“O abominável homem dos trópicos”. Oswald de Andrade nas releituras de Haroldo de Campos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2176-8552.2023.e97791%20

Palavras-chave:

Haroldo de Campos, Oswald de Andrade, Modernismo, Releituras, Antropofagia

Resumo

 Ao afirmar que a obra de Oswald de Andrade, em particular o “Manifesto da Poesia Pau-Brasil” e o “Manifesto Antropófago”, constitui uma visão crítica da história como função negativa, capaz tanto de apropriação quanto de expropriação, Haroldo de Campos estabelece uma continuidade fundamental entre o gesto oswaldiano de reler o passado de um modo disruptivo ou sincrônico e o seu trabalho crítico-ensaístico de propor novos passados-presentes. Nessa esteira, partindo da leitura dos ensaios de Campos, este artigo, de um lado, investiga em que medida as releituras, ou “retrospecto contextual”, realizadas por Campos sobre a obra de Oswald de Andrade e o Modernismo brasileiro contribuem para revisar e rediscutir a cultura literária brasileira, ao propor uma outra tradição crítica e historiográfica e redimensionar as noções de literatura e de consciência nacional; e, de outro, interroga como a devoração desabusada do “abominável homem dos trópicos” contra as imposturas do civilizado concorreu para alargar o pensamento crítico do poeta concretista.

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Publicado

2024-03-27

Edição

Seção

Modernismo brasileiro 100 anos: crítica, heranças, perspectivas