Narrar para negar: a busca por um alto e puro amor ou a intransitividade do verbo amar
DOI:
https://doi.org/10.5007/2176-8552.2021.e85555Palavras-chave:
Literatura brasileira, modernismo, prosa, Mário de Andrade, Barreto FilhoResumo
Amar, verbo intransitivo - idílio, romance de Mário de Andrade publicado em 1927, e Sob o olhar malicioso dos trópicos, romance de Barreto Filho publicado em 1929, são duas obras que, apesar de sua proximidade temporal, não poderiam estar mais distantes em sua proposição estética: a primeira, filiada ao modernismo paulista de 22; a segunda, ao movimento espiritualista. A proposição deste artigo de colocar essas obras tão díspares lado a lado é o tema que compartilham: a moral sexual, ou ainda, a inconciliação entre amor e sexo. Assim, o romance de Mário de Andrade tem por protagonista Fräulein Elza que, sendo contratada para fazer a iniciação sexual de Carlos, filho de uma tradicional família paulistana, define-se como “professora de amor”; ao passo que, no romance de Barreto Filho, embora o protagonista André Lins não almeje outra coisa senão o amor elevado, é o “olhar malicioso” o cerne e presença imperativa do início ao fim da narrativa. São, portanto, dois romances tensionados entre amor e sexo, em que, para se buscar o primeiro, nega-se o segundo, fornecendo, desse modo, uma interessante perspectiva da ficcionalização da moral sexual que tanto ocupará as páginas de nossa prosa nos anos seguintes.
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