O que há de mais profundo no homem é a pele:

uma estilística da (des)obediência no acontecimento George Floyd

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2021.e79065

Resumo

O artigo tem por objetivo promover um diálogo entre a estilística da (des)obediência de Frédéric Gros (2018) e a microfísica do poder de Michel Foucault (1979), compreendendo os modelos gerais de obediência e desobediência como manifestações em torno das quais se organizam poderes e resistências. A fim de demonstrar a produtividade dessa interseção, problematiza-se a emergência do acontecimento George Floyd e desenvolve-se uma análise discursiva de três enunciados produzidos em seu interior, no intuito de analisar as relações de poder que estão lá materializadas e mais particularmente os modelos de obediência e desobediência que nelas se inscrevem. Com isto, trabalha-se na desnaturalização das práticas de uma obediência cega e no fomento às práticas de resistência que se pautam no exercício crítico e ético dos sujeitos.

Biografia do Autor

Amanda Braga, Universidade Federal da Paraíba

Professora Adjunta II do Departamento de Língua Portuguesa e Linguística e do Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal da Paraíba – Campus I. Possui Doutorado em Letras pela Universidade Federal da Paraíba com período co-tutelar na Universidade Federal de São Carlos (com bolsa CAPES), Mestrado em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos (com bolsa FAPESP) e Graduação em Letras pela Universidade Federal da Paraíba. É coordenadora do Observatório do Discurso (UFPB) e do Grupo Interinstitucional de Estudos de Discursos e Resistências – GEDIR (UFPB/ UFU/ UFS/ USP/ UNICEP), além de integrante do Laboratório de Estudos do Discurso (UFSCar). Desenvolve pesquisas em Análise do Discurso francesa – mais particularmente aquela orientada pelos trabalhos de Michel Foucault e de Jean-Jacques Courtine –, em torno de temas que dizem respeito às lutas antiautoritárias dos grupos minoritários (em especial aqueles que sofrem um recorte de raça e de gênero). É autora de diversos artigos científicos e capítulos de livros, bem como do livro "História da beleza negra no Brasil: discursos, corpos e práticas" (EdUFSCar, 2015), além de organizadora do livro “Por uma microfísica das resistências: Michel Foucault e as lutas antiautoritárias na contemporaneidade” (Pontes, 2020).

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Publicado

2021-09-10

Edição

Seção

Dossiê | Obedecer e Insurgir