20, de dezembro de 1996.

BRASIL. Lei n.10.436 de 24, de abril de 2002.

BRAYNER, T. N. É terra indígena porque é sagrada: Santuário dos Pajés – Brasília/ DF. 2013. 145 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Departamento de Antropologia, UnB, Brasília, 2013.

COSTA, E. G. M.; FREITAS, L. M. A.; NEVES, R. (Org.). Beyond Words: 9o ano. 1. ed. São Paulo: Richmond, 2018.

COSTA, N. M. P. Estudo Etnoterminológico do sistema de cura e cuidados em língua Mundurukú (Tupí). 2013. Dissertação (Mestrado em Linguística) – IL, UnB, Brasília, 2013.

COSTA, N. M. P. Etnoterminologia na língua Munduruku (Tupí): sistema de cura e cuidado na voz de pajés parteiras e puxadores de desmentiduras. 2017. Tese (Doutorado em Linguística) – IL, UnB, Brasília, 2017.

COSTA, N. M. P.; GOMES, D. M. (Etno)terminologia na (etno)medicina Mundurukú. Anais do VII Congresso Internacional da Abralin, p. 3412-3423. 2011.

COSTA, N. M. P.; GOMES, D. M. Etnoterminologia do sistema tradicional de cura e cuidado Mundurukú: introdução a princípios epistemológicos e práticos. In: FERREIR, M. (Org.). Tradições orais de línguas indígenas. São Paulo: Pontes, 2013a, p. 55-69.

COSTA, N. M. P.; GOMES, D. M. A etnoterminologia da língua Mundurukú (Tupí) e as contribuições da Ecolinguística. Cadernos de Linguagem e Sociedade, v. 14, p. 252-274, 2013b.

DOLZ, J.; NOVERRZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. (Org.). Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004. p. 81-108.

FANTINI, A.; TIRMIZI, A. Exploring and Assessing Intercultural Competence. World Learning Publications. Paper 1. 2006. Disponível em: htp://digitalcollections.sit.edu/worldlearning_publications/1. Acesso em: 25 maio 2020.

FAULSTICH, E. Socioterminologia: mais que um método de pesquisa, uma disciplina. Ciência da Informação (Impresso), Brasília, v. 24, n.3, p. 281-288, 1995.

FERREIRA, T. B. Terminologia em língua indígena: a construção do dicionário escolar Português-Mundurukú na área do Magistério. 2013. Dissertação (Mestrado em Linguística) – IL, UnB, Brasília, 2013.

FERREIRA, T. B.; GOMES, D. M. L’importance d’un glossaire terminologique PortugaisMunduruku pour les premières années d’école. In: GOROVITZ, S. (Org.). Frontières linguistiques en contextes migratoires. Paris: L’Harmatan, 2017, p. 239-269.

GESTAR II. Gestão da Aprendizagem Escolar. Língua Portuguesa: Caderno de Teoria e Prática 3 - TP3: gêneros e tipos textuais. Brasília: MEC, SEB, 2008.

GOMES, D. M. Predicados verbais da língua Mundurukú e modelos lexicográfcos. 2000, 120 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – IL, UnB, Brasília, 2000.

GOMES, D. M. Estudo morfológico e sintático da língua mundurukú (tupí). 2006. 319 f. Tese (Doutorado em Linguística) – IL, UnB, Brasília, 2006.

GOMES, D. M. Terminologia e educação bilíngue pluralista e funcional: o dicionário escolar Mundurukú (Tupí). In: SILVA, K. A.; SANTOS, D. T. (Org.). Português como Língua (Inter)Nacional: Faces e Interfaces. Campinas: Pontes, 2013, p. 381-412.

GOMES, D. M. Voz, valência, transitividade e mudança linguística no português candango: contribuições da Linguística Funcional Centrada no Uso (Projeto de Pós-doutorado). Brasília: Programa de Pós-Graduação em Linguística/UnB, 2016.

GOMES, D. M.; FERREIR, T. B. “Avaliação escolar”: termo, conceito e visão de mundo em português e em Mundurukú (Tupí). Cadernos de Linguagem e Sociedade, Brasília, v. 13, n. 1, p. 56-81, 2012.

GOMES, D.; FERREIR, T. B. Equivalência e defnição no Dicionário Bilíngue PortuguêsMundurukú da área do Magistério: contribuindo para a epistemologia terminológica e terminográfca. Tradterm, São Paulo, v. 24, p. 339-364, 2014.

GOMES, D. M.; FERREIR, T. B. Languages in contact in a bilingual terminological school dictionary: building the Portuguese-Mundurukú (Tupí): dictionary of the Teacher Qualifcation area. In: GOROVITZ, S.; MOZZILLO, I. (Org.). Language contact: mobility, borders and urbanization. 1. ed. Newcastle Upon Tyne: Cambridge Scholars Publishing, 2015, p. 107-127.

GUTIÉRREZ ESTRDA, M. R. Red interdisciplinaria y estratégica para el desarrollo de competencias interculturales y empatía para atención a comunidades en movilidad interna e internacional en Sonora. Projeto de Pesquisa. Sonora: Programa de Maestría en Lingüística/Unison, 2020.

JANUZZI, V. P. O céu e a terra: o Setor Noroeste e seus primeiros moradores. 2016. 190 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – DAN, UnB, Brasília, 2016.

KIRMELIENE, V.; PEREIR, C.; HODGSON, E.; LADEIA, R. Circles I. São Paulo: FTD, 2016.

KRIEGER, M. G.; FINATO, M. J. B. Introdução à Terminologia – teoria & prática. São Paulo: Contexto, 2004.

LEFFA, V. J.; IRLA, V. B. O ensino de outra(s) língua(s) na contemporaneidade: questões conceituais e metodológicas. In: LEFFA, V.; IRLA, V. B. (Org.). Uma espiadinha na sala de aula: ensinando línguas adicionais no Brasil. Pelotas: Educat, 2014, p. 21-48.

MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

MORIS, J. Criar leitores para uma sociedade democrática. Revista Signo, Santa Cruz do Sul, v. 38, n. especial, p. 2-28, jul./dez. 2013.

MORIS, J. Alfabetizar para a democracia. Porto Alegre: Penso, 2014.

MORIS, J.; KOLINSKY, R. Alfabetização, neurociências e democracia (entrevista). Revista Pátio, Porto Alegre, n. 71, 2014.

MOORE, D.; GALUCIO, A. V.; GABAS JÚNIOR, N. O desafo de documentar e preservar as línguas amazônicas. 2008. Disponível em: htp://etnolinguistica.wdfles.com/local--fles/media:set2008/moore_2008_desafo.pdf. Acesso em: 22 maio 2020.

PIMENTEL DA SILVA, M. S. Fenômeno do bilingüismo na sociedade Karajá e no processo escolar. LIAMES, Campinas, v. 4, p. 123-130, 2004.

PIMENTEL DA SILVA, M. S. As línguas indígenas na escola: da desvalorização à revitalização. Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística, Goiânia, v.18, n. 2, p. 381-395, 2006.

RAMOS, A. Ensino Médio Integrado à Educação Profssional Técnica de Nível Médio para Habilitação de Técnico em Agroforesta, Enfermagem ou Magistério: Projeto Munduruku. Brasília: FUNAI, 2006.

SÃO PAULO. Edital Equidade racial na Educação Básica: pesquisas aplicadas e artigos científcos. 2020. Disponível em: htps://editalequidaderacial.ceert.org.br/pdf/regulamento.pdf. Acesso em: 27 maio 2020.

SCLIAR-CABRL, L. Sistema Scliar de Alfabetização – Roteiros para o Professor: Módulo 1, v. 1 e 2 (Anexos). Florianópolis: Lili, 2018.

SILVA, A. P. B. Os desafos e possibilidades para se abordar a temática indígena em sala de aula. 2015. Monografa (Especialização em Residência Agrária) – UnB, Brasília, 2015.

SOUZA, E. C. de. O conhecimento de si: narrativas do itinerário escolar e formação de professores. 2004. Tese (Doutorado em Educação) – UFBA, Salvador, 2004.

UNESCO. Declaración Universal sobre la Diversidad Cultural. 2001. Disponível em: htps://www.ohchr.org/es/instruments-mechanisms/instruments/universal-declaration-culturaldiversity . Acesso em: 21 nov. 2022.

Publicado

2022-12-19