"Sobre piris e guetes": análise morfológica das construções cunhadas a partir de splinters de "periguete"

Autores

  • Wallace Bezerra de Carvalho Universidade Federal do Rio de Janeiro/Faculdade de Letras
  • Carlos Alexandre Gonçalves Universidade Federal do Rio de Janeiro/Faculdade de Letras

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2015v12n4p930

Resumo

Neste texto, abordamos as formações piri-X (piripobre, piricrente) e X-guete (vovoguete, coroguete), ambas oriundas da palavra derivada recém-criada na língua periguete (“mulher vulgar, trajada com roupas extravagantes”). A análise toma por base a noção de splinter recentemente formulada na literatura morfológica contemporânea (BAUER, 2004; BOOIJ, 2004; GONÇALVES, 2013) e examina tanto os aspectos formais quanto os aspectos semânticos que aproximam e afastam essas formas da classe dos radicais e dos afixos mais prototípicos. Com isso, abordamos a interface da composição com a derivação, mostrando estar diante de dois elementos morfológicos que atuam nas fronteiras entre esses dois principais processos de formação de palavras. Os dados que embasam a análise foram retirados da Internet, sobretudo de blogs, tweets e postagens no Facebook, em decorrência de serem espaços virtuais com interação mais natural e espontânea. Os dados de fala provêm de entrevistas realizadas com informantes (homens e mulheres) de diferentes faixas etárias e graus de escolaridade. Concluímos o estudo mostrando que as duas formas, piri- e -guete, possuem características tanto derivacionais quanto composicionais, encontrando-se em uma posição intermediária entre os dois processos. Assumimos, portanto, que as duas formas fornecem evidências empíricas sobre a existência de um continuum composição-derivação.

Biografia do Autor

Wallace Bezerra de Carvalho, Universidade Federal do Rio de Janeiro/Faculdade de Letras

Bolsista do CNPq. Mestrando em Letras pela UFRJ. 

Carlos Alexandre Gonçalves, Universidade Federal do Rio de Janeiro/Faculdade de Letras

Professor Associado IV da Faculdade de Letras da UFRJ, com pós-doutoramento, subvencionado pelo CNPq, em interface morfologia-fonologia (UNICAMP). Autor dos livros "Iniciação aos estudos morfológicos: flexão e Derivação em português" (Ed. Contexto, 2011), "Introdução à Morfologia Não-linear" (Ed. Publit, 2009) e "Otimalidade em foco: morfologia e fonologia do português" (Ed. Publit, 2009). Bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq desde 2000. Coordenador do NEMP (Núcleo de Estudos Morfossemânticos do Português). Cientista do Nosso Estado (FAPERJ).

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Publicado

2015-12-28

Edição

Seção

Artigo