Contextualização sociolinguística do “crioulo” guineense em Guiné-Bissau

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2024.e95286

Palavras-chave:

Língua guineense, Políticas linguísticas na Guiné-Bissau, Contexto sociolinguístico, PALOP, Crioulo guineense

Resumo

O presente trabalho tem por objetivo investigar o contexto sociolinguístico em que se insere a língua guineense em Guiné-Bissau, sob o ponto de vista de seus usuários. No referencial teórico, para tratar da gênese da língua guineense, consideramos Embaló (2008) e Rougé (1994). No que se refere às políticas linguísticas, apoiamo-nos em Couto (1996), Timbane e Manuel (2018), Calvet (2002), Silva (2013). Em relação à metodologia, recorremos à análise qualiquantitativa de questionários semiestruturados, submetidos à 25 informantes guineenses. Os inquéritos abarcaram fatores relacionados às línguas em uso na Guiné-Bissau, ao emprego da língua guineense no ambiente escolar e nas instituições e à avaliação sobre a importância dessa língua no país. Os resultados evidenciam relatos que convergem entre si quanto à uma política linguística opressora em relação ao uso do guineense no sistema educacional. Por outro lado, houve divergência de opiniões dos participantes sobre a oficialização e ensino da língua guineense no ambiente escolar.

Biografia do Autor

Mamadú Saliu Djaló, Universidade Federal de São Carlos/UFSCar

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal de São Carlos

Cássio Florêncio Rubio, Universidade Federal de São Carlos

Professor Associado II de linguística e língua portuguesa do Departamento de Psicologia da UFSCar

Referências

CÁ, I. N.; RUBIO, C. F. O perfil dos estudantes e a realidade do ensino de língua portuguesa em Guiné-Bissau. Trabalhos em linguística Aplicada. Campinas, v. 58, n. 1, jan./abr. 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tla/a/PygbnYmdMsqR8Mj66mhw5Lr/abstract/?lang=pt. Acesso em: 22 ago. 2022., p. 389-421.

CALVET, L. J. As Políticas Linguísticas. In: CALVET, L. J. Sociolinguística: uma introdução crítica. Tradução de Marcos Marcionilo. São Paulo: Parábola Editorial, 2002. p. 133-146.

COUTO, H. H. do. Introdução ao Estudo das Línguas Crioulas e Pidgins. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1996.

SILVA, E. R. A pesquisa em política linguística: histórico, desenvolvimento e pressupostos epistemológicos. Trabalhos em Linguística Aplicada. Campinas, n. 52, v. 2, p. 289-320, 2013. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tla/a/dT93Vp7MjTx9YgxPzqCrP4N/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 12 set. 2022.

DJALÓ, M. S.; CARVALHO, G. L. C. Léxico da língua futa-fula da Guiné-Bissau: uma proposta de vocabulário trilíngue. Njinga & Sepé, Revista Internacional de Culturas, Línguas Africanas e Brasileiras. São Francisco do Conde (BA), v. 1, número especial, p. 294-321, dez.2021. Disponível em: https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/article/view/859. Acesso em: 23 ago. 2023.

EMBALÓ, F. O crioulo da Guiné-Bissau: língua nacional e factor de identidade nacional, Papia, v. 18, p. 101-107, 2008. Disponível em: https://docplayer.com.br/53157558-O-crioulo-da-guine-bissau-lingua-nacional-e-factor-de-identidade-nacional.html. Acesso em: 23 ago. 2023.

KIHM, A. Kriyol Syntax: The Portuguese-based Creole Language of Guinea-Bissau. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 1994.

NARO, A. J. A Study on the origins of pidginization. Language, n. 2, p. 314-347, 1978.

ORTIZ PREUSS, E.; ÀLVARES, M. R. Bilinguismo e políticas linguísticas no Brasil: da ilusão monolíngue à realidade plurilíngue. Acta Scientiarum – Language and Culture, Maringá, v. 36, n. 4, p. 403-414, out./dez. 2014. Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciLangCult/article/view/23169. Acesso em: 23 ago. 2023.

PECK, Stephen Madry. Tense, aspect and mood in Guinea-Casamance Portuguese Créole. 1988. 476f. Tese (Doutorado em Linguística). Universidade da Califórnia, Los Angeles, 1988.

PETTER, M. As línguas no contexto social angolano. In: PETTER, M. Introdução à Linguística Africana. São Paulo: Contexto, 2015. p.193-219.

ROUGÉ, J. A propos de la formation des créoles du cap vert et de guinée. Papia. Atas do colóquio sobre crioulos de base portuguesa e espanhola, v. 3, n. 2, p. 137-149, 1994.

ROUGÉ, J. L. A formação do léxico dos crioulos portugueses da África. FIORIN, J. L.; PETTER, M. (org.). África no Brasil: a formação da língua portuguesa. São Paulo: Contexto, 2008, p. 63-73.

RUBIO, C. F.; CÁ, J. F. Avaliação do português e das demais línguas de Guiné-Bissau por estudantes guineenses do ensino secundário. Caderno de Letras, n. 33, p. 147-182, 2019. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/cadernodeletras/article/view/15053. Acesso em: 22 jan. 2020.

RUBIO, C. F. Multilinguismo nos PALOP: perfil sociolinguístico e avaliação linguística em Guiné-Bissau. Revista de Letras, v. 1, n. 40, jul. 2021. Disponível em: https://repositorio.ufc.br/handle/riufc/65528. Acesso em: 23 ago. 2023.

SCANTAMBURLO, Luigi. Dicionário Guineense: Volume I. FAPESBI: Lisboa, 1999.

TIMBANE, A. A.; MANUEL, C. O crioulo da Guiné-Bissau é uma língua de base portuguesa? Embate sobre os conceitos. Revista de Letras JUÇARA, Caxias. Maranhão, v. 2, n. 2, dez. 2018. Disponível em: https://ppg.revistas.uema.br/index.php/jucara/article/view/1758#:~:text=Os%20dados%20mostram%20que%20o,base%20gramatical%20procura%20se%20conservar. Acesso em: 23. ago. 2023.

UNESCO. Declaração Universal Dos Direitos Linguísticos. Linguagem, Revista eletrônica de popularização cientifica em ciências da linguagem. 1996. Disponível em: http://www.ufscar.br/linguasagem/edicao03/quemsomos.php. Acesso em: 16 mar. 2021.

Publicado

2025-03-07

Edição

Seção

Artigo