Propostas de alfabetização no governo Bolsonaro: inovação ou retrocesso?

Autores

  • Belisa Dias Regis Universidade do Estado de Santa Catarina image/svg+xml
  • Josa Coelho da Silva Irigoite Universidade do Estado de Santa Catarina image/svg+xml

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2023.e91017

Palavras-chave:

Alfabetização e Letramento, Governo Bolsonaro, Métodos de Alfabetização, PNA

Resumo

O presente artigo traz como tema as propostas de alfabetização do governo Bolsonaro presentes no atual Plano Nacional de Alfabetização (PNA) em diálogo com teorizações acadêmicas das últimas décadas e outros documentos parametrizadores da Educação. Buscou-se responder a seguinte questão: As atuais propostas de alfabetização do governo Bolsonaro representam inovações no âmbito educacional ou retrocessos a antigas e já ultrapassadas discussões? Para tanto, desenvolveu-se um estudo qualitativo de enfoque documental. O aporte teórico perpassa os estudos do letramento, além de contribuições de estudiosos da Educação acerca da alfabetização. Os resultados sinalizam para significativos retrocessos, como, por exemplo, a defesa de único método de alfabetização; a pouca consideração da dimensão intersubjetiva da leitura e do lado social da aprendizagem da escrita; e o apagamento das teorizações acadêmicas acerca do letramento.

Biografia do Autor

Belisa Dias Regis, Universidade do Estado de Santa Catarina

Formanda em Pedagogia pela Universidade do Estado de Santa Catarina em 2021. Trabalha com Educação desde 2017. Atuou na rede pública e privada de ensino com crianças e adolescentes de 0 a 15 anos. Atualmente, trabalha com jovens e aprendizagem, comunicação e gestão; além de atuar com cursos de oratória. Estuda Coaching e Gestão de Pessoas na Pós-Graduação.
Realizou voluntariado com crianças, jovens, dependentes químicos e idosos. Também realizou cursos de oratória e participou de concursos tanto voltados para tal e também à declamação.

Josa Coelho da Silva Irigoite, Universidade do Estado de Santa Catarina

Possui graduação em Comunicação Social / Jornalismo pela Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul - 2008) e em Letras Português pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC - 2009). Mestre (2011) e Doutora (2015) em Linguística (área de concentração: Linguística Aplicada; linha de pesquisa: Ensino e Aprendizagem de Língua Materna) pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atuou como formadora no curso de formação continuada de professores dos Anos Iniciais da rede de São José/SC, e como docente nos cursos de Pedagogia, modalidade a distância e presencial, na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC - Centros: CEAD e FAED) e de Língua e Literatura Vernáculas na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC - Centro CCE). Atualmente é professora do Instituto Conhecimento Liberta (ICL).

Referências

ADAMS, M. J. Beginning to read: thinking and learning about print. Cambridge: MIT Press, 1990.

ANNUNCIATO, P.; TRIGUEIROS, M. Quem é e o que pensa Carlos Nadalim, o novo secretário de Alfabetização do MEC? Nova Escola, São Paulo, 2019. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/16065/quem-e-e-o-que-pensa-carlos-nadalim-o-novo-secretario-de-alfabetizacao-do-mec#:~:text=Al%C3%A9m%20de%20entusiasta%20do%20m%C3%A9todo,de%20problemas%20quanto%20a%20isso. Acesso em: 22 jul. 2021.

ANTUNES, I. Aula de Português: encontro e interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

BAKHTIN, M. M. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, M. M. Estética da criação verbal. Tradução Paulo Bezerra. 5. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010a[1952/53]. p. 261-306.

BAKHTIN, M. M. Questões de literatura e estética: a teoria do romance. 6. ed. São Paulo: Hucitec, 2010b[1975].

BARTON, D. Literacy: an introduction to the ecology of written language. 2. ed. UK: Blackwell Publishing, 2007[1994].

BARTON, D.; HAMILTON, M. Local literacies: reading and writing in one community. Londres: Routledge, 1998.

BATISTA, A. A. G. Aula de Português: discurso e saberes escolares. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

BRASIL. Decreto nº 9.765, de 11 de abril de 2019. Institui a Política Nacional de Alfabetização. Brasília, DF: Presidência da República, 2019a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/Decreto/D9765.htm. Acesso em: 22 jul. 2021.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. PNA Política Nacional de Alfabetização. Brasília, DF: MEC, SEALF, 2019b.

BRASIL. Ministério da Educação. Base nacional comum curricular: educação é a base. 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 17 jun. 2021.

BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares da Educação Nacional – Língua Portuguesa. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília/DF, 1998.

BRITTO, L. P. L. A sombra do caos: ensino de língua x tradição gramatical. Campinas, SP: ALB: Mercado de Letras, 1997.

BRAYNER, A. R. A.; MEDEIROS, C. B. Incorporação do tempo em SGBD orientado a objetos. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE BANCO DE DADOS, 9., 1994, São Paulo. Anais [...]. São Paulo: USP, 1994. p. 16-29.

CERUTTI-RIZZATTI, M. E.; ALMEIDA, K. C. Identidade, subjetividade e alteridade nas relações entre universos global/local e letramentos dominantes/vernaculares. Scripta, Belo Horizonte, v. 17, n. 32, p. 45-68, 1º sem. 2013. Disponível em: https://periodicos.pucminas.br/index.php/scripta/article/view/P.2358-3428.2013v17n32p49/pdf. Acesso em: 22 jul. 2021.

CERUTTI-RIZZATTI, M. E.; PEREIRA, H. M. Por uma dimensão também conceitual da educação em linguagem: uma abordagem vigotskiana. Fórum Linguístico, Florianópolis, v. 13, n. 4, p. 1587-1598, out./dez. 2016. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/forum/article/view/1984-8412.2016v13n4p1587/33376. Acesso em: 22 jul. 2021.

COLAÇO, S. F. Práticas pedagógicas de letramento: uma visão ideológica. In: ANPED SUL – SEMINÁRIO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUL, 9., 2012, Caxias do Sul. Anais [...]. Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, 2012. p. 1-12.

DEHAENE, S. Os neurônios da leitura. Porto Alegre: Penso, 2012.

DREYER, L. Alfabetização: o olhar de Paulo Freire. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO – EDUCERE, 10.; SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS, SUBJETIVIDADE E EDUCAÇÃO – SIRSSE, 1., 7-10 nov. 2011, Curitiba. Anais [...]. Curitiba: Pontifícia Universidade Católica do Paraná, 2011. p. 3588-3061.

FLORIANÓPOLIS. Proposta Curricular da Rede Municipal de Educação de Florianópolis: Área de Linguagens. 2016.

FREIRE, P. Educação e mudança. 9. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

FREITAS, S. A. de. A prática de análise linguística: atividade de releitura e reescritura. Revista de Letras Norte@mentos, Mato Grosso, v. 9, n. 19, p. 67-80, jul.dez. 2016. Disponível em: https://periodicos.unemat.br/index.php/norteamentos/article/view/7031. Acesso em: 22 jul. 2021.

GERALDI, J. W. (org.). O texto na sala de aula. 4. ed. São Paulo: Ática. 2006[1984].

GERALDI, J. W. Portos de passagem. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003[1991].

GRANDO, K. B. O letramento a partir de uma perspectiva teórica: origem do termo, conceituação e relações com a escolarização. In: ANPED SUL – SEMINÁRIO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUL, 9., 2012, Caxias do Sul. Anais [...]. Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, 2012. p. 1-17.

HAMILTON, M.; BARTON, D.; IVANIC, R. (org.). Situated literacies. London: Routledge, 2000.

HEATH, S. B. What no bedtime story means: narrative skills at home and school. In: DURANTI, A. (org.). Linguistic Anthropology: a reader. Oxford: Blackwel, 2001[1982]. p. 318-342.

IRIGOITE, J. C. da S. Vivências escolares em aulas de Português que não acontecem: a (não) formação do aluno leitor e produtor de texto. 2011. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2011.

JUSTO, M. A. P. da S.; RUBIO, J. de A. S. Letramento: o uso da leitura e da escrita como prática social. Revista Eletrônica Saberes da Educação, São Roque, v. 4, n. 1, p. 1-17, 2013.

KLEIMAN, A. O processo de aculturação pela escrita: ensino da forma ou aprendizagem da função? In: KLEIMAN, A. B.; SIGNORINI, I. (orgs.). O ensino e a formação do professor: alfabetização de jovens e adultos. Porto Alegre: Artmed, 2000. p. 223-243.

KLEIMAN, A. Oficina de leitura: teoria e prática. 7. ed. Campinas: Unicamp/Pontes, 2001 [1989].

KLEIMAN, A. Modelos de letramento e as práticas de alfabetização na escola. In: KLEIMAN, A. (org.). Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre a prática da escrita. Campinas, SP: Mercado dos Letras, 2001[1995]. p. 15-64.

KLEIMAN, A. B. Letramento e suas implicações para o ensino de língua materna. Signo, Santa Cruz do Sul, v. 32, n. 53, p. 1-25, dez. 2007.

LAHIRE, B. Sucesso escolar nos meios populares: as razões do improvável. Tradução Ramon Américo Vasques e Sonia Goldfeder. São Paulo: Ática, 2008[1995].

MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, Â. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (orgs.). Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2002. p. 19-36.

MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento. 14. ed. São Paulo: Hucitec, 2014.

MORTATTI, M. R. L. História dos métodos de alfabetização no Brasil. In: Seminário Alfabetização e letramento em debate, Brasília, 27 abr. 2006.

OLIVEIRA, M. do S. Projetos: uma prática de letramento no cotidiano do professor de língua materna. In: OLIVEIRA, M. do S.; KLEIMAN, A. (orgs.). Letramentos múltiplos. Natal/RN: UDUFRN, 2008. p. 93-118.

RIBEIRO, V. M. (org.). Letramento no Brasil: reflexões a partir do INAF 2001. 2. ed. São Paulo: Global, 2004.

RODRIGUES, R. H.; CERUTTI-RIZZATTI, M. E. Linguística Aplicada: ensino de língua materna. Florianópolis: LLV/CCE/UFSC, 2011.

SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Educação, Ciência e Tecnologia. Proposta Curricular de Santa Catarina. Florianópolis: SED, 2014.

SILVA, E. A. R. da. Psicogênese da língua escrita: construção das crianças e trabalho pedagógico da professora de uma turma do 1º ano do Ensino Fundamental. 2016. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Pedagogia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2016.

SNOWLING, M. J.; HULME, C. (orgs.). A ciência da leitura. Porto Alegre: Penso Editora, 2013.

SOARES, M. B. Alfabetização: a questão dos métodos. São Paulo: Contexto, 2016.

SOARES, M. B. Letramento e Alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 25, p. 04-17, jan./abr. 2004.

STREET, B. Abordagens alternativas ao letramento e desenvolvimento. Teleconferência Brasil sobre o letramento, outubro de 2003.

STREET, B. Practices and Literacy Myths. In: SALJO, R. (ed.). The written world: studies in literate thought and action. Berlim/Nova Iorque: Springer-Verlag, 1988.

STREET, B. Literacy in theory. In: STREET, B. Literacy in theory and practice. Cambridge: CUP, 1984.

ZILBERMAN, R. (org.). Leitura em crise na escola: as alternativas do professor. 11. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993[1986].

Publicado

2024-03-06

Edição

Seção

Artigo