Cartas da província: memorialística e convenções intelectuais na correspondência de Eduardo Campos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7976.2024.e100082

Palavras-chave:

Clã (revista), Eduardo Campos, Linguagens políticas

Resumo

Este artigo discute como o escritor Eduardo Campos concebia sua prática intelectual e, em função dela, elaborou uma memorialística em torno de sua rede epistolar. Para tanto, contrasta os conceitos e retóricas presentes em Cartas de Afeição, breve volume que constitui a compilação de sua correspondência passiva, com a linguagem política praticada pelo grupo CLÃ, um círculo de letrados no qual o autor esteve inserido. Percebe-se que as narrativas em torno do movimento, fundamentaram um sentimento de distinção, uma identificação coletiva que perdurou por muito tempo e que se caracteriza por excluir as dinâmicas e os vínculos históricos inerentes à prática artística desses escritores, promovendo a consagração de suas trajetórias através do esquecimento, da abstração e da idealização de seus laços familiares, políticos e sociais.

Biografia do Autor

Plauto Daniel Santos Alves, Secretaria de Educação Básica do Estado do Ceará

Possui graduação em história pela Universidade Federal do Ceará (2012) e mestrado em Historia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2015). Atualmente é professor da Secretaria de Educação Básica do Estado do Ceará. Tem experiência na área de História, com ênfase em História Intelectual, atuando principalmente nos seguintes temas: grupos intelectuais e literatura brasileira.

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Publicado

2024-08-06

Como Citar

Daniel Santos Alves, P. (2024). Cartas da província: memorialística e convenções intelectuais na correspondência de Eduardo Campos. Esboços: Histórias Em Contextos Globais, 31(56), 56–68. https://doi.org/10.5007/2175-7976.2024.e100082

Edição

Seção

Artigo