Usos/desusos/abusos de termos sobre mobilidade internacional e trabalho: diálogos possíveis entre administração e antropologia
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-8077.2019v21n55p8Resumo
Este artigo teórico tem como objetivos discutir acerca dos principais termos e conceitos relativos à associação “mobilidade internacional e trabalho”, presentes na Administração e na Antropologia; e argumentar a favor do incremento do diálogo entre as áreas em prol do enriquecimento teórico-empírico relativo ao tema. Dentre os termos estudados estão expatriado, autoexpatriado, flexpatriado e gestores globais, na Administração; e imigrante, diáspora, transnacional e refugiado, na Antropologia. Cada área faz um recorte específico, o que pode promover classificações reducionistas da pluralidade da vida e mostrar-se tarefa inócua ao avanço do conhecimento, haja vista a velocidade das mudanças nas relações entre países, nas motivações de deslocamento mundial e nas configurações de trabalho. Argumenta-se a favor de que o ponto em comum aos indivíduos que atravessam fronteiras remeta ao vocábulo migração – todos são migrantes, emigrantes e imigrantes – pelo qual o diálogo poderá ilustrar a dimensão diversa de vida e trabalho destes indivíduos.Referências
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