O dispositivo de menoridade e o governo das condutas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2021.e79069

Resumo

O presente artigo tem por objetivo demonstrar o caminho acadêmico percorrido para se chegar à constatação de que o dispositivo de menoridade está instaurado e em pleno funcionamento na sociedade de controle brasileira no presente. Este estudo se fundamenta no pensamento foucaultiano, tem por princípio metodológico a arqueogenealogia e lida com corpus proveniente de suportes digitais de informação, predominantemente do discurso jornalístico. Cunhado no universo das luzes, o termo menoridade diz respeito a uma negação da maioria dos sujeitos ao exercício do pensamento por meio do qual se opera a autonomia de si. Entretanto, o que se observa é que, no mesmo espaço onde se opera a menoridade política e moral, cabem também diferentes experiências de insurreição, por meio das quais o sujeito pode se modificar, fazer suas próprias escolhas e assumir a condução de sua própria conduta. 

Biografia do Autor

Kátia Menezes de Sousa, Universidade Federal de Goiás

Professora Associada da Universidade Federal de Goiás e pesquisadora da área do discurso.

Maria Marta Martins, Universidade Federal de Goiás

Doutora em Estudos Linguísticos no Programa de Pós-Graduação em Letras e Linguística da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás (UFG), onde concluiu seu Mestrado e Graduação.

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Publicado

2021-09-10

Edição

Seção

Dossiê | Obedecer e Insurgir