A peça "Mãe" de José de Alencar: um olhar sobre o lugar da mãe escravizada no Brasil do século XIX
DOI:
https://doi.org/10.5007/1806-5023.2025.e106943Palavras-chave:
José de Alencar, Escravidão, Gênero e Colonialidade, Maternidade, Pensamento ConservadorResumo
José de Alencar foi um importante intelectual e político do século XIX. No conjunto da sua obra, encontram-se romances, escritos políticos, textos jurídicos, peças de teatro etc. Dentre estas últimas destaca-se a peça “Mãe”, encenada na Corte em 1860, que tratava diretamente do tema da escravidão. A peça colocava em cena uma mulher – negra, escravizada e mãe – que se sacrificava em favor de seu filho. Por sua composição e enredo, a peça permite pensar questões sociais (escravidão), raciais (relações entre brancos e negros) e de gênero (os papéis femininos), no interior da Sociedade Brasileira do século XIX. Nesse sentido, propõe-se aqui tomar a peça “Mãe” como objeto de análise na tentativa refletir sobre a representação do lugar de certas categorias sociais, em particular, o lugar da mulher negra escravizada e mãe, sob a ótica de uma figura marcante do pensamento conservador brasileiro dos oitocentos. Para isso, foi realizada a análise textual e contextual da peça, acompanhada pelo diálogo com outros textos do próprio Alencar e mediada pelo debate conceitual sobre gênero e colonialidade.
PALAVRAS-CHAVE: José de Alencar; Escravidão; Gênero e Colonialidade; Maternidade; Pensamento Conservador.
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