As bio(políticas) da vida com hiv

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DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2022.e90908

Resumo

Uma vez que as políticas públicas têm papel fundamental na constituição dos sujeitos para quem são produzidas, este trabalho tem por objetivo problematizar as políticas públicas de saúde nacionais que se referem à mulher e suas relações com a aids e com o hiv, questionando-as enquanto práticas concretas de governo que produzem discursos de normatização dos comportamentos e da produção de modos de objetivação e subjetivação específicos. Para isso, recorre aos discursos documentados na Política Nacional de Aids e ao Plano de Feminização da Epidemia. Conclui-se, a partir das análises, que embora instaurados no âmbito ambíguo da biopolítica e da governamentalização, esses documentos podem ser lidos como lugares de aparecimento de outros arranjos políticos ligados aos movimentos sociais e suas lutas pelo direito a saúde e pelos direitos humanos.

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Publicado

2022-11-23

Edição

Seção

Dossiê