O teatro do oprimido na saúde mental: "Isso é mais lombreiro que o uso da droga?!"

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Emanuella Cajado Joca
Ângela Maria Bessa Linhares

Resumo

Este artigo é um relato da experiência de execução do projeto Teatro do Oprimido na Saúde Mental de Fortaleza, que consistiu em momentos de aproximação com a proposta teatral vividos em dezesseis encontros com a participação de cem sujeitos, da rede psicossocial, divididos em quatro grupos. Objetiva-se capturar a produção de saber que o Teatro do Oprimido proporciona como terapêutica que se articula com a dimensão político-estética no cuidado psicossocial. Vimos que o âmbito teórico-prático do Teatro do Oprimido de Augusto Boal questiona as estruturas cristalizadas do saber e do poder na área da saúde mental, problematizadas pelo movimento antimanicomial, seja no campo interinstitucional, onde reverbera a loucura como sintoma social, como no pessoal. Concluo afirmando que, no TO: a) ao trazermos a fala dos sujeitos junto aos contextos de atuação social, onde ela se insere, minora-se o uso do medicamento como proposta terapêutica principal; b) o conjunto de estados biológicos tratados precipuamente a partir da visão medicamentosa tem funcionado substituindo a extensa gama de respostas humanas dos sujeitos aos seus problemas; c) a criação cênica oportuniza novas construções significantes, quando o sujeito sai do lugar de objeto do seu tratamento para o de sujeito de sua fala e ação nesta dramática de aprendizagens; d) mediante ação reflexionante vivida cenicamente o sujeito elabora transformações, ao conceber imagens de transição e devires.

Detalhes do artigo

Como Citar
JOCA, Emanuella Cajado; LINHARES, Ângela Maria Bessa. O teatro do oprimido na saúde mental: "Isso é mais lombreiro que o uso da droga?!". Cadernos Brasileiros de Saúde Mental/Brazilian Journal of Mental Health, [S. l.], v. 8, n. 18, p. 157–169, 2016. DOI: 10.5007/cbsm.v8i18.69162. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/69162. Acesso em: 29 mar. 2024.
Seção
Trabalho com Cultura e Arte: Implicações em Saúde Mental e Atenção Psicossocial
Biografia do Autor

Emanuella Cajado Joca, Universidade Estadual do Ceara

Mestranda em Saúde Coletiva (Universidade Estadual do Ceara/Programa de pós-graduação em saúde coletiva), Residência em Saúde Mental Coletiva (Escola de saúde Publica do ceara), Multiplicadora de Teatro do Oprimido, Psicodramatista (Instituto de Psicodrama e Máscaras do Ceará) e Psicóloga (Universidade Federal da Paraiba) 

Ângela Maria Bessa Linhares, Universidade Federal do Ceara

Professora titular da Universidade Federal do Ceara (UFC). Docente do programa de pós-graduação da Faculdade de Medicina e da Faculdade de Educação da UFC. Membro da articulação Nacional de Educação popular em Saúde.