Cópia, aventura e invenção em Pau Brasil, de Oswald de Andrade

Autores

  • Larissa Costa da Mata Universidade Federal Rural do Semi-Árido image/svg+xml

DOI:

https://doi.org/10.5007/2176-8552.2023.e95881

Palavras-chave:

Reprodutilibilidade, Crise do verso, Poesia pau brasil, Oswald de Andrade

Resumo

Este ensaio investiga o contato de Oswald de Andrade, em Pau brasil (1925), com a literatura moderna, dedicada à “crise” do verso como condição de emergência do poema. Partindo de ensaios críticos publicados pelo autor na década de 1940 e da leitura desse poeta por Manuel Bandeira e pelos irmãos Campos, compreende-se Andrade como parte de uma linhagem a que também pertencem Stéphane Mallarmé e o barroco. Essa se vale do nexo entre palavra e imagem, bem como da reprodução como procedimentos criativos. Por fim, este texto se debruça sobre as afinidades entre a viagem, a cópia e a invenção em Oswald de Andrade, analisando especialmente o fragmento PERO VAZ CAMINHA, do livro de 1925, em diálogo com interpretações semelhantes da tradição colonial no modernismo e na contemporaneidade. Compreende-se que, com esse texto, o poeta modernista reconstitui uma proximidade entre a noção de começo e de fim do poema, em consonância com a concepção benjaminiana de origem, o que deslocaria o seu livro de uma interpretação nacionalista da vanguarda a que pertenceu.

Palavras-chave: Reprodutibilidade; crise de verso; origem; poesia pau brasil; Oswald de Andrade.

Referências

AMARAL, Tarsila. Pintura pau-brasil e antropofagia. Revista Anual do Salão de Maio – RASM, n. 1, São Paulo, 1939.

ANDERMANN, Jens. Tierras en trance: Arte y naturaleza después del paisaje. Santiago: Metales Pesados, 2018.

ANDRADE, Mário de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. São Paulo: Agir, 2008.

ANDRADE, Mário de. O movimento modernista. In: ANDRADE, Mário de. Aspectos da literatura brasileira. 4. ed. São Paulo: Martins; Brasília: INL, 1972. p. 231-256.

ANDRADE, Oswald de. Estética e política. Organização de Maria Eugênia Boaventura. São Paulo: Globo, 1991. (Obras Completas, v. 16).

ANDRADE, Oswald de. Manifesto poesia pau brasil. In: TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda europeia & modernismo brasileiro. Apresentação e crítica dos principais manifestos vanguardistas. 19. ed. rev. ampl. Petrópolis-RJ: Vozes, 2009. p. 472-478.

ANDRADE, Oswald de. Pau-Brasil. Edição fac-similar. Caixa Modernista. Belo Horizonte: UFMG; São Paulo: USP; Imprensa Oficial, 2003.

BANDEIRA, Manuel. Apresentação da poesia brasileira seguida de uma antologia de versos. 2. ed. aumentada. Rio de Janeiro: Casa do Estudante, 1954.

BANDEIRA, Manuel. Guia de Ouro Preto. Ilustrações de Luís Jardim. Rio de Janeiro: Ediouro, n. D. (Coleção Prestígio).

BANDEIRA, Manuel. O centenário de Stéphane Mallarmé (1942). In: BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Org. André Seffrin. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2009. p. 1134-1148.

BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política. Ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução de Sergio Paulo Rouanet e prefácio de Jeanne Marie Gagnebin. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

BENJAMIN, Walter. Origem do drama trágico alemão. Tradução de João Barrento. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.

CAMINHA, Pero Vaz de. Carta de achamento do Brasil. Introdução e modernização do texto: Sheila Hue. Campinas-SP: Unicamp, 2021.

CAMPOS, Augusto de. Mallarmé: o poeta em greve. In: CAMPOS, Augusto de; CAMPOS, Haroldo de; PIGNATARI, Décio. Mallarmé. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 1991. p. 23-30.

CAMPOS, Augusto de. Poesia, antipoesia, antropofagia & cia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. [Versão e-book].

CAMPOS, Haroldo de. Um relance de dados. In: CAMPOS, Augusto de; CAMPOS, Haroldo de; PIGNATARI, Décio. Mallarmé. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 1991. p. 115-175.

CAMPOS, Haroldo de. Uma poética da radicalidade. In: ANDRADE, Oswald de. Poesias reunidas. São Paulo: Companhia das Letras, 2017. P. 239-296.

CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. 16. ed. Rio de Janeiro: Ouro Sobre Azul; São Paulo: FAPESP, 2017.

CANDIDO, Antonio. Oswald viajante. In: CANDIDO, Antonio. Vários escritos. 2. ed. São Paulo: Duas Cidades, 1977.

COTA, Débora. Sobre barro, barroco e literatura ameríndia em Roça barroca, de Josely Vianna Baptista. Revista Humanidades e Inovação, Palmas, v. 6, n. 5, p. 199-206, 2019.

FONSECA, Maria Augusta da. Carta pras icamiabas. In: Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Ed crítica/ Telê Porto Ancona Lopez, coordenadora. Paris: Association Archives de la Littérature Latino-Américaine, des Caraïbes et Africaine du XXe Siècle; Brasília, DF: CNPq, 1988. (Coleção Arquivos, v.6).

FONSECA, Maria Augusta. Taí: é e não é. Cancioneiro pau brasil. Literatura e Sociedade, São Paulo, n. 7, p. 120-145, 2003/2004.

GARRAMUÑO, Florencia. Frutos estranhos: sobre a inespecificidade da estética contemporânea. Tradução de Paloma Vidal. Rio de Janeiro: Rocco Digital, 2014.

MALLARMÉ, Stéphane. Divagações. Tradução e apresentação de Fernando Scheibe. Florianópolis: UFSC, 2010.

MATOS, Gregório. Poemas escolhidos de Gregório de Matos. Seleção e prefácio de José Miguel Wisnik. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. [Versão e-book].

PASINI, Leandro. A Semana de 22 e a poesia: contradições e desdobramentos. Remate de Males, Campinas-SP, n. 33, p. 191-210, jan./dez. 2012.

PERLOFF, Marjorie. O gênio não original. Poesia por outros meios no novo século. Trad. de Adriano Scandolara. Belo Horizonte: UFMG, 2013.

SANTIAGO, Silviano. A ficção contemporânea e visionária de Adriana Varejão – para uma poética da encenação. In: VAREJÃO, Adriana. Adriana Varejão: entre carnes e mares = between flesh and oceans. Organização de Isabel Dieges; versão para o inglês de Stephen Berg. Rio de Janeiro: Cobogó, 2009. p. 73-84.

SANTIAGO, Silviano. Destinos de uma carta. In: Ora (direis) puxar conversa! Belo Horizonte: UFMG, 2006. p. 229-246.

SCHWARTZ, Jorge. O fervor das vanguardas. Arte e literatura na América Latina. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

Downloads

Publicado

2024-03-27

Edição

Seção

Modernismo brasileiro 100 anos: crítica, heranças, perspectivas