A conquista de um lirismo de libertação: uma leitura de Libertinagem, de Manuel Bandeira
DOI:
https://doi.org/10.5007/2176-8552.2023.e94696Palavras-chave:
Manuel Bandeira; Libertinagem; Lirismo de libertaçãoResumo
Este artigo pretende realizar uma leitura de Libertinagem, quarto livro de poesia de Manuel Bandeira, partindo da hipótese de que, nessa obra, se pode vislumbrar a conquista de um lirismo de libertação, o qual propicia uma libertinagem poética que não se reduz à desordem, sem um significado maior. Em verdade, essa libertinagem se constitui como uma travessia por temas e formas distintos, os quais conduzem o leitor a possibilidades que não cabem em conceituações. Para isso, privilegiaremos, em diálogo com o pensamento de Martin Heidegger acerca do poético, a escuta do dizer da linguagem que ressoa nos poemas interpretados, sem a adoção de métodos interpretativos previamente formulados, pois compreendemos a interpretação como um exercício de deixar a obra falar por si mesma, não como a imposição de teorias prévias a seu manifestar. Por fim, também dialogaremos com autores que compõem a fortuna crítica de Bandeira e com outros que, de algum modo, contribuam para uma jornada interpretativa que vá além da inegável importância de Libertinagem para o Modernismo Brasileiro, vislumbrando, assim, algumas de suas possibilidades: a grave reflexão, o fino humor, a percepção criativa do cotidiano, a evocação poética do passado e o desejo por escrever um último poema.
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