Cronotopo pandêmico e a produção de imagens corpóreas: reflexões inacabadas

Autores

  • Nívea Rohling Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR, Curitiba, Paraná

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2020.e78444

Resumo

Este artigo, embasado nos estudos bakhtinianos, propõe a emergência de um cronotopo pandêmico em decorrência da crise sanitária global, deflagrada pela proliferação do novo coronavírus, que causa a doença COVID-19. Esse cronotopo caracteriza-se como um espaço-tempo em que se produz um conjunto de discursividades relacionado a esse tema. Buscou-se, ainda, descrever imagens que emergem sobre o corpo e sua relação com o vírus. Para tanto, foram selecionadas algumas imagens fotográficas, publicizadas nas mídias digitais no período do isolamento social. Como síntese, destaca-se que, no interior desse cronotopo pandêmico, emergem microcronotopos que produzem imagens corpóreas, tais como: o hospitalar, o do isolamento social e o da morte. Há ainda uma certa tipologia dos corpos regulada por relações classe-gênero-raça, em uma perspectiva de interseccionalidade, que normatizam os modos de simbolização desse real (o vírus e a doença) pelos corpos.

Biografia do Autor

Nívea Rohling, Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR, Curitiba, Paraná

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Publicado

2020-12-30

Edição

Seção

Artigo