O Colégio Jesuíta no contexto do século XVI: formação de um novo homem
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7976.2017v24n37p167Resumo
A partir do século XVI, os colégios religiosos iniciam a sua tentativa de formar mestres e discípulos dentro do ideário religioso preconizado e dentro de uma lógica contrarreformista. A Companhia de Jesus foi uma das Ordens que mais apostou no ensino, defendendo que a educação do jovem podia promover uma nova sociedade católica. Assim, a Ordem recorreu, como estratégia de evangelização, a utilização de instrumentos normativos e homogeneizadores, tais como a RatioStudiorum, ou o uso do modus parisiensis. De acordo com Durkheim (1955), cada sociedade constrói um modelo de homem ideal, quer do ponto de vista intelectual, quer do ponto de vista físico e moral. Esse ideal, ao mesmo tempo uno e diverso, constitui a parte básica da instrução. Este artigo mostra como o colégio jesuíta inculcou normas civilizadoras, de acordo com as teorias de Norbert Elias, de forma a intervir na sociedade do seu tempo e a moldar o caráter ideal de um novo homem.
Referências
ARIÈS, Phillipe. História Social da Família e da Criança. 2.ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara,1981.
ARNAUT DE TOLEDO, Cézar de Alencar. Razão de Estudos e Razão Política: um estudo sobre a Ratio Studiorum. In: Acta Scientiarum. Maringá, vol. 22, n.º 1, 2000.
ARNAUT DE TOLEDO, Cézar de Alencar; RUCKSTADTER, Flávio Massami Martins. A Filosofia Educacional dos Jesuítas nas Cartas do Pe. José de Anchieta. In: Acta Scientiarum. Maringá, vol. 25, n.º 2, 2003.
CHERVEL, André, COMPÈRE, Marie-Madeleine. As Humanidades no Ensino. Educação e Pesquisa. São Paulo: Universidade de São Paulo, vol. 25, n.º 2, 1999.
CÓDIGO PEDAGÓGICO DOS JESUÍTAS. Ratio Studiorum da Companhia de Jesus. Introdução, versão portuguesa e notas de Margarida Miranda. Lisboa: Esfera do Caos, 2009.
COMPÈRE, Marie-Madeleine. Du Collège au Lycée (1500-1850). Paris: éditions Gallimard/Julliard, 1976.
DURKHEIM, Émile. A Evolução Pedagógica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
DURKHEIM, Émile. Educação e Sociologia. Trad. Lourenço Filho. 4.ª ed. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1955.
ELIAS, Norbert. O Processo Civilizador: formação do Estado e Civilização. Trad. Ruy Junomann. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, vol 2, 1998.
FRANCO, José Eduardo. Século XVI. In: FRANCO, José Eduardo, CALAFATE, Pedro (coord.). A Europa segundo Portugal: Ideias de Europa na Cultura Portuguesa, século a século.
GOMES, Manuel Pereira, s.j. Sto. Inácio e a Fundação de Colégios. Gracos, 1996.
HAMILTON, David. Towards a Theory of Schooling. London, New York, Philadelphia:The Falmer Press, 1989.
HANSEN, João Adolfo. Ratio Studiorum e Política Católica Ibérica no Século XVII. In: VIDAL, Diana Gonçalves; HILSDORF, Maria Lúcia Spedo (orgs). Tópicos em História da Educação. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2001.
JOUVENCY, J. De la Maniere d’Apprendre et d’Enseigner (De Ratione Discendi et Docendi). Paris: Hachette, 1900.
JULIA, Dominique. Disciplinas Escolares: Objetivos, Ensino e Apropriação. In: LOPES, Alice Casimiro, MACEDO, Elizabeth (orgs.). Disciplinas e Integração curricular: história e políticas. Rio de Janeiro: DP&A editora, 2002
LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, tomo X, 1949. LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, tomo VII, 1949.
MIR, Gabriel Codina. Aux Sources de la Pédagogie des Jésuites. Le Modus Parisiensis. Roma: Institutum Historicum Societatis Jesu, 1968.
MIRANDA, Margarida. Ratio Studiorum: uma nova hierarquia de saberes. In: CÓDIGO PEDAGÓGICO DOS JESUÍTAS. Ratio Studiorum da Companhia de Jesus. Introdução, versão portuguesa e notas de Margarida Miranda. Lisboa: Esfera do Caos, 2009.
NÓVOA, António. Le Temps des Professeurs. Vols. I e II. Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica, 1987.
NÓVOA, António. Uma Educação que se diz ‘Nova’. In: CANDEIAS, António; NÓVOA, António; FIGUEIRA, Manuel Henrique. Sobre a Educação Nova: cartas de Adolfo Lima a Álvaro Viana de Lemos. Lisboa: Educa, 1995.
PAIVA, José Maria de. O Método Pedagógico Jesuítico: uma análise do Ratio Studiorum. Viçosa: Oficinas Gráficas da Imprensa Universitária da Universidade Federal de Viçosa, 1981.
PETITAT, André. Produção da Escola/Produção da Sociedade: análise sócio-histórica de alguns momentos decisivos da evolução escolar no Ocidente. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
RAMOS DO Ó, Jorge. O Governo de Si Mesmo: modernidade pedagógica e encenações disciplinares do aluno liceal (último quartel do século XIX – meados do século XX). Lisboa: EDUCA, 2003.
REVEL, Jaques. Os usos da civilidade. In: ARIÈS, Philippe, CHARTIER, Roger (orgs.). História da Vida Privada - Da Renascença ao Século das Luzes. Trad. Hildegard Feist. São Paulo: Companhia de Bolso, vol. 3, 2009.
SANTOS, Fernanda. O Colégio da Bahia: uma (quase) universidade na América Portuguesa (1556-1763). Lisboa: Theya editores, 2015.
VARELA, Julia. Modos de Educacion en la España de la Contrarreforma. Madrid: Las Ediciones de La Piqueta, 1983.
WRIGHT, Jonathan. Os Jesuítas: as Missões, Mitos e Histórias. Rio de Janeiro: editoraRelume, 2006.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A reprodução dos textos editados pela Esboços: histórias em contextos globais é permitida sob Licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0). Será pedido aos autores que assinem a licença de acesso aberto antes da publicação.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Os autores cedem à revista eletrônica Esboços: histórias em contextos globais (ISSN 2175-7976) os direitos exclusivos de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0).
- Essa licença permite que terceiros final remixem, adaptem e criem a partir do trabalho publicado desde que atribua o devido crédito de autoria e publicação inicial neste periódico.
- Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional, em site pessoal, publicar uma tradução ou como capítulo de livro).
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.