Cartas da província: memorialística e convenções intelectuais na correspondência de Eduardo Campos
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7976.2024.e100082Palavras-chave:
Clã (revista), Eduardo Campos, Linguagens políticasResumo
Este artigo discute como o escritor Eduardo Campos concebia sua prática intelectual e, em função dela, elaborou uma memorialística em torno de sua rede epistolar. Para tanto, contrasta os conceitos e retóricas presentes em Cartas de Afeição, breve volume que constitui a compilação de sua correspondência passiva, com a linguagem política praticada pelo grupo CLÃ, um círculo de letrados no qual o autor esteve inserido. Percebe-se que as narrativas em torno do movimento, fundamentaram um sentimento de distinção, uma identificação coletiva que perdurou por muito tempo e que se caracteriza por excluir as dinâmicas e os vínculos históricos inerentes à prática artística desses escritores, promovendo a consagração de suas trajetórias através do esquecimento, da abstração e da idealização de seus laços familiares, políticos e sociais.
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