Miss Ciclone e a Semana de Arte Moderna

Autores

  • Tereza Virginia de Almeida Universidade Federal de Santa Catarina image/svg+xml

DOI:

https://doi.org/10.5007/2176-8552.2023.e94516

Palavras-chave:

Modernismo brasileiro, diário coletivo, Miss Ciclone

Resumo

O artigo tematiza a figura de Daisy, uma jovem normalista que frequentou uma garçonnière mantida por Oswald de Andrade, à Rua Libero Badaró, em São Paulo, no ano de 1918, alguns poucos anos, portanto, da Semana de Arte Moderna que aconteceu em 1922. Lá se produz um livro a várias mãos, um diário coletivo, O Perfeito cozinheiro das almas deste mundo, que veio a ser publicado apenas na década de 1980 em edição fac-similar sendo, mais tarde, incorporado às Obras Completas de Oswald de Andrade. No diário, Daisy escreve sob o pseudônimo de Miss Ciclone. E acaba por se tornar o centro do livro, já que os rapazes que escrevem no livro são todos fascinados pela feminilidade misteriosa que Miss Ciclone representa.  Amante de Oswald à época, Daisy vem a falecer de um aborto em 1919. O caso Miss Ciclone leva a reflexões acerca da posição das mulheres na sociedade da época e em particular às ausências de representantes femininas na Literatura na Semana de Arte Moderna.  O artigo procura demonstrar como o patriarcalismo foi mais forte que as inovações que foram expostas na Semana de Arte Moderna.

Biografia do Autor

Tereza Virginia de Almeida, Universidade Federal de Santa Catarina

Graduada em Português-Literatura pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro em 1985, Tereza Virginia de Almeida é mestre em Literatura Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1991). Doutorou-se na PUC/Rio em 1995, sob orientação da Profa. Dra. Heidrun Krieger Olinto, tendo pesquisado a parte experimental de sua tese, A ausência lilás da Semana de Arte Moderna: o olhar pós-moderno, sob supervisão da teórica Linda Hutcheon na Universidade de Toronto no Canadá entre os anos de 1993 e 1994. Entre 1996 e 2006, atuou como Professor Adjunto de Literatura Brasileira da Universidade Federal de Santa Catarina. Desde 2006, é Professor Associado em Literatura Brasileira na mesma instituição. Publicou sua tese em 1998 pela Editora Letras Contemporâneas. Em 1999, esteve em estágio de pós-doutorado junto à Universidade de Stanford nos Estados Unidos, sob supervisão de Hans Ulrich Gumbrecht e Jeffrey Schnapp. Em 2000, iniciou suas pesquisas no âmbito da música popular brasileira e trabalhou ativamente na extensão universitária através do Projeto Floripa m composição. Em 2004, criou junto ao Centro de Comunicação e Expressão da UFSC o Núcleo de Estudos Poético-Musicais, o Nepom (http://www.nepom.ufsc.br), que coordenou até 2009. Ainda no Nepom, atua como editora da Revista de Estudos Poético-Musicais (http://www.repom.ufsc.br). Atualmente, se dedica tanto em sua pesquisa quanto em suas orientações de mestrado e doutorado, às diferenciadas formas de relação entre música e literatura. É, ainda, coordenadora do Dicionário de Música Popular em Santa Catarina, dicionário on line, desenvolvido como projeto dedicado à iniciação científica. Tereza Virginia é poeta, compositora e cantora. Lançou em 2008 o Cd Tereza Virginia e em 2011 o Cd Aluada e o DVD A Outra, ambos resultados do Prêmio Elizabete Anderle, da Fundação Catarinense de Cuitlura.

Referências

ANDRADE, Oswald de. A utopia antropofágica. 2.ed., São Paulo, Globo, 1995.

ANDRADE, Oswald de. O perfeito cozinheiro das almas deste mundo. São Paulo, Globo, 1992.

ANDRADE, Oswald de. Um homem sem profissão sob as ordens de mamãe. 2.ed., São Paulo, Globo, 1990.

BOAVENTURA, Maria Eugenia. 22 por 22: A Semana de arte Moderna vista por seus contemporâneos. 2.ed., São Paulo, Edusp, 2008.

BRITO, Mario da Silva. História do modernismo brasileiro I: antecedentes da Semana de Arte Moderna. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1964.

DEL PICCHIA, Menotti. A “semana revolucionária”. Organização de Jácomo Mandatto. Campinas, Pontes, 1992.

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Publicado

2024-04-11

Edição

v. 2 n. 36 (2023): Modernismo brasileiro 100+1: crítica, heranças, perspectivas (vol.2)

Seção

Modernismo brasileiro 100 anos: crítica, heranças, perspectivas

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