Economy, society and the formation of Brazilian Portuguese: elements for a discussion on the sociolinguistic configurations of colonial Brazil

Authors

  • Ana Sartori Universidade Federal da Bahia
  • Tânia Lobo Universidade Federal da Bahia
  • Pedro Daniel dos Santos Souza Universidade do Estado da Bahia

Keywords:

Continuum of norms X sociolinguistic polarization, Colonial Portuguese, Configuration of the economic, social and family structure of Colonial Brazil

Abstract

The analysis of the inquisitorial sources bequeathed by the first two visitations of the Holy Office to Portuguese America (Lobo; Sartori, 2020; Lobo; Sartori; Mota, 2016; Siqueira, 1978) does not support the perspective of interpretation of the socioeconomic stratification of colonial Brazil in dichotomous terms –“casa-grande” versus “senzala” (Freyre, [1933] 2002) –, which has implications for the interpretation of the process of formation of BP and for understanding the current sociolinguistic configuration of the country. In addition to this point, another aspect that is rarely discussed is highlighted: the need to understand linguistic interactions within the different configuration patterns of the colonial family. The so-called sociolinguistic polarization (Lucchesi, 1994, 2015) of BP, so clear when contrasting the socioeconomic elite with the enslaved population, becomes a tangled web, if nuances that linguistic and cultural reality are put into analysis in the social and domestic sphere it sheltered. Based on Pagotto (2018), we propose to deepen the reflection on what interpretations engendered from the 1970s on the colonial economy and society reveal about the history of BP, highlighting the following points: the fact that the colonial economy cannot be understood through the reductionist vision of “cycles”; the fact that it was not limited to the agro-mineral-export model; the fact that it does not bear many similarities to the economy of regions such as the Caribbean and the South of the United States of America and, finally, the relevance of the role played by the internal market, more visible when considering the conquest and the colonization of the backlands (Santos, 2010).

References

ALENCASTRO, L. F. de. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico-Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

ALMEIDA, M. R. C. de. Os índios aldeados: histórias e identidades em construção. Tempo, Rio de Janeiro, v. 6, n. 12, p. 51-71, jul. 2001.

ALMEIDA, M. R. C. de. Os índios na história do Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010.

ÁLVAREZ-LÓPEZ, L. Á.; GONÇALVES, P.; AVELAR, J. O. de. The Portuguese language continuum in Africa and Brazil. John Benjamins, 2018.

ANCHIETA, J. de. Cartas: informações, fragmentos históricos e sermões do padre José de Anchieta (1554-1594). Rio de Janeiro: Officina Industrial Graphica, 1933. Disponível em: https://bdlb.bn.gov.br/acervo/handle/20.500.12156.3/441059. Acesso em: 20 abr. 2013.

ARAÚJO, E. A arte da sedução: sexualidade feminina na Colônia. In: DEL PRIORE, Mary; BASSANEZI, Carla. História das mulheres no Brasil. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2004. p. 45-77.

ARGOLO, W. 2015. História linguística do Sul da Bahia (1534-1940). Tese (Doutorado em Língua e Cultura) – Instituto de Letras, Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2015.

BAXTER, A.; LUCCHESI, D. A relevância dos processos de pidginização e crioulização na formação da língua portuguesa no Brasil. Estudos linguísticos e literários. Salvador, n. 19, p. 65-84, 1997.

BESSA FREIRE, J. R. Rio Babel: a história das línguas na Amazônia. Rio de Janeiro: Atlântica, 2004.

BORTONI-RICARDO, S. M. Do campo para a cidade: estudo sociolinguístico de migração e redes sociais. São Paulo: Parábola, [1985] 2011.

BORTONI-RICARDO, S. M. Um modelo para a análise sociolinguística do português do Brasil. In: BAGNO, Marcos. A linguística da norma. São Paulo: Edições Loyola, [1998] 2002. p. 333-346.

CALDAS, J. A. Noticia geral de toda esta Capitania da Bahia desde o seu descobrimento até o prezente anno de 1759. Editado por Alícia Duhá Lose, Vanilda Salignac de Souza Mazzoni e Perla Peñailillo. 2. ed. Salvador: Memória e Arte; EDUFBA, [1759] 2017.

CONSULTA do Conselho Ultramarino ao rei D. Pedro II acerca do recrutamento de catequistas entre os negros forros da Bahia para doutrinar os negros da Costa da Mina. Lisboa, 23 de fevereiro de 1701. AHU-Baía, cx. 3, doc. 112 / AHU_ACL_CU_005, Cx. 3, D. 314.

DIAS, P. Arte da lingua de Angola, oferecida a Virgem Senhora N. do Rosario, Mãy & Senhora dos mesmos Pretos. Lisboa: Oficina de Miguel Deslandes, 1697.

FIGUEIREDO, L. Mulheres nas Minas Gerais. In: DEL PRIORE, M.; BASSANEZI, C. História das mulheres no Brasil. 7. ed. São Paulo: Contexto, 2004. p. 141-188.

FLEXOR, M. H. Oficiais mecânicos na cidade do Salvador. Salvador: Prefeitura Municipal de Salvador, 1974.

FLORENTINO, M. Em costas negras. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

FRAGOSO, J. Modelos explicativos da chamada economia colonial e a ideia de Monarquia pluricontinental: notas de um ensaio. História, São Paulo, v. 31, n. 2, p. 106-145, jul./dez. 2012.

FRAGOSO, J.; FLORENTINO, M.; FARIA, S. de C. A economia colonial brasileira (séculos XVI-XIX). 3. ed. São Paulo: Editora Atual, 1998.

FREYRE, G. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, [1933] 2002.

FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, [1958], 2007.

GALVES, C.; LOBO, T. O português escrito por afro-brasileiros no século XIX: as atas da Sociedade Protetora dos Desvalidos. Salvador: EDUFBA, 2019.

GUY, G. R. On the nature and origins of popular Brazilian Portuguese. In: Estudios sobre español de América y Lingüistica Afroamericana. Bogotá: Instituto Caro y Cuervo, 1989. p. 227-245.

HOLANDA, S. B. de. História geral da civilização brasileira. 7. ed. São Paulo: DIFEL, 1985. t. 1, v. 1 e v. 2.

HOUAISS, A. O português no Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro: Revan, [1985] 1992.

LABOV, W. Padrões sociolinguísticos. São Paulo: Parábola, [1972] 2008.

LIVRO das Denunciações da Bahia que se fizerão na Visitação do Santo Officio à Cidade Salvador da Bahia de Todos os Santos do Estado do Brasil, no anno de 1618. Introdução de Rodolfo Garcia. Annaes da Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro, v. XLIX, 1936.

LOBO, T.; MACHADO FILHO, A. V. L.; MATTOS E SILVA, R. V. Indícios de língua geral no sul da Bahia na segunda metade do século XVIII. In: LOBO, T.; RIBEIRO, I.; CARNEIRO, Z.; ALMEIDA, N. Para a história do português brasileiro: novos dados, novas análises. Coleção Para a história do português brasileiro, v. 6. Salvador: EDUFBA, 2006. p. 609-630.

LOBO, T.; OLIVEIRA, K. África à vista: dez estudos sobre o português escrito por africanos no Brasil do século XIX. Salvador: EDUFBA, 2009

LOBO, T.; OLIVEIRA, K. Escrita liberta: letramento de negros na Bahia do século XIX. In: CASTILHO, A. T. de; MORAIS, Maria Aparecida Torres et al. Descrição, história e aquisição do português brasileiro. São Paulo: FAPESP; Campinas: Pontes/FAPESP, 2007. p. 437-460.

LOBO, T.; SARTORI, A. Aos olhos do Santo Ofício: difusão social da escrita nas capitanias da Bahia, Pernambuco, Itamaracá e Paraíba em finais de Quinhentos. In: CALLOU, D.; LOBO, T. História social do português brasileiro: da história social à história linguística. Coleção História do português brasileiro, v. 9, Coordenação Geral de Ataliba T. de Castilho. São Paulo: Contexto, 2020. p.182-227.

LOBO, T.; SARTORI, A.; MOTA, R. S. O aporte das fontes inquisitoriais para uma história da difusão social da leitura e da escrita no Brasil. Caderno de estudos linguísticos, Campinas, n. 58, p. 277-298, 2016.

LOBO, T., SARTORI, A.; SOUZA, P. D. dos S. O sequestro da História? Discurso oficial e práticas de ensino sobre a história linguística do Brasil e a historicidade do português brasileiro. LaborHistórico, Rio de Janeiro, v. 7, número especial, p. 282-310, 2021.

LOPES, C. R. dos S. A norma brasileira em construção: fatos linguísticos em cartas pessoais do século XIX. Rio de Janeiro: UFRJ, Pós-Graduação em Letras Vernáculas: FAPERJ, 2005.

LUCCHESI, D. Língua e sociedade partidas: a polarização sociolinguística no Brasil. São Paulo: Contexto, 2015.

LUCCHESI, D. O conceito de ‘transmissão linguística irregular’ e o processo de formação do português do Brasil. In: RONCARATI, Cláudia; ABRAÇADO, Jussara. Português brasileiro: contacto linguístico, heterogeneidade e história. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2003. p. 272-284.

LUCCHESI, D. Variação e norma: elementos para uma caracterização sociolinguística do português do Brasil. Revista Internacional de Língua Portuguesa, n. 12, p. 17-28, 1994.

MARCUSSI, A. A. O dever catequético: a evangelização dos escravos em Luanda nos séculos XVII e XVIII. Revista 7 Mares, Niterói, n. 2, p. 64-79, 2013.

MATTOS E SILVA, R. V. Português brasileiro: raízes e trajetórias (para a construção de uma história). Discursos, n. 3, 75-92, 1993.

MATTOS E SILVA, R. V. Para a história do português culto e popular brasileiro: sugestões para uma pauta de pesquisa. In: ALKMIM, T. M. Para a história do português brasileiro: novos estudos. Coleção Para a história do português brasileiro, v. 3. São Paulo: Humanitas, 2002. p. 443-464.

MATTOS E SILVA, R. V. Uma compreensão histórica do português brasileiro: velhos problemas revisitados. Estudos linguísticos e literários, Salvador, n. 25/26, 2000a, p. 251-283.

MATTOS E SILVA, R. V. Uma interpretação para a generalizada difusão da língua portuguesa no território brasileiro. Gragoatá, Niterói, n. 9, p. 11-27, 2000b.

MATTOSO, K. M. Q. Ser escravo no Brasil. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1990.

MONTEIRO, J. M. 2001. Tupis, tapuias e historiadores: estudos de história indígena e indigenismo. Tese (Livre Docência em Etnologia) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001.

NARO, A.; SCHERRE, M. Sobre as origens do português popular do Brasil. DELTA, São Paulo, v. 9, número especial, p. 437-454, 1993.

NARO, A.; SCHERRE, M. Origens do português brasileiro. São Paulo: Parábola, 2007.

NASCIMENTO, A. A. V. N. Patriarcado e religião: as enclausuradas clarissas do Convento do Desterro da Bahia, 1677-1890. Salvador: Conselho Estadual de Cultura, 1994.

OLIVEIRA, K. Negros e escrita no Brasil do século XIX: sócio-história, edição filológica de documentos e estudo linguístico. Tese (Doutorado em Letras) – Instituto de Letras, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2006.

PAGOTTO, E. Ebulição e sedentarização linguística: o lugar da economia de subsistência na formação do português brasileiro. Diadorim, Rio de Janeiro, v. 20, número especial, p. 53–63, 2018.

PETTER, M. Ampliando a investigação do continuum afro-brasileiro do português. Papia: Revista brasileira de estudos crioulos e similares, Brasília, n. 25, p. 305-317, 2015.

PETTER, M. As línguas africanas no Brasil: o papel do quimbundo na formação do português brasileiro. In: TEIXEIRA, E. P.; ARAÚJO, S. S. de F. Diálogos entre Brasil e Angola: o português d´aquém e d´além-mar. Feira de Santana: UEFS Editora, 2017. p. 21-48.

PETTER, M. Línguas africanas no Brasil. In: CARDOSO, S. A.; MOTA, J.; MATTOS E SILVA, R. V. Quinhentos anos de história linguística do Brasil. Salvador: Secretaria da Cultura e Turismo do Estado da Bahia, 2006. p. 359-380.

PETTER, M. O continuum afro-brasileiro do português. In: GALVES, C.; GARMES, H.; RIBEIRO, F. do R. África-Brasil: caminhos da língua portuguesa. Campinas: Editora da UNICAMP, 2009. p. 151-173.

PETTER, M.; CUNHA, A. S. As línguas africanas no Brasil. In: PETTER, M. Introdução à linguística africana. São Paulo: Contexto, 2016. p. 221-250.

PRADO JR., C. Formação do Brasil contemporâneo – Colônia. São Paulo: Companhia das Letras, [1946], 2011.

PRIMEIRA visitação do Santo Officio às partes do Brasil pelo licenciado Heitor Furtado de Mendonça: Denunciações de Pernambuco 1593-1595. São Paulo: Ed. Paulo Prado, 1929.

PRIMEIRA visitação do Santo Officio às partes do Brasil pelo licenciado Heitor Furtado de Mendonça: Confissões da Bahia 1591-92. São Paulo: Ed. Paulo Prado, 1922.

PRIMEIRA visitação do Santo Officio às partes do Brasil pelo licenciado Heitor Furtado de Mendonça: Denunciações da Bahia 1591-93. São Paulo: Ed. Paulo Prado, 1925.

PRIMEIRA visitação do Santo Ofício às partes do Brasil: Confissões de Pernambuco 1594-1595. Recife: Universidade Federal de Pernambuco. Ed. José Antônio Gonçalves de Melo, 1970.

PRIMEIRA visitação do Santo Ofício às partes do Brasil: Denunciações e Confissões de Pernambuco 1593-1595. Recife: FUNDARPE, 1984.

QUARTO Livro das Denunciações da Primeira Visitação do Santo Ofício da Inquisição do Brasil, a qual fez o licenciado Heitor Furtado de Mendonça, por especial Comissão de Sua Alteza (1593-1595). In: ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO, mf. 3077. Cópia microfilmada. Disponível em: http://digitarq.dgarq.gov.pt. Acesso em: 30 maio 2011.

RODRIGUES, A. D. As línguas gerais sul-americanas. Papia: Revista brasileira de estudos crioulos e similares, São Paulo, v. 4, 2, p. 6-18, 1996.

RODRIGUES, A. D. Tupi, tupinambá, línguas gerais e português do Brasil. In: NOLL, V.; DIETRICH, W. O português e o tupi no Brasil. São Paulo: Contexto, 2010. p. 27-47.

SANTOS, Fabricio Lyrio. Da catequese à civilização: colonização e povos indígenas na Bahia. Cruz das Almas: Editora UFRB, 2014.

SANTOS, M. R. A. dos. Fronteiras do sertão baiano: 1640-1750. Tese (Doutorado em História Social). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

SARTORI, A. Cartas de amor na Bahia do século XX: normas linguísticas, práticas de letramento e tradições do discurso epistolar. Dissertação (Mestrado em Letras e Linguística) – Instituto de Letras, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2010.

SARTORI, A. Pela pena do Santo Ofício: difusão social da escrita nas Capitanias de Pernambuco, Itamaracá e Paraíba em finais de Quinhentos. Tese (Doutorado em Língua e Cultura) – Instituto de Letras, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016.

SEGUNDA Visitação do Santo Ofício às partes do Brasil pelo Inquisidor e Visitador Marcos Teixeira: Livro das Confissões e Ratificações da Bahia, 1618-1620. Introdução de Eduardo de Oliveira França e Sônia Siqueira. Anais do Museu Paulista, t. XVII, 1963.

SILVA, L. G. Sobre a ‘etnia crioula’: o Terço dos Henriques e seus critérios de exclusão na América portuguesa do século XVIII. In: VENÂNCIO, R. P.; GONÇALVES, A. L.; CHAVES, C. M. das G. Administrando impérios: Portugal e Brasil nos séculos XVIII e XIX. Belo Horizonte: Fino Traço, 2012. p. 71-96.

SILVA NETO, S. da. Introdução ao estudo da língua portuguesa no Brasil. Rio de Janeiro: Presença/Instituto Nacional do Livro, [1950] 1986.

SIQUEIRA, S. A Inquisição portuguesa e a sociedade colonial. São Paulo: Ática, 1978.

VIEIRA, A. Voto do padre Antônio Vieira sobre as dúvidas dos moradores de São Paulo acerca da administração dos índios. In: VIEIRA, A. Vozes saudosas, da eloquência, do zelo, e eminente sabedoria... Lisboa: Officina de Miguel Rodrigues, 1736. p. 141-166.

ZOREK, B. de M. Modelos explicativos da economia colonial brasileira: um problema historiográfico. 31º Simpósio Nacional de História, 2021, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: ANPUH, 2021. Disponível em: https://www.snh2021.anpuh.org/resources/anais/8/snh2021/1627586532_ARQUIVO_b26ed4f4b36d3ac178feb89590ddc317.pdf. Acesso em: 16 ago. 2024.

Published

2025-08-27