A Bossa Nova e a Música Nova: reflexos do Modernismo brasileiro na obra de Gilberto Mendes

Autores

  • Rita de Cássia Domingues dos Santos Universidade Federal de Mato Grosso image/svg+xml
  • Rodrigo Vicente Rodrigues Universidade de São Paulo image/svg+xml
  • Raphael Fernandes Lopes Farias Universidade Federal de Mato Grosso image/svg+xml

DOI:

https://doi.org/10.5007/2176-8552.2023.e94748

Palavras-chave:

Movimento Música Nova, Gilberto Mendes, Modernismo brasileiro, Bossa Nova

Resumo

Este artigo apresenta uma reflexão sobre alguns índices de modernidade na arte brasileira, com enfoque na música. Observou-se como o(s) modernismo(s) brasileiro(s) operou negociações entre o regional e o estrangeiro e como as imagens de brasilidade foram agenciadas em sua circulação internacional até os anos 1960, nos quais emerge a Bossa Nova. Esta foi entendida como ponto de inflexão para os desdobramentos estéticos em imagens visuais e sonoras. Nesse sentido, destaca-se o compositor Gilberto Mendes, que se apropria desse gênero, visto como representante de certa noção de brasilidade, e usa os ideais modernistas do Movimento Música Nova, numa confluência do local e do internacional. Como exemplos desse processo, foram analisadas as obras Diálogo de Ruptura e Viva Villa II e, para tanto, foi utilizada uma metodologia interdisciplinar e qualitativa, abarcando revisão bibliográfica e análise musical, além de trazer majoritariamente contribuições da História da Arte e da Musicologia. Pretende-se, assim, contribuir para uma visão mais reflexiva e crítica do modernismo musical brasileiro, bem como para uma perspectiva abrangente das influências da Bossa Nova na nossa música de concerto, em um modo de análise que toca problemáticas que a própria formação social, étnica, cultural, política e econômica do País encerra.

Biografia do Autor

Rodrigo Vicente Rodrigues, Universidade de São Paulo

Doutorando e mestre em História da Arte pela Universidade de São Paulo; bacharel e licenciado em letras pela mesma instituição.

Raphael Fernandes Lopes Farias, Universidade Federal de Mato Grosso

Doutor e mestre em Comunicação e Cultura Midiática. Bacharel em Comunicação Social e licenciado em Música. Pesquisador no Centro de Estudos em Música e Mídia e no grupo de pesquisa ContemporArte (UFMT).

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Publicado

2024-04-11

Edição

Seção

Modernismo brasileiro 100 anos: crítica, heranças, perspectivas