A concepção interdisciplinar nos currículos de formação docente em Física de universidades federais brasileiras: a ideia da interdisciplinaridade como refratada nas políticas educacionais
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7941.2023.e87090Palavras-chave:
Currículo Interdisciplinar, REUNI, Formação Docente em Física, Licenciatura, Ensino SuperiorResumo
A presente pesquisa focaliza o processo de reestruturação dos cursos de licenciatura plena em Física de cinco universidades públicas brasileiras inseridas no Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), buscando elucidar aspectos relacionados à formação docente e, também, compreender como a noção de interdisciplinaridade presente nas diretrizes gerais do programa se modifica nos currículos ao longo dos anos. Os cinco cursos identificados foram selecionados por meio de um levantamento documental e, com isso, coletamos os projetos político-pedagógicos (PPP) disponibilizados nas plataformas digitais de cada instituição. A partir da análise desses documentos, estruturamos um estudo assentado na concepção de refração da política educacional – como definido por Rudd e Goodson (2016). Com a articulação das narrativas sistêmicas, identificamos cinco eixos temáticos relacionados à interdisciplinaridade: (1) a formação globalizante; (2) o trabalho pedagógico organizado em áreas de conhecimento e núcleos específicos; (3) o fortalecimento da comunicação entre os docentes, departamentos e comunidades científicas; (4) a integração dos pilares acadêmicos; e (5) o conservadorismo institucional. Como conclusões do estudo destacamos que houve um avanço significativo na ressignificação do conceito e formas de implementação de uma formação de cunho interdisciplinar, mas que precisam estar acompanhadas de mudanças paradigmáticas na prática docente onde as inovações curriculares tracem nos PPP intervenções pedagógicas igualmente inovadoras para assim avançar propostas potentes e emancipatórias.
Referências
ARAUJO, R. S.; VIANNA, D. M. A história da legislação dos cursos de Licenciatura em Física no Brasil: Do colonial presencial ao digital a distância. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 32, n. 4, p. 1-12, 2010. DOI: 10.1590/S1806-11172010000400010.
AZEVEDO, M. A. Os saberes de orientação dos professores formadores: desafios para ações tutoriais emancipatórias. 2009. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade de São Paulo, São Paulo.
AZEVEDO, M. A.; ANDRADE, M. F. O papel da interdisciplinaridade e a formação do professor: aspectos histórico-filosóficos. Educação Unisinos, v. 15, n. 3, p. 206-213, 2011.
BRASIL. Ministério da Educação. Reuni: Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Diretrizes Gerais). Brasília, DF, 2007. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/diretrizesreuni.pdf . Acesso em: 10 mar. 2020.
CALADO, H. C.; PETRUCCI-ROSA, M. I. Formação de professores de Física e interdisciplinaridade: episódios de refração de políticas em narrativas de reforma curricular. Ciência & Educação, v. 25, n. 2, p. 523-538, 2019.
CREESE, B.; GONZALEZ, A.; ISAACS, T. Comparing international curriculum systems: the international instructional systems study. Curriculum Journal, v. 27, n. 1, p. 5-23, 2016.
GOODSON, I. F. Aprendizagem, currículo e política de vida: obras selecionadas de Ivor F. Goodson. Tradução: Daniela Barbosa Henriques. Petrópolis, RJ: Vozes, 2020.
GOODSON, I. F. Currículo, narrativa pessoal e futuro social. Tradução: Henrique Carvalho Calado. Campinas: Editora da Unicamp, 2019.
GOODSON, I. F.; RUDD, T. Negotiating neoliberalism: developing alternative educational visions. Rotterdam: Sense Pub., 2017.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física, volume 4: óptica e física moderna. Tradução: Ronaldo Sérgio de Biasi. 10. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016.
HARRES, J. B. S.; WOLFFENBUTTEL, P. P.; DELORD, G. C. C. Um estudo exploratório internacional sobre o distanciamento entre a escola e a universidade no ensino de Ciências. Investigações em Ensino de Ciências, v. 18, n. 2, p. 365-383, 2013.
LIMA, E. E.; MACHADO, L. R. Reuni e Expansão Universitária na UFMG de 2008 a 2012. Educação & Realidade, v. 41, n. 2, p. 383-406, 2016.
LUZZI, D. A.; PHILIPPI JR., A. Interdisciplinaridade, pedagogia e didática da complexidade na formação superior. In: PHILIPPI JR., A.; NETO, A. (Ed.). Interdisciplinaridade em Ciência, Tecnologia & Inovação. Barueri, SP: Manole, 2011. cap. 4, p. 123-142.
MARCHELLI, P. S. O novo projeto universitário no Brasil e o foco no currículo interdisciplinar. Revista e-Curriculum, v. 3, n. 1, 2007.
MOZENA, E. R.; OSTERMANN, F. A interdisciplinaridade na legislação educacional, no discurso acadêmico e na prática escolar do Ensino Médio: panaceia ou falácia educacional? Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 33, n. 1, p. 92-110, 2016.
MOZENA, E. R.; OSTERMANN, F. Uma revisão bibliográfica sobre a interdisciplinaridade no ensino das Ciências da Natureza. Revista Ensaio, v. 16, n. 2, p. 185-206, 2014. DOI: 10.1590/1983-21172014160210.
PAULA, C. H.; ALMEIDA, F. M. O programa Reuni e o desempenho das IFES brasileiras. Ensaio, v. 28, n. 109, p. 1054-1075, 2020.
PEROVANO, D. G. Manual de metodologia da pesquisa científica. Curitiba: InterSaberes, 2016.
PETRUCCI-ROSA, M. I. Currículo de ensino médio e o conhecimento escolar: das políticas às histórias de vida. Curitiba: CRV, 2018.
RUDD, T.; GOODSON, I. F. Refraction as a Tool for Understanding Action and Educational Orthodoxy and Transgression. Revista Tempos e Espaços em Educação, v. 9, n. 18, p. 99-110, 2016.
TAVANO, P. T.; ALMEIDA, M. I. Currículo: um artefato sócio-histórico-cultural. Revista Espaço do Currículo, v. 11, n. 1, p. 29-44, 2018. DOI: 10.22478/ufpb.1983-1579.2018v1n11.34639
THIESEN, J. S. A interdisciplinaridade como um movimento articulador no processo ensino-aprendizagem. Revista Brasileira de Educação, v. 13, n. 39, p. 545-554, 2008. DOI: 10.1590/s1413-24782008000300010.
THIESEN, J. S. Currículo Interdisciplinar: contradições, limites e possibilidades. Perspectiva, v. 31, n. 2, p. 591-614, 2013. DOI: 10.5007/2175-795X.2013v31n1p591.
UFFS, Universidade Federal da Fronteira Sul. Projeto Pedagógico do Curso de Física – Licenciatura. Realeza, 2012.
UFFS, Universidade Federal da Fronteira Sul. Projeto Pedagógico do Curso de Física – Licenciatura. Realeza, 2019.
UFG, Universidade Federal de Goiás. Projeto Pedagógico do Curso de Licenciatura em Física. Catalão, 2013.
UFG, Universidade Federal de Goiás. Projeto Pedagógico do Curso de Física - Licenciatura. Catalão, 2018.
UFRJ, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Curso de Licenciatura em Física – Projeto Pedagógico. Rio de Janeiro, 2010.
UFRJ, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Curso de Licenciatura em Física – Projeto Pedagógico. Rio de Janeiro, 2019.
UFRN, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Projeto Pedagógico do Curso Superior de Licenciatura em Física na modalidade presencial. Natal, 2019.
UFRN, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Projeto Político Pedagógico do Curso de Física – Licenciatura e Bacharelado. Natal, 2005.
UNIR, Fundação Universidade Federal de Rondônia. Projeto Pedagógico de Curso do Curso de Licenciatura Plena em Física - Reformulação. Porto Velho, 2011.
UNIR, Fundação Universidade Federal de Rondônia. Reformulação do Projeto Pedagógico de Curso – PPC Curso de Licenciatura em Física. Porto Velho, 2017.
UNIR, Fundação Universidade Federal de Rondônia. Síntese do Projeto Pedagógico Curso: Licenciatura em Física. Porto Velho, 2007.
VEIGA, I. P. Inovações e projeto político-pedagógico: uma relação regulatória ou emancipatória? Caderno Cedes, v. 23, n. 61, p. 267-281, 2003.
VEIGA-NETO, A. Crise da modernidade e inovações curriculares: da disciplina para o controle. Revista de Ciências da Educação, n. 7, p. 141-149, 2008.
VEIGA-NETO, A. Princípios norteadores para um novo paradigma curricular: interdisciplinaridade, contextualização e flexibilidade em tempos de império. In: VEIGA, I. P.; NAVES, M. L. (Orgs.). Currículo e avaliação na educação superior. Araraquara: Junqueira&Marin, 2005. cap. 2, p. 25-52.
VEIGA-NETO, A. Tensões disciplinares e ensino médio. In: I Seminário Nacional: Currículo em Movimento, 11, 2015, Belo Horizonte. Anais eletrônicos [...] Belo Horizonte: Perspectivas Atuais, 2010. p. 1 - 17. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-pdf/7178-4-3-tensoes-disciplinares-ensinomedio-alfredo-veiga/file Acesso em: 17 ago. 2022.
VERASZTO, E. V. et al. Impactos do PIBID na formação de licenciandos: avaliação de bolsistas egressos dos cursos de Licenciatura em Física, Química e Ciências Biológicas. Crítica Educativa, v. 3, n. 2, p. 544-560, 2017.
DOI: http://dx.doi.org/10.22476/revcted.v3i2.135 Impactos.
XAVIER, A. R.; CARRASCO, L. B.; AZEVEDO, M. A. Pensar inovação curricular e pedagógica no contexto universitário: Relações entre PPP e desenvolvimento profissional docente. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 8, p. 61312-61322, 2020.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADE Certifico que participei da concepção do trabalho, em parte ou na íntegra, que não omiti quaisquer ligações ou acordos de financiamento entre os autores e companhias que possam ter interesse na publicação desse artigo. Certifico que o texto é original e que o trabalho, em parte ou na íntegra, ou qualquer outro trabalho com conteúdo substancialmente similar, de minha autoria, não foi enviado a outra revista e não o será enquanto sua publicação estiver sendo considerada pelo Caderno Brasileiro de Ensino de Física, quer seja no formato impresso ou no eletrônico.
Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianópolis, SC, Brasil - - - eISSN 2175-7941 - - - está licenciada sob Licença Creative Commons > > > > >