A publicidade da Johnnie Walker e a construção de identidades masculinas na modernidade tardia

Autores

  • Ana Paula Flores Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2020v17n1p4519

Resumo

Neste trabalho, são analisados seis publieditoriais de uma campanha da empresa de whisky Johnnie Walker, veiculados em revistas da Editora Abril, durante o ano de 2009. O objetivo principal é explicar a relação entre as práticas publicitárias e jornalísticas e a construção de identidades masculinas na modernidade tardia. Utiliza-se o escopo teórico da Análise Crítica de Gênero (ACG) aliado à perspectiva bakhtiniana. A campanha analisada selecionou homens, supostamente bem-sucedidos, para associarem uma imagem considerada positiva à marca, reforçando a representação do consumidor usual da bebida e da classe social a qual ele pertence. A narrativa característica desses textos põe em cena uma representação de sucesso masculino centrado no perfil de herói e em várias características provenientes do discurso neoliberal: o centro no indivíduo e em seu sucesso pessoal, o culto ao mercado empresarial e a valorização das ações empreendedoras.

Biografia do Autor

Ana Paula Flores, Universidade Federal de Santa Catarina

Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Formada em 2009 no curso de Jornalismo pela mesma instituição.

Referências

ABRAMO, P. Padrões de manipulação na grande imprensa. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2003.

BHATIA, V. K. Worlds of written discourse: a genre-based view. London; New York: Continuum, 2004.

BONINI, A. Critical genre analysis and professional practice: the case of public contests to select professors for Brazilian public universities. Linguagem em (dis)curso, Tubarão, v. 10, n. 3, p. 485-510, 2010.

BONINI, A . Mídia, suporte e hipergênero: os gêneros textuais e suas relações. Rev. bras. linguist. apl. [online], vol.11, n.3, p. 679-704, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1984-63982011000300005&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 02 nov. 2012.

BONINI, A. Análise Crítica de Gêneros Jornalísticos. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISADORES EM JORNALISMO, 10, 2012, Curitiba. Anais... Pontifícia Universidade Católica do Paraná , 2012.

BRASIL. Lei nº 9.294, de 15 de julho de 1996. Dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4° do art. 220 da Constituição Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9294.htm. Acesso em: 10 mar. 2014.

CARDOSO, J. R. A imagem como recurso persuasivo da propaganda. In: ALMEIDA, D. B. L. de (org.). Perspectivas em análise visual: do fotojornalismo ao blog. João Pessoa: Editora da UFPB, 2008. p. 54-70.

CASTELLS, M. O poder da identidade. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2006. v. 2.

CONNELL, R. Masculinidades. México: Universidad Nacional Autónoma de México, 2003 [1995].

CHEONG, Y. Y. The construal of ideational meaning in print advertisements. In: O’HA LLORAN, K. L. (ed.). Multimodal discourse analysis: systemic functional perspectives. London/New York: Continuum, 2004. p. 164-195.

CHOULIARAKI, L.; FAIRCLOUGH, N. Discourse in late modernity: rethinking critical discourse analysis. Edinburgh University Press: 1999.

CONSELHO NACIONAL DE AUTORREGULAMENTAÇÃO PUBLICITÁRIA. Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária. (1980). Disponível em: http://www.conar.org.br/codigo/codigo.php. Acesso em: 22 mar. 2014.

FAIRCLOUGH, N. Language and Power. 2. ed. Pearson Education Limited: 1989 [2001].

FAIRCLOUGH, N. Discurso e mudança social. Izabel Magalhães, coordenadora da tradução, revisão técnica e prefácio. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1992 [2001].

FAIRCLOUGH, N. Critical discourse analysis: papers in the critical study of language. London: Routlegde, 1995.

FAIRCLOUGH, N. Technologisation of discourse. In: COULTHARD, C.; COULTHARD, M. (ed.). Texts and practices: readings in critical discourse analysis.. London & New York: Routledge, 1996. p. 71-78.

FAIRCLOUGH, N. Analysing discourse: Textual analysis for social research. London: Routlegde, 2003.

GIDDENS, A. As consequências da modernidade. Trad. Raul Fiker. São Paulo: Unesp, 1991.

GOMES, M. C. A. A questão do hibridismo na relação entre gêneros discursivos e mudança social. Revista de Estudos da Linguagem. v. 13, n.1, jan/jun.2005. p.155-170. Disponível em: http://www.relin.letras.ufmg.br/revista/upload/07-Maria-Carmen-Aires.pdf. Acesso em: 11 dez. 2013.

GOMES, M. C. A. Discutindo as identidades sociais no gênero discursivo híbrido reportagem-publicidade. In: EMEDIATO, Wander; MACHADO, Ida; MENEZES, Wiliam. (org.). Análise do discurso: gêneros, comunicação e sociedade. 1.ed. Belo Horizonte: NAD, UFMG, POSLIN, 2006, v. 1, p. 200-213. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/site/E-Livros/An%C3%A1lise%20do%20Discurso%20-%20G%C3%AAneros,%20Comunica%C3%A7%C3%A3o%20e%20Sociedade.pdf

GOMES, M. C. A. Gêneros da Mídia: configurando o gênero reportagem-publicidade. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GÊNEROS TEXTUAIS - SIGET, 4, 2007, Tubarão. Anais... Tubarão: Unisul, 2007. v. 1. p. 1344-1356. Disponível em: http://linguagem.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/cd/Port/80.pdf. Acesso em: 02 dez. 2012.

LAGE, N. Teoria e técnica do texto jornalístico. Rio de Janeiro, Elsevier, 2005.

LIMA, S. C. de. Hipergênero: agrupamento ordenado de gêneros na constituição de um macroenunciado. Tese (Doutorado em Linguística) - Programa de Pós-Graduação em Linguística, Instituto de Letras. Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas, Universidade de Brasília, Brasília, , 2013.

MARSHALL, L. O jornalismo na era da publicidade. São Paulo: Summus, 2003.

MARTINS FILHO, E. L. Manual de redação e estilo de O Estado de S. Paulo. São Paulo: O Estado de S. Paulo, 1997.

MEURER, J. L. Gêneros textuais na análise crítica de Fairclough. In: MEURER, J. L.; BONINI, A.; MOTA-ROTH, D. (org.). Gêneros: teorias, métodos, debates. São Paulo: Parábola Editorial, 2005. p. 81-106.

MOREIRA JÚNIOR, S. Regulação da publicidade de bebidas alcoólicas. Consultoria Legislativa do Senado Federal. Coordenação de estudos. Textos para discussão. Brasília, 2005. Disponível em: http://www12.senado.gov.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/textos-para-discussao/td-20-regulacao-da-publicidade-das-bebidas-alcoolicas. Acesso em: 01 abr. 2014.

MOTTA-ROTH, D. Questões de metodologia em análise de gêneros. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE ESTUDO DOS GÊNEROS TEXTUAIS, 2, , União da Vitória, PR: FAFI. 06 de agosto de 2004.

MOTTA-ROTH, D. Análise crítica de gêneros: contribuições para o ensino e a pesquisa de linguagem. DELTA, v. 24, n. 2, p. 341-383, 2008.

MOTTA-ROTH, D.; MARCUZZO, P. Ciência na mídia: análise crítica de gênero de notícias de popularização científica. Revista Brasileira de Linguística Aplicada (RBLA), Belo Horizonte, v. 10, n. 3, p. 511-538, 2010.

OUVERNEY, J. R. A mulher retratada em comerciais de cerveja: venda de mulheres ou de bebidas? In: ALMEIDA, D. B. L. de (org.). Perspectivas em análise visual: do fotojornalismo ao blog. João Pessoa: Editora da UFPB, 2008. p. 37-53.

RAMALHO, V. Análise crítica da publicidade: um estudo sobre anúncios de medicamento. Cadernos de linguagem e sociedade, Brasília, v. 10, n. 2, p. 152-182, 2009.

SODRÉ, M.; FERRARI, M. H. Técnicas de reportagem: notas sobre a narrativa jornalística. São Paulo: Summus, 1986.

SWALES, J. Genre Analysis: English in academic and research settings. United Kingdom: Cambridge University Press, 1990.

Van DIJK, T. A. Discurso e poder. São Paulo: Contexto, 2010.

Van LEEUWEN, T. The representation of social actors. In: COULTHARD, C.; COULTHARD, M. (ed.). Texts and practices: readings in critical discourse analysis. London & New York: Routledge, 1996. p. 32-70.

VILAS BOAS, S. Perfis: e como escrevê-los. São Paulo: Summus, 2003.

Downloads

Publicado

2020-04-29

Edição

Seção

Dossiê