A criança em processo de alfabetização: quando a criança teoriza a vida vivida pela linguagem

Autores

  • Nelita Bortolotto Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
  • Fabiana Giovani Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2023.e86766

Palavras-chave:

Alfabetização, Criança, Escrita, Gênero do discurso, Círculo de Bakhtin

Resumo

Neste trabalho pontuamos implicações do mundo da vida (atos cotidianos) e da cultura (práticas sociais) pela perspectiva da criança na altura de experiências discursivas, ao abraçar instâncias formais de ensino. A abordagem dialógica da linguagem de que trata Bakhtin e seu Círculo são referências para as reflexões aqui movimentadas, abrindo vias à escuta da voz da criança, no que esta tem a dizer – e diz.   O paradigma indiciário de Ginzburg foi base à busca de possíveis vestígios à produção de sentidos. Analisa-se, particularmente, a vivência de Lucca quando desafiado à escrita de poema, conhecimento mobilizado na esfera escolar e fora dela. Ao ver-se diante de embate de vozes (sua professora, sua mãe-pesquisadora, autores de livros (escrita), narrativas orais), o alfabetizando se posiciona discursivamente diante do outro e pela memória da vida vivida no grande tempo, teoriza sobre o gênero em aprendizagem, seguindo e revertendo regras pelo critério da sua compreensão criadora da relação dialógica e pela fantasia, humaniza o ato de conviver.

Biografia do Autor

Nelita Bortolotto, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

É professora titular da Universidade Federal de Santa Catarina. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: ensino da língua portuguesa, linguagem, literatura e formação pedagógica. É líder no  Núcleo de Estudos e Pesquisa em Alfabetização e Ensino da Língua Portuguesa (NEPALP)

Fabiana Giovani, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Professora adjunta da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com atuação no Departamento de Língua e Literatura Vernáculas. Atua no PROFLetras e no Programa de Pós-Graduação em Linguística. É líder do Grupo de estudos bakhtinianos do pampa (GEBAP) e é pesquisadora do GRUPA – Grupo de Pesquisa de Alfabetização no Brasil (CNPq) e do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Alfabetização e Ensino da Língua Portuguesa (NEPALP).

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Publicado

2023-02-07