A História da Ciência luso-brasileira e suas contribuições para o Ensino de Química: Vicente Telles e a divulgação da nomenclatura química no século XVIII
DOI:
https://doi.org/10.5007/2175-7941.2023.e94755Palavras-chave:
História da Ciência Luso-Brasileira, Vicente Telles, Nomenclatura QuímicaResumo
As contribuições da História da Ciência para o Ensino de Ciências são bem documentadas na literatura. Essa pode promover o ensino dos conteúdos científicos através da contextualização histórica e, também, possibilita desenvolver melhores compreensões da Natureza da Ciência (NdC) mediante reflexões dos episódios históricos estudados. Nota-se que a literatura do campo apresenta uma diversidade de episódios históricos centrados em cientistas estrangeiros, dessa maneira, a História da Ciência Brasileira ou Nacional e suas contribuições ao Ensino de Ciências são pouco exploradas e discutidas. Em vista disso, argumenta-se que a integração de episódios Históricos da Ciência Nacional pode ocasionar benefícios para o ensino, como desconstruir a visão de que o Brasil não produz ciência de qualidade e estimular o pensamento crítico dos estudantes sobre a produção científica nacional. Ademais, há um número reduzido de pesquisas voltadas para a implementação desta temática no Ensino de Ciências, e por isso este trabalho se constitui como um estudo de caso histórico sobre o primeiro químico moderno do Brasil, Vicente Telles. A elaboração deste estudo de caso se baseia na leitura e análise de fontes primárias e secundárias, com o intuito de compreender a biografia de Vicente Telles, o contexto científico brasileiro e português de sua época e a construção e divulgação da obra Nomenclatura Química de Telles. Diante do exposto, a implementação deste estudo de caso na Educação Básica pode promover a valorização da ciência brasileira, a identificação dos estudantes com os cientistas nacionais, o resgate e a preservação da memória de Vicente Telles e a desmistificação da concepção de que a ciência de qualidade só pode ser desenvolvida internacionalmente.
Referências
ALFONSO-GOLDFARB, A. M. et al. A Fundação da Química Moderna. In: ALFONSO-GOLDFARB, A. M.; FERRAZ, M. H. M.; PORTO, P. A. Percursos de História da Química. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2016. p. 110-128.
CARDINOT, D. C. Relações Socioculturais e Práticas Científicas nos Processos de Institucionalização e Profissionalização da Ciência no Brasil Durante a Segunda Metade do Século XX. 2020. 118 f. Dissertação (Mestrado em Ciência, Tecnologia e Educação) - CEFET, Rio de Janeiro.
CARVALHO, R. S. Lavoisier e a sistematização da nomenclatura química. Scientiae Studia, São Paulo, v. 10, n. 2, p. 759-771, 2012.
COSTA, A. M. A. da Vicente Coelho de Seabra filósofo agricultor e patriota. Química, v. 39. n. 136, Coimbra, p. 41-50, 2015.
FERRAZ, M. H. M. O trabalho prático no laboratório de química na Universidade de Coimbra: séculos XVIII e XIX. In: ALFONSO-GOLDFARB, A. M.; BELTRAN, M. H. R. O laboratório, a oficina e o ateliê: a arte de fazer o artificial. São Paulo: Editora da PUC-SP, 2002. p. 11-256.
FILGUEIRAS, C. A. L. Vicente Telles, o primeiro químico brasileiro. Química Nova, Belo Horizonte, p. 263-270, 1985.
FILGUEIRAS, C. A. L. Havia alguma ciência no Brasil setecentista? Química Nova, v. 21, n. 3, p. 351-353, 1998. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/qn/a/XvxyhDHNwx3CzFCW6jhrCSG/?lang=pt. Acesso em: 31. maio 2023.
FILGUEIRAS, C. A. L. O século XVIII: Técnicas e ciência. In: FILGUEIRAS, C. A. L. Origens da química no Brasil. Campinas: Editora da Unicamp, 2015.
FILGUEIRAS, C. A. L. Vicente Coelho de Seabra Silva Telles, o primeiro químico moderno brasileiro. In: FILGUEIRAS, C. A. L. Origens da química no Brasil. Campinas: Editora da Unicamp, 2015.
FORATO, T. C. M.; PIETROCOLA, M.; MARTINS, R. A. Historiografia e natureza da ciência na sala de aula. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 28, n. 1, p. 27-59, 2011. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=3683153. Acesso em: 31 maio 2023.
FREITAS-REIS, I.; FARIA, F. L. Um olhar histórico acerca do processo de disciplinarização da Química no Brasil. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, X, 2015, Águas de Lindóia. Atas [...] p. 1-8, 2015.
GANDOLFI, H. E. A natureza da química em fontes históricas do Brasil colonial (1748-1855): contribuições da história da exploração mineral para o ensino de química. 2015. 219 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática) - Faculdade de Educação, Unicamp, Campinas.
GANDOLFI, H. E.; ARAGÃO, T. Z. B.; FIGUEIRÔA, S. F. M. Os Alambiques no Brasil Colônia: uma proposta de abordagem histórica e social no ensino de ciências. Química Nova na Escola, [s. l], v. 38, n. 3, p. 215-223, 2016. Disponível em:
http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc38_3/05-EA-91-14.pdf. Acesso em: 18 jul. 2023.
GANDOLFI, H. E.; FIGUEIRÔA, S. F. M. As nitreiras no Brasil dos séculos XVIII e XIX: uma abordagem histórica no ensino de ciências. Revista Brasileira de História da Ciência, Rio de Janeiro, v. 7, n. 2, p. 279-297, 2014.
GUIMARÃES, L. P.; CASTRO, D. L. Como a história da ciência está na sala de aula? Uma revisão das estratégias didáticas. Revista Cocar, Belém, v. 15, n. 32, p. 1-19, 2021.
JORNADA, J. I. P.; BARRETO, M. R. N. Circulação de Homens e Saberes entre Brasil e Portugal: a Química de Seabra Telles e Henriques de Paiva (séculos XVIII e XIX). In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, XXVII, 2013, Natal. p. 1-16.
LAVOISIER, A. L. Discurso Preliminar. In: LAVOISIER, A. L. Tratado Elementar de Química. Tomo Primeiro. Sob Recomendação da Academia de Ciências e da Sociedade Real de Medicina, 1789. p. 17-22.
LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Abordagens qualitativas de pesquisa: a pesquisa etnográfica e o estudo de caso. In: LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Pedagógica e Universitária, 2013. p. 5-112.
LUNA, F. J. Vicente Seabra Telles e a criação da nomenclatura em português para a química ‘nova’ de Lavoisier. Química Nova, v. 36, n. 6, p. 921-926, 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/qn/a/rFTXzBB5tx85GynTqpJSChK/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 31 maio 2023.
MARQUES, D. M. Dificuldades e possibilidades da utilização da história da ciência no ensino de química: um estudo de caso com professores em formação inicial. 2010. 130 f. Tese (Doutorado em Educação para a Ciência) - Unesp, Faculdade de Ciências, Bauru.
MARTINS, L. A. P. História da Ciência: objetos, métodos e problemas. Ciência & Educação, v. 11, n. 2, p. 305-317, 2005. Disponível em:
http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-73132005000200011&lng =pt&nrm=iso. Acesso em: 31 maio 2023.
MARTINS, R. A. A história das ciências e seus usos na educação. In: SILVA, C. C. (ed). Estudos de História e Filosofia das Ciências: subsídios para aplicação no ensino. São Paulo: Editora Livraria da Física, p. XXI-XXXIV, 2006.
MATTHEWS, M. R. História, Filosofia e Ensino de Ciências: a tendência atual de reaproximação. Caderno Catarinense de Ensino de Física, Florianópolis, v. 12, n. 3, p. 164-214, 1995.
MOCELLIN, R. C. Seabra Telles e a química do século das luzes. Redes, v. 25, n. 48, p. 257-283, 2019. Disponível em: https://ridaa.unq.edu.ar/handle/20.500.11807/3460. Acesso em: 31 maio 2023.
MOTOYAMA, S. Período Colonial: O cruzeiro do sul na terra do pau-brasil. In: MOTOYAMA, S.; NAGAMINI, M.; QUEIROZ, F. A.; VARGAS, M. Prelúdio para uma História: Ciência e Tecnologia no Brasil. São Paulo: Editora da USP, 2004. p. 60-117.
OLIVEIRA, C. M. B.; MARCOS, P. M. J. Os estudos de química na reforma pombalina da Universidade. Boletim da Sociedade Portuguesa de Química, Lisboa, Série II, n. 21, p. 64-68, 1985.
OLIVEIRA, F. F. et al. Ciência Nacional e Ensino de Física: Uma Análise de Publicações nos Últimos Dez Anos. In: ENCONTRO DE PESQUISA EM ENSINO DE FÍSICA, XVIII, Florianópolis, 2020. p. 1-8.
OLIVEIRA, L. H. M.; CARVALHO, R. S. Um olhar sobre a história da química no brasil. Revista Ponto de Vista, v. 3, p. 27-37, 2006. Disponível em:
https://locus.ufv.br//handle/123456789/21238. Acesso em: 31 maio 2023.
PATACA, E. M.; BANDEIRA, C. M. S. História da Ciência e educação ambiental na Expedição pelo riacho do Ipiranga. Ambiente & Sociedade, São Paulo, v. 23, p. 1-26, 2020.
PATACA, E. M.; OLIVEIRA, C. B. Escrita de micronarrativas biográficas de viajantes luso-brasileiros: aproximações entre história das ciências no Brasil e ensino. Educação e Pesquisa, v. 42, n. 1, p. 165-180, mar. 2016.
PRESTES, M. E. B.; CALDEIRA, A. M. A. Introdução. A importância da história da ciência na educação científica. Filosofia e História da Biologia, São Paulo, v. 4, p. 1-16, 2009.
REDINHA, J S. Bosquejo histórico da química na Universidade de Coimbra. Revista Portuguesa de Química, Coimbra, v. 29, n. 14, p. 140-151, 1987.
ROUXINOL, E.; PIETROCOLA, M. Contribuições da História da Ciência no Brasil para o Ensino de Física: Lattes e o Méson Pi. In: ENCONTRO DE PESQUISA EM ENSINO DE FÍSICA, IX, Jaboticatubas, 2004. p. 1-20.
ROZENTALSKI, E. F. Indo além da Natureza da Ciência: o filosofar sobre a Química por meio da ética química. 2018. 432 f. Tese (Doutorado em Ensino de Ciências) - Instituto de Física, Instituto de Química, Instituto de Biociências e Faculdade de Educação, USP, São Paulo.
SANTOS, E. dos; S., WINSTON G.; FORATO, T. C. M. A história da ciência nacional e seu potencial didático para a escola básica. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, IX, Águas de Lindóia. p. 1-8, 2013.
SCHMIEDECKE, W. G. A história da ciência nacional na formação e na prática de professores de Física. 2016. 247 f. Tese (Doutorado em Ensino de Ciências) - Instituto de Física, Instituto de Química, Instituto de Biociências e Faculdade de Educação, USP, São Paulo.
TELLES, V. C. de S. Elementos de Chimica. Coimbra, Real Officina da Universidade. Tomo I, 1788; Tomo II, 1790.
TELLES, V. C. de S. Nomenclatura Chimica Portugueza, Franceza e latina a que se junta o Systema de Chaeacteres Chimicos adaptados a esta Nomenclatura por Haffenfratz e Adet. Coimbra, Typ. Chalcographica, Typoplastica e Literaria do Arco do Cego, 1801.
VARELA, A. G.; LOPES, M. M. A viagem mineralógica pela capitania de são paulo realizada pelos naturalistas José Bonifácio de Andrada e Silva, e Martim Francisco Ribeiro de Andrada (1820). Revista Eletrônica Cadernos de História, [s. l], v. 7, n. 2, p. 176-207, 2012.
VARELA, A. G.; LOPES, M. M.; FONSECA, M. R. F. Naturalista e homem público: a trajetória do ilustrado José Bonifácio de Andrada e Silva em sua fase portuguesa (1780-1819). Anais do Museu Paulista, São Paulo, v. 13, n. 1, p. 207-234, 2005.
VIDAL, P. H. O. et al. O Lavoisier que não está presente nos livros didáticos. Química Nova na Escola, n. 26, p. 29-32, 2007. Disponível em:
http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc26/v26a08.pdf. Acesso em: 31 maio 2023.
WATANABE, G.; GURGEL, I. Redescobrindo a ciência nacional através de uma visita ao Laboratório de Pesquisa Pelletron. Ciência em Tela, Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, p. 19, 2011.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
DECLARAÇÃO DE RESPONSABILIDADE Certifico que participei da concepção do trabalho, em parte ou na íntegra, que não omiti quaisquer ligações ou acordos de financiamento entre os autores e companhias que possam ter interesse na publicação desse artigo. Certifico que o texto é original e que o trabalho, em parte ou na íntegra, ou qualquer outro trabalho com conteúdo substancialmente similar, de minha autoria, não foi enviado a outra revista e não o será enquanto sua publicação estiver sendo considerada pelo Caderno Brasileiro de Ensino de Física, quer seja no formato impresso ou no eletrônico.
Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianópolis, SC, Brasil - - - eISSN 2175-7941 - - - está licenciada sob Licença Creative Commons > > > > >