“Vai chatear o Camões”: a construção impositiva de destrato

Autores/as

  • José Romerito Silva Universidade Federal do Rio Grande do Norte
  • Maria Aparecida da Silva Andrade Instituto de Educação Superior Presidente Kennedy - IFESP

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8420.2020v21n1p43

Resumen

Neste trabalho, temos como objeto de estudo a construção impositiva de destrato com o verbo ir, aqui denominada CID. Essa construção representa um ato de fala diretivo e está associada a um momento de desacordo entre os parceiros de interação, em que o locutor, irritado, insulta o interlocutor, repelindo-o. Tomamos, como referencial teórico a Linguística Funcional Centrada no Uso (LFCU) e contribuições da Gramática de Construções. Adicionalmente, recorremos aos estudos em Pragmática, em particular, às noções de polidez e de face. O estudo é de natureza qualitativo-interpretativa, para o qual utilizamos como material de análise textos de gêneros diversos tanto de fala quanto de escrita.

Biografía del autor/a

José Romerito Silva, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Professor Associado 2 da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). É vinculado à Escola de
Ciências e Tecnologia (ECT/UFRN), ministrando disciplinas na área de Práticas de Leitura e Escrita, e ao
Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem (PpgEL/UFRN), atuando no desenvolvimento e na
orientação de pesquisas em Linguística Funcional Centrada no Uso junto ao grupo de estudos Discurso &
Gramática.

Maria Aparecida da Silva Andrade, Instituto de Educação Superior Presidente Kennedy - IFESP

Professora do Instituto de Educação Superior Presidente Kennedy (IFESP/RN), atuando na área de formação de professores.

Citas

ANDRADE, M. A. S. Construções gramaticais com ir no português brasileiro contemporâneo. Tese (Doutorado em Linguística) – Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2017.

AUSTIN, J. L. Quando dizer é fazer: palavras e ações. Trad. D. M. de Souza Filho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990. (Col. Série Discurso Psicanalítico).

BARRERE, L. L. Face e polidez linguística em reclamações online: uma análise sob o viés pragmático. Entrepalavras, Fortaleza, v. 7, p. 383-405, jan./jun., 2017.

BECK, D. The syntax, semantics, and typology of adjectives in Upper Necaxa Totonac. Linguistic Typology, v. 4, n. 2, 2000.

BECKNER, C. et al. Language is a complex adaptive system: position paper. Language Learning, v. 59. p. 1-26, 2009.

BOAS, H. C. Cognitive Construction Grammar. In: HOFFMANN, T.; TROUSDALE, G. (Eds.). The Oxford handbook of Construction Grammar. New York: OUP, 2013, p. 176-188.

BROWN, P.; LEVINSON, S. Politeness: some universals in language usage. Cambridge: CUP, 1987.

BYBEE, J. Language, usage and cognition. Cambridge: CUP, 2010.

BYBEE, J. Markedness: iconicity, economy, and frequency. In: SONG, J. J. (Ed.). The Oxford Handbook of Linguistic Typology. Oxford: OUP, 2012, p. 131-147.

CARDOSO, D. B. B. O imperativo gramatical no português brasileiro. Estudos Linguísticos, v. 14, n. 2, Belo Horizonte, p. 317-340, jun./dez., 2006.

CEZARIO, M. M.; FURTADO DA CUNHA, M. A. (Orgs). Linguística Centrada no Uso: uma homenagem a Mário Martelotta. Rio de Janeiro: Mauad; FAPERJ, 2013.

CROFT, W. Radical construction grammar: syntactic theory in typological perspective. New York: OUP, 2001.

CULPEPER, J. Politeness and impoliteness. In: ANDERSEN, G.; AIJMER, K. (Eds.). Pragmatics of society. Berlin: Mouton de Gruyter, 2012, p. 393-438. (Col. Handbooks of Pragmatics, 5).

CUNHA, T. F.; SILVEIRA, S. B. Estratégias de im-polidez em situações de conflito. Discurso & Sociedad, v. 5, n. 4, p. 677-700, 2011.

DIESSEL, H. Usage-Based Linguistics. In: ARONOFF, M. (Ed.). Oxford Research Encyclopedia of Linguistics. New York: OUP, 2017.

FORD, C. E.; FOX, B. THOMPSON, S. Social interaction and grammar. In. TOMASELLO, M. (Ed.). The new psychology of language: cognitive and functional approaches to language structure. v. 2, Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum, 2003, p. 119-144.

FRIED, M. Construction grammar. In: KISS, T.; ALEXIADOU, A. (Eds.). Syntax – theory and analysis: an international handbook, v. 1. Handbooks of Linguistics and Communication Science. Berlin: Mouton de Gruyter, 2015, p. 974-1003.

FURTADO DA CUNHA, M. A. Banco Conversacional de Natal. Natal: EdUFRN, 2011.

FURTADO DA CUNHA, M. A.; BISPO, E. B.; SILVA, J. R. Linguística Funcional Centrada no Uso: conceitos básicos e categorias analíticas. In: CEZARIO, M. M.; FURTADO DA CUNHA, M. A. (Orgs). Linguística Centrada no Uso: uma homenagem a Mário Martelotta. Rio de Janeiro: Mauad; FAPERJ, 2013.

FURTADO DA CUNHA, M. A.; BISPO, E. B.; SILVA, J. R. Variação e mudança em perspectiva construcional. Natal: EdUFRN, 2018.

GIVÓN, T. Functionalism and grammar. Amsterdam; Philadelphia: John Benjamins,1995.

GIVÓN, T. The functional approach to grammar. In: TOMASELLO, M. (Ed.). The new psychology of language: cognitive and functional approaches to language structure. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum, 1998, p. 41-66.

GOFFMAN, E. A elaboração da face: uma análise dos elementos rituais na interação social. In: FIGUEIRA, S. A. (Org.). Psicanálise e ciências sociais. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1980, p. 76-114.

GOLDBERG, A. E. A construction grammar approach to argument structure. Chicago: The University of Chicago Press, 1995.

GOLDBERG, A. E. Constructions: a new theoretical approach to language. TRENDS in Cognitive Sciences, v. 7, n. 5, p. 219-224, 2003.

GONÇALVES, A. O processo de gramaticalização do verbo IR no português brasileiro: um estudo diacrônico. Domínios de Lingu@gem – Revista Eletrônica de Linguística, v. 6, n. 1, p. 393-417, 1° sem., 2012. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem. Acesso: 25 fev. 2019.

GRICE, H. P. Lógica e conversação. Trad. J. W. Geraldi. In: DASCAL, M. (Org.). Fundamentos metodológicos da Linguística – Pragmática: problemas, príticas, perspectivas da Linguística, v. IV. Campinas: Ed. do Organizador, 1982, p. 81-103.

HASPELMATH, M. Frequency vs. iconicity in explaining grammatical asymmetries. Cognitive Linguistics, v. 19, n. 1, p. 1-33, 2008.

HOPPER, P. J.; THOMPSON, S. A. Transitivity in grammar and discourse. Language, n. 56, p. 251-299, 1980.

HORN, L.; KECSKES, I. Pragmatics, discourse and cognition. In: ANDERSON, S. et al. (Eds.). The language-cognition interface. Geneva: Droz, 2013, p. 353-373.

KEMMER, S.; BARLOW, M. Introduction: a usage-based conception of language. In: BARLOW, Michael; KEMMER, Suzanne. (Eds.). Usage-based models of language. Stanford: Center for the Study of Language and Information, 2002, p. vii-xxviii.

LAKOFF, R. The limits of politeness: therapeutic and courtroom discourse. Multilingua, v. 8, n. 2/3, p. 101-129, 1989.

LEECH, G. Principles of Pragmatics. London: Longman, 1983.

LONGHIN-THOMAZI, S. R. Vai que eu engravido de novo?: gramaticalização, condicionalidade e subjetivização. Lusorama, v. 81-82, p. 135-150, 2010.

MÓIA, T. Aspetos da gramaticalização de ir como verbo auxiliar temporal. Revista da Associação Portuguesa de Linguística, v. 3, n. 9, p. 213-239, 2017.

OLIVEIRA, J. A. Polidez e identidade: a virtude do simulacro. Biblioteca on-line de ciências da comunicação, 2005. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/oliveira-jair-polidez-identidade. pdf. Acesso: 20 mar. 2019.

OLIVEIRA, J. M. O imperativo gramatical nas capitais do Nordeste: análise sociolinguística de dados do ALiB. In: LOPES, N. S. da (Orgs.). Estudos sobre o português do Nordeste: língua, lugar e sociedade. São Paulo: Blucher, 2017, p. 27-44.

OLIVEIRA, M. R.; CEZARIO, M. M. Funcionalismo linguístico: diálogos e vertentes. Niterói: EdUFF, 2017.

OLIVEIRA, M. R.; ROSÁRIO, I. C. do (Orgs.). Linguística centrada no uso: teoria e método. Rio de Janeiro: Lamparina; Faperj, 2015.

OLIVEIRA, V. M. Caracterização da polifuncionalidade morfossintática, semântica e discursiva do verbo “ir”. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: UFRJ, 2009.

ÖSTMAN, J-O.; FRIED, M. (Eds.). Construction grammars: cognitive grounding and theoretical extensions. Philadelphia: John Benjamins, 2005.

PINHEIRO, R. C. A regência do verbo ir de movimento por falantes cultos de Fortaleza-CE: relação entre ensino e pesquisa. Linha D’Água (Online), São Paulo, v. 27, n. 1, p. 55-72, jun., 2014. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/linhadagua/issue/view/5611. Acesso: 30 mar. 2019.

REIS, R. L. Desculpas púbicas e política. Dissertação (Mestrado em Letras) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.

RUMEU, M. C. B. Formas variantes do imperativo de segunda pessoa nos séculos XIX e XX: a expressão do social. Signum: Estudos Linguísticos, v. 19, n. 2, Londrina, p. 310-341, dez. 2016.

SAMPAIO, D. A. Modo imperativo: sua manifestação/expressão no português contemporâneo. Dissertação de Mestrado. Salvador: UFBA, 2001.

SCHERRE, M. M. P. Aspectos sincrônicos e diacrônicos do imperativo gramatical no português brasileiro. Alfa, v. 51, n. 1, São Paulo, p. 189-222, 2007.

SEARLE, J. R. Os actos de fala: um ensaio de Filosofia da Linguagem. Trad. C. Vogt. Coimbra: Almedina, 1984. (Col. Novalmedina, 12).

SILVA, J. R. Intensificação do verbo e mudança construcional. Soletras. n. 37, p. 224-245, 1º sem., 2019.

SOUZA FILHO, D. M. A Teoria dos Atos de Fala como concepção pragmática de linguagem. Filosofia Unisinos, v. 7, n. 3, p. 217-230, set./dez., 2006.

TOMASELLO, M. Constructing a language: a usage-based theory of language acquisition. Cambridge: Harvard University Press, 2003.

TRAUGOTT, E. C.; DASHER, R. B. Regularity in semantic change. Cambridge: CUP, 2002.

TRAUGOTT, E. C.; TROUSDALE, G. Constructionalization and constructional changes. New York: OUP, 2013.

WIEDEMER, M. L. A regência variável do verbo “ir” de movimento na fala de santa Catarina. Dissertação de Mestrado em Linguística. Florianópolis: UFSC, 2008.

WIEDEMER, M. L.; OLIVEIRA, M. R. (Orgs.). Novos encaminhamentos teórico-metodológicos da Linguística Funcional Centrada no Uso. Soletras, n. 37, 1º sem., 2019.

YACOVENCO, L. C.; SCARDUA, J. R. A variação pronominal de segunda pessoa: contribuições da sociolinguística para o ensino de língua portuguesa. Working Papers em Linguística, v. 18, n. 2, p. 171-191, Florianópolis: UFSC, ago./dez., 2017.

Publicado

2020-07-28