Gerenciamento de resultados em entidades fechadas de previdência complementar
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-8069.2022.e81398Palavras-chave:
Comportamento Oportunístico, Conflito de Agência, Contingências Judiciais, Gerenciamento de Resultados, Planos PrevidenciáriosResumo
Este artigo tem como objetivo avaliar a existência de gerenciamento de resultados (GR) em planos previdenciários das entidades fechadas de previdência complementar (EFPC) brasileiras. A hipótese de GR foi testada por meio de um modelo de accruals específicos, usando, dentre outras, a variável “resultado anual excluído as contingências judiciais”, para explicar a variável dependente “provisões para contingências judiciais”, em uma amostra com 5.892 observações. Foi possível verificar que a primeira explica a segunda e esse relacionamento é positivo, o que é um argumento favorável à hipótese de GR. Os achados sugerem que as EFPC escolhem fazer provisões quando os planos tendem a ser superavitários antes do reconhecimento dessas provisões e realizam reversões quando uma situação de déficit pode ser divulgada. Ou seja, existem indícios de que os gestores atuam de maneira oportunística para melhorarem artificialmente a saúde econômica dos planos, suavizando ou ocultando eventuais resultados negativos de seus participantes.
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