Utilitarismo de regras ou atos em John Stuart Mill

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1677-2954.2025.e108953

Palavras-chave:

Utilitarismo, Filosofia Moral, Mill, Liberalismo

Resumo

Este artigo explora a recorrente tentativa de associar a filosofia moral de John Stuart Mill ao utilitarismo de regras ou atos. Ambas as interpretações possuem vantagens explicativas quando vistas a luz de teorias utilitaristas contemporâneas, mas não parecem ter alicerce bibliográfico, se comparadas com as justificativas morais que demandariam um apelo intuicionista ao formato concorrente. Explicamos os conceitos gerais de ambas as linhas e expomos os principais intérpretes de Mill, a saber: Donner e Miller aderem a opção do chamado “hedonismo qualitativo”, existente desde Urmson, logo, preferem a posição do utilitarismo de regras; Crisp e Brink, por sua vez, se filiam a interpretação do utilitarismo de atos em face da conexão com a justiça ser indiferente a qualidade dos prazeres envolvidos. Expostos os cenários, ponderamos que não se trata de fazer uma escolha interpretativa, mas de encontrar aderência da argumentação moral de Mill com outros elementos da vida pública que necessariamente colidem com o tema da classificação canônica entre utilitarismo de regras e atos. Tentamos demonstrar, assim, uma vantagem em ignorar a disputa em questão e tratá-la como um caso natural ao próprio intuicionismo proposto por Mill, com suas vantagens próprias.

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Publicado

2025-11-19

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Artigos