Raça, mestiçagem e designações sociorraciais no romance O mulato, de Aluísio Azevedo (1850-1881)

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.5007/2175-7976.2019v26n41p149

Resumen

Neste artigo propõe-se uma leitura histórica do romance O mulato (1881), de Aluísio Azevedo. A metodologia adotada é o contextualismo: analisamos a primeira edição do romance em meio ao contexto coevo de discussões entre os periódicos maranhenses O Pensador e Civilização, respectivamente, órgãos de imprensa do círculo intelectual de Aluísio e do clero local. Procuramos demonstrar que Aluísio recorreu a alegorias e representações historiográfico-memorialísticas para construir a semântica sociorracial do romance e dialogou com os intelectuais da sua época, posicionando-se contra as teses de degeneração racial dos mestiços e favoráveis à ideologia do branqueamento racial.

Biografía del autor/a

Daniel Precioso, Universidade Estadual de Goiás

Doutor em História pela Universidade Federal Fluminense. Professor efetivo do curso de História da Universidade Estadual de Goiás

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Publicado

2019-01-30

Cómo citar

Precioso, D. (2019). Raça, mestiçagem e designações sociorraciais no romance O mulato, de Aluísio Azevedo (1850-1881). Esboços: Historias En Contextos Globales, 26(41), 149–178. https://doi.org/10.5007/2175-7976.2019v26n41p149

Número

Sección

Artículo