Mulheres-editoras-independentes e os gestos decoloniais no discurso e na edição

Autores

  • Letícia Santana Gomes CEFET-MG
  • Giani David Silva Federal Center for Technological Education of Minas Gerais image/svg+xml

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2023.e92948

Palavras-chave:

Análise do Discurso contra-hegemônica, Mulheres-editoras-independentes, Edição de si

Resumo

Neste artigo, adotamos uma perspectiva discursiva decolonial na análise de i) trechos das entrevistas semiestruturadas com três mulheres-editoras-independentes: Constanza Brunet (Argentina), Isabelle Pivert (França) e Ivana Jinkings (Brasil); ii) três catálogos editoriais da Marea Editorial (Argentina), Éditions du Sextant (França) e Boitempo Editorial (Brasil). A partir desses corpora, que não se enquadram em uma Análise do Discurso tradicional, propomos suscitar questionamentos para uma Análise do Discurso contra-hegemônica e descentralizada. Para isso, trazemos a nossa postura em adotar as narrativas de vida como metodologia decolonial, já que, atualmente, uma abordagem que relaciona Análise do Discurso, a Interseccionalidade e a Decolonialidade podem ser ricas ferramentas para contribuir às teorias do discurso, devido ao seu dinamismo teórico, se descentralizando de hegemonias conceituais. Propomos o conceito de “edição de si”, ancorados em uma perspectiva discursiva e editorial decolonial, que acompanha uma incompletude das mulheres-editoras-independentes e de suas casas editoriais.

Biografia do Autor

Giani David Silva, Federal Center for Technological Education of Minas Gerais

Doutora em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). É professora efetiva do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET - MG).

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Publicado

2023-10-20

Edição

Seção

Dossiê