O idoso como objeto da prática discursiva asilar: a precarização de vidas vulneráveis

Autores

  • Pedro Navarro UEM
  • Hoster Older Sanches

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2022.e90177

Palavras-chave:

Idoso. Asilo. Prática discursiva. Objetivação. Vidas precárias.

Resumo

Neste artigo, analisamos o modo como o idoso é posicionado no discurso como objeto da prática que se manifesta no espaço institucional do asilo São Vicente de Paulo, em Jacarezinho, PR. Para tanto, partimos de uma discussão sobre prática discursiva (referencial, objeto e domínio associativo) e sobre precarização das vidas idosas asilares, relacionando-as ao modo como o corpo é inscrito em um mecanismo que administra a morte pelo governo que se exerce sobre a vulnerabilidade implicada nesse espaço. A série enunciativa foi extraída de documentos oficiais, prontuários médicos e entrevistas com responsáveis pela instituição e submetida a uma análise arqueogenealógica a respeito do governo e da objetivação em exercício nessa instituição. Partimos da consideração de que velhice vulnerável é um enunciado emblemático dessa prática e, como tal, permite identificar uma regularidade em torno da incapacidade, da invisibilidade e da precariedade dos corpos envelhecidos sobre os quais opera a regulação da vida e administração da morte.

Biografia do Autor

Pedro Navarro, UEM

Pedro Navarro leciona no curso de Graduação em Letras da Universidade Estadual de Maringá, desde 1996, e no programa de Pós-Graduação em Letras da UEM. Atua também no Programa de Pós-graduação Profissionalizante em Letras, dessa mesma instituição. Doutorou-se em Linguística e Língua Portuguesa pela UNESP de Araraquara, SP, em 2004. Entre os anos de 2010 e 2011 realizou estágio de pós-doutoramento no Instituto de Estudos da Linguagem, da Universidade Estadual de Campinas, SP. Desde 1992, vem realizando pesquisas voltadas à produção de discursos determinados por sentidos advindos de lugares institucionais constituídos pelo pedagógico, pelo religioso e pelo midiático. Adota como dispositivo teórico-metodológico as noções e os conceitos erigidos pela Análise do Discurso francesa, a partir de uma perspectiva que considera o diálogo entre esse campo, a Filosofia e a História, representados, respectivamente, por Michel Pêcheux, Michel Foucault e Michel de Certeau. Seus temas de pesquisa abarcam (1) a relação entre discurso, sentido e mídia, com a finalidade de analisar práticas discursivas de produção de identidade do feminino e do masculino em textos verbais e imagéticos que circulam na mídia brasileira contemporânea; (2) o estudo dos processos discursivos de subjetivação do idoso, do executivo e dos sujeitos da educação, em textos e imagens da mídia impressa, televisiva e online; (3) a relação entre discurso e ensino, com foco para as questões de escrita e de leitura em contexto escolar. Nessa frente de estudos, a questão da produção de sentidos e da autoria são centrais. É lider de GEF - Grupo de Estudos Foucaultianos da UEM.

Referências

ASILO SÃO VICENTE DE PAULA. Regimento interno. Jacarezinho, PR, 6 de junho de 2008.

BRASIL. Estatuto do idoso. Lei federal nº 10.741. Brasília, DF, 2003.

BUTLER, J. Vida precária: os poderes do luto e da violência. Trad. Lieber, Andreas. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.

FOUCAULT, M. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. Trad. Salma T. Muchail, 8. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 42. ed. Editora Vozes. Petrópolis, RJ, 2014.

FOUCAULT, M. A arqueologia do saber. Trad. Luiz Felipe Baeta Neves. Petrópolis: Vozes; Lisboa: Centro do Livro Brasileiro, 1972.

NAVARRO, P. Dispositivo e governo da velhice no discurso da web. Revista da Abralin, v. 14, n. 2, p. 193-214, 2015.

NAVARRO, P. Acontecimento discursivo e efeitos de poder sobre o sujeito idoso. In: BUTURI JÚNIOR, A; SEVERO, C. G. (org.). Foucault e as linguagens. Campinas: Pontes Editora, 2018. p. 267-296.

SANCHES, O. H. A governamentalidade no discurso sobre os idosos em condição de asilo. 2018. Tese (Doutorado em Letras) – Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2018.

Publicado

2022-11-23

Edição

Seção

Dossiê