Duplo assombro com Educação Sentimental: Constelações em dissolução

Autores

  • André Vichara Barcellos Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.5007/2176-8552.2021.e84489%20

Palavras-chave:

Racismo de Estado, Biopolítica, Michel Foucault

Resumo

O texto discorre sobre um possível duplo assombro com Educação sentimental, de Julio Bressane. Tal assombro duplo, que desperta um pensamento paradoxal, deriva da ambivalência que constitui o filme. Pelo lado de seu traço épico, pode ocorrer um assombro análogo àquele que Benjamin notou com o teatro brechtiano – assombro com a dialética em estado de repouso. Por outro lado, pode ocorrer um assombro diante da comunicação (em sentido batailleano), a qual, afirmada pelo eu épico de Educação sentimental, coloca em questão: a possibilidade de um estado de repouso do fluxo da vida; a transcendência do eu narrador, montador, constelador teatral; e a estabilidade da constelação por ele configurada. Todo limite distintivo estaria em jogo – toda constelação estaria em dissolução. E o ensaio termina pensando Educação sentimental como atualização da antropofagia oswaldiana.

Referências

ANDRADE, Oswald de. “Manifesto antropófago”. In: ANDRADE, Oswald de. A utopia antropofágica. São Paulo: Globo: Secretaria de Estado da Cultura, 1990, p. 47-52.

ANDRADE, Oswald de. “A crise da filosofia messiânica”. In: ANDRADE, Oswald de. A utopia antropofágica. São Paulo: Globo: Secretaria de Estado da Cultura, 1990, p. 101-155.

BARTHES, Roland. “Da obra ao texto”. In: BARTHES, Roland. O rumor da língua. Tradução de Mario Laranjeira. São Paulo: Martins Fontes, 2004, p. 65-75.

BATAILLE, Georges. “A ‘comunicação’”. In: BATAILLE, Georges. A experiência interior: seguida de Método de Meditação e Postscriptum 1953. Suma ateológica, vol. I. Tradução de Fernando Scheibe. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016, p. 130-135.

BATAILLE, Georges. A parte maldita, precedida de “A noção de dispêndio”. Júlio Castañon Guimarães. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013.

BATAILLE, Georges. Teoria da Religião: seguida de Esquema de uma história das religiões. Tradução de Fernando Scheibe. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015.

BATAILLE, Georges. O erotismo. Tradução de Fernando Scheibe. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2014.

BENJAMIN, Walter. “Que é o teatro épico? Um estudo sobre Brecht”. In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 2012, p. 83-96.

BENJAMIN, Walter. “Sobre o conceito da história”. In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 2012, p. 241-252.

BENJAMIN, Walter. “N – [Teoria do Conhecimento, Teoria do Progresso]”. In: BENJAMIN, Walter. Passagens. Tradução do alemão de Irene Aron; Tradução do francês de Cleonice Paes Barreto Mourão. Belo Horizonte: Editora UFMG; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2009, p. 499-530.

BRECHT, Bertolt. “Um homem é um homem”. In: BRECHT, Bertolt. (Volume 10 de) Teatro completo em 12 volumes. Tradução de Fernando Peixoto. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, p. 145-218.

KEATS, John. “From Endymion” e “Do Endymion”. In: KEATS, John; BYRON, George Gordon. Byron e Keats: entreversos. Tradução de Augusto de Campos. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2009, p. 168-169.

CAMPOS, Haroldo de. “Beauty: a thing of”. In: CAMPOS, Haroldo de. A educação dos cinco sentidos. São Paulo: Iluminuras, 2013, p. 69.

LEMINSKI, Paulo. “O tema astral”. In: LEMINSKI, Paulo. Ensaios e anseios crípticos. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2011, p. 76-80.

LEMINSKI, Paulo. “Inutensílio”. In: LEMINSKI, Paulo. Ensaios e anseios crípticos. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2011, p. 85-87.

MOREIRA, Diego. “A poesia é uma trincheira de guerra”. outra travessia. n. 23, p. 205-227, 1º semestre de 2017.

PLATÃO. “Teeteto”. In: PLATÃO. Diálogos: Teeteto / Crátilo. Tradução de Carlos Alberto Nunes. Belém, Pará: Editora Universitária UFPA, 2001, p. 34-141.

SZONDI, Peter. Teoria do drama moderno. Tradução de Luiz Sérgio Repa. São Paulo: Cosac Naify, 2001.

XAVIER, Ismail. O discurso cinematográfico: a opacidade e a transparência. São Paulo: Paz e Terra, 2012.

XAVIER, Ismail. “Roteiro de Julio Bressane: apresentação de uma poética”. Revista Alceu. v. 6, n.12, p. 5-26, jan./jun. 2006. Disponível em: http://revistaalceu-acervo.com.puc-rio.br/media/alceu_n12_Xavier.pdf Acesso em: 04 maio 2020.

Downloads

Publicado

2022-03-08