Metáforas e/ou representações: inquietações, pronomes e identidades

Autores

  • Iasmin E. Rodrigues Universidade de Brasília

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2024.e102611

Palavras-chave:

Metáforas, Linguística Cognitiva, Identidades, Representações, Sociologia Crítica

Resumo

Em termos de política, nas várias de suas possibilidades, um dos pontos de dissonância vigente é sobre a expressividade linguística de pessoas que não se identificam dentro do binarismo de gênero hegemônico: as identidades não-binárias. Há avanços significativos em como as pessoas não-binárias têm existido: provocando sua inserção no imaginário social, na concretude do tecido cultural e nas normais legais vigentes, apesar das resistências apresentadas nessas esferas quando contestam para além do contra-hegemônico do ser-trans “tradicional” que evocaria, em tese, uma forma binária de existir. O ser não-binário é polêmico na própria definição do ser, apresentando-se essencialmente na partícula negativa: não mostra o que é, mas apresenta o que não é –embora existam definições que operam não através da negação, como definições tipo “gênero-fluido”, “gender-queer”, “intergênero”. Muitas vezes, de forma racionalizada e estratégica, ou não, são utilizados os rastros da polêmica deixada pela discussão linguística, política, educacional, institucional, epistemológica ou quaisquer outras formas para discutir sobre a viabilidade de uma identidade formada de uma maneira não-tradicional e como se insere no organograma social – ou que discute a existência destas formas não-binarizadas de gênero na sociedade desde sempre, seja a sociedade consciente ou não dessas expressões. Este texto completo, em tom-quase-ensaístico, é exatamente uma maneira de usar a polêmica linguística que diversas publicações buscam somar e discutir, aumentando o rastro de polêmicas, pensando mais um pouco sobre o que é uma identidade não-binária e como linguagens podem expandir a sua existência ou reduzi-la de maneira quase mortífera na essência que tem.

Biografia do Autor

Iasmin E. Rodrigues, Universidade de Brasília

Graduação em Licenciatura Letras Português/Inglês pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Caruaru (2012), mestrado e doutorado em Linguística pela Universidade de Brasília (2016 e 2021). Tenho experiência na área de Linguística, com ênfase em Estudos Críticos do Discurso, atuando principalmente nos seguintes temas: análise de discurso crítica, gênero, linguística aplicada crítica, decolonialidade e pedagogia crítica.

Referências

“ACORDO DE MERCADO” envolveu obra do Mané Garrincha, em Brasília, diz delator | Distrito Federal. G1. 14 abr. 2017. Disponível em: https://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/acordo-de-mercado-envolveu-obra-do-mane-garrincha-em-brasilia-diz-delator.ghtml. Acesso em: 17 maio. 2024.

AKOTIRENE. Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Polém, 2019.

ARAÚJO, E. B. de. As metáforas zoomórficas na Revista Capricho. 2004. 124 f. Dissertação (Mestrado em Letras) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2004. Disponível em: http://repositorio.ufsm.br/handle/1/9878. Acesso em: 10 maio 2024.

ARCO elétrico – Alta tensão. [S. l, s. n.] 1 vídeo (12 seg.) Publicado no canal 2M Gestão & Treinamento. 2017. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=61-5rYqoLD8 . Acesso em: 3 mar. 2024.

AZEVEDO, F. F. DOS S. Dicionário analógico da língua portuguesa: ideias afins/ thesaurus. 2. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2010.

BAGAGLI, B. P. Os erros e distorções de Richard Miskolci: uma carta aberta. Medium. 18 out. 2021. Disponível em: https://biapagliarinibagagli.medium.com/os-erros-e-distorções-de-richard-miskolci-uma-carta-aberta-7b043ba9be54. Acesso em: 16 maio. 2024.

BAGNO, M. A norma oculta. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

BAGNO, M. Linguística da norma. São Paulo: Loyola, 2002.

BAGNO, M. Norma linguística. São Paulo: Loyola, 2001.

BARRETO, M. M. Avanços, equívocos e retrocessos nas lutas identitárias. Extra Classe, 15 out. 2021. Disponível em: https://www.extraclasse.org.br/geral/2021/10/avancos-equivocos-e-retrocessos-nas-lutas-. Acesso em: 16 maio. 2024.

BECHARA, E.; BOSI, A.; PORTELLA, E. Nota explicativa da comissão de lexicografia e lexicologia da ABL sobre os procedimentos metodológicos seguidos na elaboração da 5ª edição do VOLP em consonância com o que dispõe o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, 2008. Disponível em: https://www.academia.org.br/abl/media/Nota Explicativa 09 03 2008.pdf. Acesso em: 17 maio. 2024.

BUSTAMANTE, N. What is Gestalt Psychology: Theory & Principles. Simply Psicology 7 set. 2023. Disponível em: https://www.simplypsychology.org/what-is-gestalt-psychology.html#What-Does-Gestalt-Mean. Acesso em: 2 maio. 2024.

CAMUS, A. O Estrangeiro. Rio de Janeiro: BestBolso, 2011.

CARROLL, D. Albert Camus, the Algerian : colonialism, terrorism, justice. New York: Columbia University Press, 2007.

COLLINS, P. H.; BILGE, S. Interseccionalidade. São Paulo: Boitempo, 2020.

CÓRDOBA, D.; SÁEZ, J.; VIDARTE, P. Teoría Queer: Políticas Bolleras, Maricas, Trans, Mestizas. 2. ed. Madrid: Editora Egales, 2007.

COSTA, R. A. R. A.; GUERRA, M. das G. G. V. Pânico Moral e ofensiva conservadora: o ataque à linguagem disruptiva de gênero. Revista Educare (Online), [S. l.], v. 8, n. Edição de contínuo fluxo, 2023, p. 1 - 23. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/educare/article/view/67560.

DEABREU, M. A teoria da metáfora conceptual em ação. Revista Escrita, n. 13, 2011. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/18670/18670.PDF.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil platôs - capitalismo e esquizofrenia. vol. 1. 34. ed. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995.

DIAS, E. N. B.; REINALDO, G. F. Quebrando a costela epistemológica de Adão: uma revisão bibliográfica queer de estudos sobre as obras audiovisuais e a performance de Linn da Quebrada. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DESFAZENDO GÊNERO, IV. Anais [...]. Fortaleza, 2018.

DOWBOR, F. F. Quem educa marca o corpo do outro. São Paulo: Cortez, 2008.

DUARTE, C. L.; CÔRTES, C.; PEREIRA, M. DO R. A. Escrevivências: Identidade, gênero e violência na obra de Conceição Evaristo. Belo Horizonte: Idea Editora, 2016.

FAIRCLOUGH, N. Discurso e mudança social. 1. ed. Brasilia: Universidade de Brasília, 2001.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 39. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2009.

GOVERNO Federal terá de adequar formulários do CPF para incluir diversos gêneros. Extra. 30 jan. 2024. Disponível em: https://extra.globo.com/economia/noticia/2024/01/governo-federal-tera-de-adequar-formularios-do-cpf-para-incluir-diversos-generos.ghtml . Acesso em: 16 maio. 2024.

HOOKS, B. Ensinando a transgredir: a educação como prática de liberdade. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2013.

ISTHA, K. Gender Anarchy Manifesto. STRIKE! Magazine, 2015. Disponível em: https://web.archive.org/web/20200419023002/https://www.strike.coop/. Acesso em: 14 maio. 2024.

KÖVECSES, Z. Metaphor: a practical introduction. 2. ed. Nova York: Oxford University Press, 2010.

LAKOFF, G.; JOHNSON, M. Metáforas da vida cotidiana. Campinas-SP: Mercado de Letras, 2002.

LEBRETON, D. Sociologia do Corpo. 2. ed. Petrópolis-RJ: Vozes, 2007.

LOPES, G. P. Modelagem Estatística do Efeito Disruptivo para Isoladores de Média Tensão. 2016. 221 f. Tese (Doutorado em Engenharia Elétrica) – Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, 2016.

MELO, I. F. DE. Todes: O que pode a linguagem não-binária? Brasil de Fato, 27 maio. 2021.Disponível em: https://www.brasildefatope.com.br/2021/05/27/artigo-todes-o-que-pode-a-linguagem-nao-binaria. Acesso em: 16 maio. 2024.

MOURATO, S. Desafios na língua em debates sobre identidade de género. Ciberdúvidas da língua portuguesa, 12 jan. 2024 Disponível em: https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/artigos/rubricas/idioma/desafios-na-lingua-em-debates-sobre-identidade-de-genero/5397#. Acesso em: 14 maio. 2024.

NIETZSCHE, F. W. Assim falou Zaratustra: Um livro para todos e para ninguém. 6. ed. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 1989.

PRESOTTO, L. A metáfora: discussão e análise à luz da linguística cognitiva e da pragmática. In: COLÓQUIO DE LINGUÍSTICA, LITERATURA E ESCRITA CRIATIVA, IX. Anais [...] Porto Alegre, out. 2016.

QUEBRADA, L. da. Linn da Quebrada. 2018 Disponível em: https://www.linndaquebrada.com/release. Acesso em: 3 fev. 2025.

REDDIT. oque voces acham do xenogenero ? : r/transbr. 2024. Disponível em: https://www.reddit.com/r/transbr/comments/18zjo10/oque_voces_acham_do_xenogenero/. Acesso em: 6 maio. 2024.

REIS, T.; EGGERT, E. Ideologia de gênero: uma falácia construída sobre os planos de educação brasileiros. Educação & Sociedade, v. 38, n. 138, p. 9–26, 2017.

RODRIGUES, E. H. S. A Deus o que é de César: a Câmara Federal e o casamento igualitário, uma análise lingüística. 2016. 253 f., il. Dissertação (Mestrado em Linguística) — Universidade de Brasília, Brasília, 2016.

RODRIGUES, E. H. S. Uma recontextualização de discursos sobre dissidências de gênero e sexualidade: algumas possibilidades de se fazer transformação da/na escola. 2021. 219 f., il. Tese (Doutorado em Linguística) — Universidade de Brasília, Brasília, 2021.

RODRIGUES, E. H. S.; MELO, I. F. DE. Por uma pedagogia que liberte todas as cores: o projeto mulheres inspiradoras e seu potencial para o enfoque em dissidências de gênero e sexuais. Cadernos de Linguagem e Sociedade, v. 19, n. 3, p. 164–184. 2018. Disponível: https://periodicos.unb.br/index.php/les/article/view/17722. Acesso em: 17 maio. 2024.

SALIH, S. Judith Butler e a Teoria Queer. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012.

SALLORENZO, Letícia. Gramática e manipulação: análise cognitivo-funcional de manchetes de jornais durante o segundo turno das eleições presidenciais de 2014. 2018. 149 f., il. Dissertação (Mestrado em Linguística)—Universidade de Brasília, Brasília, 2018. Disponível em: http://repositorio.unb.br/handle/10482/34504. Acesso em: 17 maio. 2024.

SANTOS, R. Y. W. e a teoria dos protótipos sob a ótica da linguística sociocognitiva. Revista Linguasagem, v. 14, n. 1, p. 1-18, 2010.

SOUZA FILHO, R. E. DE. Caracterização e análise dos efeitos associados à falha de isolamento em cabos cobertos de redes de distribuição compactas frente a surtos atmosféricos. 2018. 115 f. Tese (doutorado) - Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2018. Disponível em: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-B8UENH. Acesso em: 17 maio. 2024.

STF. Lei municipal que proíbe ensino sobre questões de gênero é inconstitucional. 29 abr. 2020 Disponível em: http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=442331&ori=1. Acesso em: 20 jul. 2020.

TENUTA DE AZEVEDO, A. M.; LEPESQUEUR, M. Aspectos da afiliação epistemológica da Linguística Cognitiva à Psicologia da Gestalt: percepção e linguagem. Ciências & Cognição, v. 16, n. 2, p. 65–81, 2011.

VANDRESEN, D. S. O discurso na arqueologia e genealogia de Michel Foucault, 2010. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/FILOSOFIA/Artigos/Daniel_Salesio_Vandresen.pdf Acesso em: 2 fev. 2025.

VIAPIANA, T. Lei que proíbe banheiros unissex é inconstitucional, diz TJ-SP. Consultório Jurídico, 15 maio. 2023. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2023-mai-15/lei-proibe-banheiros-unissex-inconstitucional-tj-sp/. Acesso em: 16 maio. 2024.

WIKIDIVERSIDADES. Xenogênero | Wiki Diversidades | Fandom. 2024. Disponível em: https://diversidades.fandom.com/pt-br/wiki/Xenogênero. Acesso em: 6 maio. 2024.

WITTGENSTEIN, L. The Blue and Brown Books: Preliminary Studies for the Philosphical Investigation. 2. ed. New York: Harper Perennial, 1960.

YAMAGUTI, B. Justiça condena ex-presidentes da Terracap e Novacap por fraudes na construção do Estádio Mané Garrincha, no DF. G1, Distrito Federal, 7 nov. 2023.Disponível em: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2023/11/07/justica-condena-ex-presidentes-da-terracap-e-novacap-por-fraudes-na-construcao-do-estadio-mane-garrincha-no-df.ghtml. Acesso em: 17 maio. 2024.

Downloads

Publicado

2025-03-07

Edição

Seção

Dossiê | Inclusive: Estudos sobre a Linguagem Não-Binária