História e Historiografia das Línguas: Libras é uma Língua Pura?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5007/1984-8412.2024.e94675

Palavras-chave:

História, Historiografia, Cultura, Libras, Línguas

Resumo

Nesta produção buscamos compreender o processo histórico, aqui destacando a importância do contexto historiográfico em registros documentais, no sentido de delinearmos a constituição das Línguas de Sinais e da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Os aportes teóricos: L’Épée (1771), Pereira (1779), Desloges (1780), Condillac (1798), Rousseau (1978), Schaff (1991) e Auroux (2009); no âmbito brasileiro: Faraco (2005), Sofiato (2011), Campello (2011) e Cunha Júnior (2021). São referenciais que nos proporcionaram concepções teóricas necessárias para discernirmos: a história da linguística e a linguística histórica. A história da linguística consiste na recuperação de suas origens e seu desenvolvimento no tempo, enquanto a linguística histórica está para a identificação das mudanças que ocorrem nas línguas humanas na medida em que o tempo passa. Nessa direção apresentamos um questionamento para sabermos se, de fato, a Libras é uma língua pura e/ou se, em sua gênese, houve e/ou há incrustações linguísticas de outras culturas históricas. Para legitimar análise de pesquisa, a metodologia se pauta nos três registros documentais que são os dicionários: Iconographia dos Signaes dos Surdos-Mudos (1875), de Flausino José da Gama; Linguagem das Mãos (1990) de Eugênio Oates; e Dicionário da Língua de Sinais do Brasil: A Libras em suas Mãos (2019) de Fernando César Capovilla, Walkiria Duarte Raphael, Janice Gonçalves Temoteo, Antonielle Cantarelli Martins. O que podemos observar nessas documentações são as aproximações e diferenciações em comparação com o primeiro dicionário, ou seja, a temporalidade foi ganhando novos formatos e legitimidade no alfabeto, nos sinais e no contexto cultural. Entendemos que os referenciais teóricos, as fontes documentais e as diversas áreas de conhecimento, de modo transdisciplinar, servem de entrelaçamento na formação humana no modo como ganhou notoriedade nos espaços social, cultural-linguístico e educativo.  

Biografia do Autor

Elias Paulino da Cunha Júnior, Universidade Federal de São Paulo

Professor da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), trabalha no Departamento da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH/UNIFES). Doutorando em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem (LAEL), pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), na linha de pesquisa: Linguagem e Educação. Mestre em Educação, na linha de pesquisa, Políticas Educacionais. Lato-Sensu em História, Sociologia, Cultura e Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS); graduado em História, Pedagogia e cursando Letras-Literatura. É membro do Grupo de Trabalho de Libras (GT-Libras) da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística (ANPOLL).

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Publicado

2024-11-07