A questão da mulher em Rousseau e as críticas de Mary Wollstonecraft

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1677-2954.2019v18n3p357

Resumo

Rousseau foi um dos maiores expoentes da intelectualidade europeia do século XVIII e que, juntamente com os demais, não escapou de reproduzir em seus escritos a visão da família patriarcal, sobretudo no Emílio. Wollstonecraft foi uma escritora e filósofa inglesa, conhecida defensora dos direitos das mulheres, que criticou Rousseau. O presente texto procura discutir diferenças e aproximações entre os dois, buscando ressaltar que o filósofo genebrino contribuiu com o debate, mesmo sem ter discutido o tema diretamente. Também procura demonstrar que é um equívoco interpretá-lo como um antifeminista ou alguém que tenha sido contrário à educação da mulher, tal como o fez Wollstonecraft em seu livro A vindication of the rights of woman.

Biografia do Autor

Wilson Alves de Paiva, UFG

Doutor em Filosofia da Educação, pela USP, com pós-doutorado na University of Calgary (Canadá). Mestre em Filosofia Ética e Política, pela UFG, especialista em Educação, pela FACINTER e graduado em Pedagogia pela UFPA. Professor da Faculdade de Educação da UFG e do PPGE - Programa de Pós-Graduaçao em Educação da UFG (stricto sensu). É especialista em Rousseau, como foco na obra "Emílio ou da Educação". É membro da Rousseau Association, da Societé Jean-Jacques Rousseau, da Sociedade Portuguesa de Filosofia, da ABES18 e além de outras associações e grupos de pesquisa no Brasil e no exteior. Foi editor da Revista Vita et Sanitas (FUG) e da Revista EducAtiva (PUC). Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Fundamentos da Educação, Filosofia Educação, Ensino de filosofia, Filosofia para crianças e adolescentes,Teorias educacionais, cultura e educação, educação brasileira, jesuítas, colonização, filosofia política, democracia, Rousseau, descentralização educacional, municipalização do ensino, políticas públicas, política e escola. Foi professor visitante na Facultad de Filosofía da Universidad Autónoma de Madrid (Espanha) e na Werklunk School of Education da University of Calgary (Canada).

Referências

AUSTEN, Jane (2009). Razão e Sensibilidade. São Paulo: Martin Claret, 2009.

BADINTER, Elisabeth. Émilie, Émilie: a ambição feminina no século XVIII. Trad. Celeste Marcondes. São Paulo: Discurso Editorial: Duna Dueto: Paz e Terra, 2003.

BERNIER, Oliver. The Eighteenth-century woman. Garden City: New York: Doubleday & Company Inc., 1981.

BURKE, Edmund. Reflexões sobre a Revolução na França. Trad. apres. e notas de José M. N. Soares. São Paulo: EDIPRO, 2014.

DAMROSCH, Leo. Jean-Jacques Rousseau: restless genius. Boston: New York: Houghton Mifflin Company, 2007.

DERATHÉ, Robert. Jean-Jacques Rousseau e a ciência política de seu tempo. Trad. Natália Maruyama. São Paulo: Editora Barcarolla: Discurso Editorial, 2009.

DIDEROT, Denis. Enciclopédia, ou Dicionário razoado das ciências, das artes e dos ofícios. V. 5: Sociedade e artes. Trad. Maria das Graças de Souza (et al.). São Paulo: Editora Unesp, 2015.

DIDEROT, Denis. Sur les femmes. Paris: Léon Pichon, 1919.

EPINAY, Louise Tardieu d’Esclavelles. Les conversations d’Émilie. (2 volumes) Paris: Chez Humblot, 1781.

EPINAY, Louise Tardieu d’Esclavelles. The conversations of Emily. Translated from the French of Madame la Comtesse d'Epigny. In two volumes, vol. 1 (London: John Marshall and Co., 1787) ix.

FÉNELON, François. De l´éducation des filles. 1687. 2a. ed. Paris: Librairie Achette et Cia., 1909.

FLORESTA, N. Direitos das mulheres e injustiça dos homens. São Paulo: Editora Cortez, 1989.

GOODMAN, Dena. Enlightenment Salons: The Convergence of Female and Philosophic Ambitions. Eighteenth-Century Studies, Vol. 22, No. 3, Special Issue: The French Revolution in Culture. (Spring, 1989), pp. 329-350.

GOODMAN, Dena. Becoming a woman in the age of letters. Ithaca and London: Cornell University Press, 2009.

GOUGES, Olympe de. Declaration des droits de la femme et de la citoyenne. 1791. http://www.siefar.org/wp-content/uploads/2015/09/Gouges-Déclaration.pdf. Acessado em 17₢08/2017.

GOUNCOURT, Edmond et Jules de. La femme au dix-huitième siècle. Paris: EJG, 1862.

GRACE, Eve & KELLY, Christopher. Rousseau on women, love, and family. Hanover: London: University Press of New England, 2009.

GRÉARD, Octave. L’éducation des femmes par les femmes. Troisième édition, Paris: Hachette, 1889.

GREGORY, John. A father’s legacy to his daughters. London: Wood & Innes, 1808.

LANGE, Lynda (org.). Feminist interpretations of Jean-Jacques Rousseau. Pennsylvania: The Pennsylvania State University Press, 2002.

LARRÈRE, Catherine. Locke et Rousseau: la place de femmes. In Annales de la Société Jean-Jacques Rousseau, T. V, Genève: Droz, 2012.

L’AMINOT, Tanguy. La critique féministe. In: CLARK, Lorraine & GUY, Lafrance (editors). Rousseau and cristicism/Rousseau et la critique. Pensée Libre, n. 5. Ottawa: 1995.

LEME, Violeta. O calvário de uma professôra. 2a. edição. São Paulo: Gráfica Mercúrio, 1952.

LOMBROSO, Gina. La femme dans la société actuelle. Paris: Payot, 1929.

MACKENZIE, Catriona. Mary Wollstonecraft: An Early Relational Autonomy Theorist? In: BERGÈS, Sandrine and COFFEE, Allan (eds.) The social and political thought of Mary Wollstonecraft. Oxford: Oxford University Press, November 2016 , pp. 183 – 200.

MARMONTEL, Jean-François. Mémoires de Marmontel, avec préface, note e table par Maurice Tourneau. Paris: Librarie des bibliophiles, 1891, vol. I.

MILL, Stuart. A sujeição das mulheres. Coimbra: Almedina, 2006.

OZOUF, Mona. Women’s words: essay on French singularity. Chicago & London: The University of Chicago Press, 1997.

PAIVA, Wilson Alves de. Progresso e depravação: a cultura como remédio. Revista Kriterion, Belo Horizonte, no 134, Ago./2016, p. 421-440.

PIAU-GILLOT, Colette. Le discours de Jean-Jacques Rousseau sur les femmes, et sa réception critique. In: Dix-huitième Siècle, n°13, 1981. Juifs et judaïsme. pp. 317-333; doi : https://doi.org/10.3406/dhs.1981.1346 https://www.persee.fr/doc/dhs_0070-6760_1981_num_13_1_1346. Acessado em 20/03/2018.

PISSARRA, Maria Constança Peres. Rousseau – a política como exercício pedagógico. S. Paulo: Moderna, 2002.

PLATÃO. Teeteto - Crátilo. Trad. Carlos Alberto Nunes. 3a. ed. rev. Belém: EDUFPA, 2001.

PLATÃO. A República. Tradução de Enrico Corvisieri. São Paulo: Editora Nova Cultural, 2004. (Coleção Os Pensadores)

RICOEUR, P. A memória, a história, o esquecimento. Tradução de Alain François [et al.]. Campinas, SP: Unicamp, 2007.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Oeuvres complètes. 4v. Paris: Gallimard, 1964. (Bibliothéque de la Plêiade).

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emílio ou da educação. São Paulo: DIFEL, 1973.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. São Paulo: Nova Cultural: 1999. (Coleção Os Pensadores – Rousseau – Vol. II).

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Júlia ou a Nova Heloísa. Trad. Fulvia M. L. Moretto. 2a. ed. São Paulo: Editora Hucitec, 2006.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emile e Sophie ou os solitários. Edição bilíngüe (francês e português). Trad. Dorothée de Bruchard. Porto Alegre: Editora Paraula, 1994.

SOUZA, Cristiane Aquino de. A desigualdade de gênero no pensamento de Rousseau. Revista Novos Estudos Jurídicos. Vol. 20, n. 1, jan-abr. 2015.

STAROBINKSI, J. As máscaras da civilização: ensaios. Trad. Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

THOMAS, Antoine Léonard. O que é uma mulher?: um debate/A. L. Thomas, Diderot, Madame d’Epinay. Pref. Elisabeth Badinter; trad. Maria H. F. Martins. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.

THOMAS, Keith. O homem e o mundo natural. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.

VOLTAIRE. Dicionário filosófico. Os pensadores. Rio: Editora Abril, 1973.

WOLLSTONECRAFT, Mary. A vindication of the rights of woman. Mineola: New York: Dover Publications Inc., 1996.

WOLLSTONECRAFT, Mary. A vindication of the rights of men. New York: Prometheus Books, 1996.

WOLLSTONECRAFT, Mary. Thoughts on the education of daughters: with reflections on female conduct in the more important duties of life. London: Kessinger Legacy Reprints, 1787.

ZARETSKY, Robert & SCOTT, John T. The philosophers’ quarrel: Rousseau, Hume, and the limits of human understanding. New Haven and London: Yale University Press, 2009.

Downloads

Publicado

2019-12-31

Edição

Seção

Artigos