Para a defesa de uma ética ambiental antropocentrada

Autores

  • Magda Costa Carvalho Universidade dos Açores Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa

DOI:

https://doi.org/10.5007/1677-2954.2015v14n1p147

Resumo

Os debates produzidos pelas éticas ambientais contemporâneas tendem a recusar, na sua maioria, qualquer abordagem de fundo antropocêntrico, identificando esta postura com uma desvalorização absoluta da natureza em detrimento dos interesses humanos. Para além disso, é comum entenderem-se os interesses da espécie humana como uma instrumentalização abusiva do ambiente, sobretudo com a finalidade de produzir bem-estar social e económico.

A presente reflexão pretende contestar estas posições, promovendo uma distinção entre a legítima percepção e valorização da natureza a partir do ponto de vista humano e uma ilegítima atitude de arrogante desvalorização e instrumentalização do meio ambiente.

Procuraremos defender que o equilíbrio e a sustentabilidade bióticas dependem da promoção de uma atitude que tem sido caracterizada, entre os especialistas, como um antropocentrismo fraco ou moderado, e cujo alcance e potencialidades éticas não nos parecem ter recebido ainda a devida atenção.

Biografia do Autor

Magda Costa Carvalho, Universidade dos Açores Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa

Prof.ª Auxiliar na Universidade dos Açores

Membro do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa

 

Referências

R. Attfield. Beyond Anthropocentrism. Royal Institute of Philosophy Supplement, 69 (2011): pp. 29-46.

S. Berry, ed. Environmental Stewardship. Critical Perspectives, Past and Present. Edinburgh: Bloomsbury T&T Clark, 2006.

M. Costa Carvalho. Da integridade enquanto conceito ético: uma perspectiva ambiental, Confluências Bioéticas, Lisboa: Universidade de Lisboa, 2014, pp. 205-222.

R. Descartes. Discurso do Método. Lisboa: Edições 70, 2014.

E. C. Hargrove. Weak anthropocentric intrinsic value, The Monist, 75 (1992): pp. 183-207.

E. C. Hargrove; M. Costa Carvalho. On Environmental Philosophy: an interview with Eugene C. Hargrove, Kairos. Revista de Filosofia & Ciência, 11 (2014): pp. 139-161.

G. Hottois. Antropocentrismo. In Nova Enciclopédia da Bioética, ed. G. Hottois; J. M. Missa. Lisboa: Instituto Piaget, 2003.

I. Kant. Duties toward animals and spirits. In Keller, David R., ed. Environmental Ethics. The big questions. Oxford: Wiley-Blackwell, 2010.

E. Katz. A pragmatic reconsideration of anthropocentrism. Environmental Ethics, 21 (1999) 4: pp. 377-390.

H. Jonas. The phenomenon of life. Toward a philosophical biology. Illinois: Northwestern University Press, 2001.

H. Jonas. Le principe responsabilité. Une éthique pour la civilisation technologique. Paris: Flammarion, 1998.

A. Lalande. Vocabulaire technique et critique de la philosophie, Paris: Quadrige/Presses Universitaires de France, 1996.

A. Leopold. A Sand County Almanac and Sketches Here and There. Oxford: Oxford University Press, 1998.

L. Maffi, ed. On biocultural diversity. Linking language, knowledge, and the environment. Washington/London: Smithsonian Institution Press, 2001.

L. Maffi; E. Woodley. Biocultural diversity conservation. A global sourcebook. London: Earthscan, 2010.

B. Muraca. The Map of Moral Significance: a New Axiological Matrix for Environmental Ethics, Environmental Values, 20 (2011): pp. 375-396.

F. Nietzsche. Assim falava Zaratustra. Um livro para todos e para ninguém. Lisboa: Círculo de Leitores, 1996.

B. G. Norton. Environmental Ethics and Weak Anthropocentrism. Environmental Ethics, 6 (1984): pp. 131-48.

B. G. Norton (1991) Toward Unity Among Environmentalists. New York: Princeton University Press.

B. G. Norton. Why Preserve Natural Variety? Princeton: Princeton University Press, 1987.

P. Ricoeur. O discurso da Acção. Lisboa: Edições 70, 1988.

H. Rolston III. Philosophy Gone Wild. New York: Prometheus Books, 1989.

H. Rolston III. Value in Nature and the Nature of Value. Royal Institute of Philosophy Supplement, 36 (1994): pp. 13-30.

R. Routley. Is there a Need for a New, an Environmental Ethic?, Proceedings of the XVth World Congresso f Philosophy: 17th to 22nd September, Bulgaria: Sofia Press, 1973: pp. 205-210.

R. Routley; V. Routley. Human Chauvinism and Environmental Ethics. In Environmental Philosophy, eds. D.S. Mannison; M. McRobbie; R. Routley. Canberra: ANU Research School of Social Sciences, 1980: pp. 96-189.

R. Rozzi; A. Poole. Habitats-Habits-Inhabitants. A Biocultural Triad to Promote Sustainable Cultures. In O. Parodi et al., eds., Sustainable Develpment. Relationships to Culture, Knowledge and Ethics, Karlsruhe: KIT-Scientific Publishing, 2011: pp. 53-74.

B. Sousa Santos; Maria Paula Meneses. org. Epistemologias do Sul. Coimbra: Almedina, 2009.

D. Scherer. Anthropocentrism, Atomism, and Environmental Ethics, Environmental Ethics, 4, 1982: pp. 115-123.

P. Singer, Animal Liberation: a New Ethics for Our Treatment of Animals. New York: Random House, 1975.

G. R. Smulewicz-Zucker, ed., Strangers to nature. Animal lives and human ethics. Lanham: Maryland Lexington Books, 2012.

S. Toulmin. How Medicine Saved the Life of Ethics. In Perspectives on Biology and Medicine, 25, 1982: 736-750.

S. Vogel. Against Nature: The Concept of Nature in Critical Theory. New York: State University of New York Press, 1996.

S. Vogel. Thinking like a Mall. Environmental Philosophy after the End of Nature. New York: MIT Press, 2015.

L. White. The historical roots of our ecological crisis. Science, 155 (1967): pp. 1203¬ 1207.

Downloads

Publicado

2015-08-31

Edição

Seção

Artigos