Mau humor ou humor mau? Dois problemas na ética do humor
DOI:
https://doi.org/10.5007/1677-2954.2020v19n3p811Resumen
O “fenômeno humorístico” deve ser entendido enquanto o exercício do “olhar humorístico”. Este busca uma distância estética que permite a formulação de incongruências num determinado jogo social onde as normas sociais e linguísticas comuns são violadas com o objetivo de produzir o “gosto humorístico”. Ou seja, o “fenômeno humorístico” realiza-se num determinado jogo humorístico que, como tal, requer um terceiro, um interlocutor. A análise ética do presente artigo foca-se nos dois agentes do jogo humorístico através de dois casos: o mau humor, que pode ser manifestado pelo interlocutor; e o humor mau, que pode ser manifestado pelo locutor. Propõe-se que um problema ético ignorado na filosofia do humor diz respeito ao interlocutor moralista que, por não conseguir manter a distância estética necessária ao fenômeno humorístico, tenta categorizá-lo em termos éticos e julgar a atitude moral do locutor. Por outro lado, podemos encontrar um problema simétrico: o locutor que, por não entender as características necessárias ao jogo humorístico, não consegue criar o ambiente necessário para que este ocorra. Estes problemas devem ser entendidos, contudo, na sua complexidade e sem deixar de ter em conta os comummente ignorados aspetos positivos do humor.
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