Da Filologia Cósmica

Autores

  • Julian Brzozowski Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.5007/2176-8552.2017n24p34

Resumo

Presenciamos, atualmente, algo de um momento crítico para o pensamento, que se expressa de maneira análoga em diversas áreas do conhecimento. Na filologia, é experienciada a exaustão de um predomínio do modelo mimético auerbachiano, conforme a noção do Real lacaniano toma conta da sensibilidade literária ocidental. Tal assunção levou o pensamento moderno a um paradigma mórbido da existência, expresso nos trabalhos de Heidegger, Lacan e Agamben, e numa posterior leitura contemporânea algo desbalanceada do paradigma biopolítico foucaultiano, “fazer viver e deixar morrer”, que enxerga no encontro com a Coisa o fundamento e o horizonte da tanatopolítica. O presente ensaio visa propor alternativas para a localização de uma arquifilologia no domínio da vida frente ao Real, ao recusar o antropocentrismo do campo literário. Explorando a teoria gravitacional do físico teórico holandês Erik Verlinde, que sugere que a gravidade seria uma qualidade emergente da informação a dividir o espaço físico emergido e um segundo espaço por vir, a inorganicidade da literatura diagnosticada na máxima batailleana seria levada a um Outro lugar. O desejo de expressar imageticamente um mundo por vir não estaria sob monopólio humano, mas sim expresso em um funcionamento cósmico desde sempre indiferente a ruína da tradição mimética.

Biografia do Autor

Julian Brzozowski, Universidade Federal de Santa Catarina

Obteve título de graduação em Cinema pela UFSC em 2012, com a realização do média-metragem de documentário ficcional Kruk. Obteve título de mestre em teoria literária pela PPGLit-UFSC em 2015, com a defesa da dissertação Lumpy Gravy: Olhar, Arquivo e Sintoma, numa análise da obra musical de Frank Zappa a partir da problemática da pulsão de morte freudiana e as elaborações sobre o processo psíquico de sublimação em Jacques Lacan. Em 2016 adentrou o programa de doutorado da PPGLit-UFSC com o projeto de pesquisa pautado por sobre o livro A Queda do Céu, fruto da colaboração do xamã yanomami Davi Kopenawa com o antropólogo e escriba francês Bruce Albert. A aproximação entre xamanismo ameríndio e o horizonte lacaniano da noção de sinthome, a partir da comparação literária entre mitemas fundantes yanomami e ocidentais, constitui seu atual objeto de pesquisa.

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Publicado

2017-12-08

Edição

Seção

Artigos